Entregadores de aplicativos voltaram a bloquear umas das faixas da Avenida Desembargador Moreira, em Fortaleza, no início da tarde desta segunda-feira (1º). Dessa vez, os manifestantes contaram com o apoio dos motoristas de app. O grupo informou que o intuito da mobilização é chamar atenção das empresas e do governo para melhores condições de trabalho da categoria e para o preço dos combustíveis.
O motociclista Soares Brito alertou para a dependência da categoria com os aplicativos. "Hoje o motoboy que trabalha fixo, de carteira assinada, está perdendo a vez para os aplicativos. Para quem só tem essa profissão e o aplicativo o bloqueia, ele vai trabalhar de que? Se não tem mais vagas para motoqueiro fixo", desabafou. Soares ainda falou do tratamento inflexível e sem diálogo das plataformas ao barrar os entregadores.
O motorista de aplicativo, Heldino Sani, afirmou que a categoria resolveu se unir aos funcionários de delivery por ver uma identificação com as reivindicações em relação as baixas taxas de remuneração. “Com o preço do combustível aumentando, ao invés do valor da taxa mínima acompanhar o crescimento, na verdade, ela diminuiu. Ano passado era de R$ 5 e agora está R$ 4,50. A gente tá ganhando menos, pagando mais e a gente tem muita conta para pagar e não estamos mais aguentando”, concluiu o jovem.
Respostas
Em nota, o Rappi disse que oferece aos trabalhadores, desde 2019, seguros compulsórios contra acidentes pessoais, invalidez permanente e morte acidental. Sobre o valor pago, informou que varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido.
Afirmou ainda que, em dezembro de 2020, formalizaram “acordo com o Ministério Público do Trabalho para constarem expressamente os compromissos que já vínhamos realizando desde o início da pandemia, como a adoção de uma série de medidas para proteger os entregadores parceiros contra a Covid-19, e seguiremos fazendo em caso de prorrogação do estado de calamidade”, disse.
Sobre os bloqueios, afirmou que “sob nenhuma hipótese os entregadores parceiros são bloqueados por exercer o seu direito de manifestar-se''. Os bloqueios, disse a nota, são restritos ao não cumprimento dos Termos e Condições previamente informados no momento de cadastro, e há um canal - dentro do aplicativo do entregador - para que possam ser revistos
Informou também ainda “que criou um mapa para ajudar os entregadores parceiros a identificarem as regiões com maior número de pedidos de forma a orientá-los sobre os locais com melhores oportunidades”.
Já o iFood informou que a desativação de entregadores só ocorre quando há um descumprimento dos termos e condições de utilização da plataforma e é válida tanto para entregadores, como para consumidores e restaurantes.
A empresa ainda esclareceu que não adota nenhuma medida que possa prejudicar aqueles entregadores que rejeitam pedidos. "Ao rejeitar muitos pedidos, o sistema entende que o entregador não está disponível naquele momento e pausa o aplicativo, voltando a enviar pedidos, em média, 15 minutos depois".
Em relação à remuneração, o iFood disse que em novembro do ano passado, "o ganho por hora trabalhada foi de R$23,63. Ao considerar o tempo em que aguardam pedidos, momento em que também podem estar disponíveis em outras plataformas, o valor do ganho médio é de R$12,29. Vale ressaltar que os valores das rotas consideram fatores como a distância percorrida, a cidade, o dia da semana e o modal utilizado. A empresa opera com um valor mínimo de R$5, independentemente do percurso de entrega para todos os modais".
O empreendimento finalizou informando que, até agora, destinou R$87 milhões dentre todas as iniciativas de proteção e apoio desenvolvidas para entregadores na pandemia. Foram distribuídos 559.622 kits com máscaras e álcool em gel. Também foi disponibilizado "um plano de vantagens em saúde, com consultas e medicamentos com descontos".