Engasgo pode levar a criança a óbito ou ter seqüelas

Um bombom, comida em grãos, moedas, brinquedos com partes pequenas ou mesmo o leite de todo dia podem se tornar um risco para crianças. Dentro de casa, sob os olhos dos pais, da babá ou de irmãos mais velhos, os engasgos são mais comuns do que se pode imaginar.

Embora não haja estatística específica sobre esse tipo de ocorrência, não é raro os hospitais receberem crianças com o problema. Importante é, acontecendo o caso, um adulto fazer os primeiros procedimentos antes de levar a uma unidade de saúde. Isso porque, se o engasgo provocar dificuldade de respiração, asfixia e falta de oxigenação no cérebro, pode causar seqüelas ou mesmo a morte.

No Instituto Doutor José Frota (IJF), que recebe a maioria das ocorrências do tipo em Fortaleza, atendimentos motivados por acidentes com crianças são diários. De janeiro a julho deste ano, 16.598 crianças de zero a 14 anos foram atendidas pelos mais variados motivos: de acidentes de trânsito e envenenamentos a quedas de bicicletas e afogamentos. Aí também entram os engasgos.

Segundo pesquisas da Sociedade Brasileira de Pediatria, a aspiração de corpo estranho (ACE) ocorre principalmente em crianças do sexo masculino, o que reflete a natureza mais impulsiva dos meninos. Além disso, os acidentes predominam na faixa etária pediátrica entre um e três anos de idade, sendo que mais de 50% das aspirações são em crianças menores de quatro anos e mais de 94% antes dos sete. Um dos fatores é que na idade até três anos a criança não controla a mastigação e a deglutição de alimentos, pois ainda não tem dentes molares, que trituram alimentos sólidos.

Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria no Ceará, Regina Lúcia Portela Diniz, esse tipo de atendimento não é muito comum em consultórios, pois os pais levam logo as crianças para um hospital de emergência. A freqüência maior desse tipo de acidente, como informa Regina Lúcia Portela, é com alimentos, inclusive o aparentemente inofensivo leite.

"Muitas mães abrem mais o furinho na mamadeira, dão o leite com a criança deitada ou dormindo e, dessa forma, facilitam o acidente", alerta a médica. Certo é só alimentar o bebê se ele estiver "semi-sentado" ou sentado mesmo e jamais durante o sono.