Governo avalia que escolas públicas do CE não devem retomar aulas presenciais todas ao mesmo tempo

Em entrevista ao SVM, a vice-governadora do Ceará Izolda Cela, afirma que, embora pertençam à mesma rede de ensino, a possível retomada das aulas nas escolas estaduais irá considerar a situação de cada unidade

O possível retorno às aulas presenciais nas escolas da rede pública estadual no Ceará continua sendo debatido e ainda não foi anunciada uma decisão ou data específica para a volta. Mas, análises feitas pelo Governo do Estado e a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) indicam que a retomada das atividades presenciais, além de seguir o escalonamento de níveis e a restrição na quantidade de alunos por turma, também não ocorrerá para todas as escolas públicas na mesma data.

O retorno irá considerar a condição de cada unidade escolar, e embora integrem a mesma rede de ensino, algumas podem voltar e outras não. Ou mesmo podem voltar ás aulas presenciais, mas em períodos distintos. A informação foi repassada ao SVM pela vice-governadora Izolda Cela em entrevista, na manhã desta quinta-feira (8). A rede pública estadual tem 728 escolas. 

Conforme a gestora, a orientação, que precede todas decisões é a "obediência à avaliação sanitária", portanto, na provável volta às aulas presenciais na rede pública as limitações das séries e quantidade de alunos nas salas segue o atual modelo experimentado pela rede particular. No entanto, na realidade da rede pública, explica ela, é preciso considerar as dificuldades de cada unidade.

"(na rede estadual) acho absolutamente imprudente se tomarmos a decisão de dizer, ‘o retorno é tal dia para todas as escolas de forma universal’. Nós temos claro que isso não é possível. Temos situações e elementos relacionados ao contexto de cada escola que precisam ser considerados", afirma. 

Conforme Izolda, essa necessidade de escalonamento tem sido analisada devido às condições de infraestrutura de cada escola, mas também em decorrência do perfil das equipes e dos servidores. Outra dimensão que faz com que o retorno não possa ser generalizado, explica, é a condição de acesso dos alunos às unidades. "Como os alunos chegam àquela unidade, que tipo de transporte eles precisam acessar. Precisamos saber, em casos de escolas que ficam em distritos em áreas rurais, esse transporte está existindo", pondera.

Seduc é favorável ao retorno presencial

De acordo com Izolda, o retorno está em discussão e não há uma data formal estabelecida para um parecer definitivo. Mas, ela ressalta que o posicionamento da Seduc atualmente é de concordância com a volta presencial, apesar da complexidade desta decisão. "Todos nós (gestores e trabalhadores da educação) temos um objetivo comum, o retorno com segurança.

Da parte da Seduc, nós não podemos dizer 'não vamos voltar este ano, vamos voltar no próximo'. Não podemos dizer isso. Se tomarmos essa atitude é perigoso que no começo do próximo ano nós estejamos ainda com interrogações, com coisa que dificultem a decisão. No trabalho da Seduc, eles estão empenhados em organizar as coisas para voltar logo que possível".

A vice-governadora também garante que hoje a avaliação é que a volta gradual, com retorno da rede privada primeiro e de modo progressivo, foi uma acerto, tendo em vista que se as redes particular e pública (federal, estadual e municipal) tivessem recomeçado de forma simultânea, isso poderia gerar "uma demanda rigorosa para a área da saúde".

Izolda enfatiza que a situação "não é nada simplória e tem sido difícil tomar decisões que envolvem gravidades". Mas também ressalta que o Governo tem ponderado o custo das interrupção das aulas presenciais, mesmo para aqueles estudantes que têm condições adequadas para acompanhar o ensino remoto.

No Estado,  as aulas presenciais foram autorizadas a ocorrer desde setembro em 44 municípios da Região de Saúde Fortaleza. Em outubro, houve ampliação desse retorno. A atividades ocorrem em determinados níveis e turmas, e com restrição da quantidade de alunos. 

Conforme mostrado pelo Diário do Nordeste, o retorno das aulas tem sido motivo de impasse entre o Governo e os profissionais da educação. A expectativa da gestão é que os alunos do 3º ano do ensino médio voltem primeiro. O Sindicato dos Professores e Servidores da Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc) aguarda o desfecho de uma ação civil pública movida pela entidade, na qual é solicitado que as aulas presenciais permaneçam suspensas até o fim de 2020.