Mesmo sendo uma das primeiras regiões do mundo a iniciar a vacinação contra a Covid-19, o Reino Unido entrou, nesta terça-feira (5), no terceiro lockdown - ou isolamento social mais rígido - para conter um súbito aumento de casos da doença e a transmissão da nova cepa da doença. Ao Sistema Verdes Mares, cearenses moradores do país contaram como enfrentarão o retorno ao período mais rígido e as expectativas sobre a vacinação.
Na Irlanda, o jornalista Alan Higgins se prepara para mais um período de reclusão em casa, ainda sem prazo definido para retorno das atividades não-essenciais. “É uma situação muito triste e complicada, até porque estamos no inverno com temperaturas baixíssimas e pouca luz solar e, pela terceira vez, nós não podemos fazer outra coisa que não seja ir à farmácia, ao supermercado ou fazer atividade física individual ao ar livre”, cita.
Segundo Alan, as pessoas têm se perguntado de quem é a responsabilidade pela instauração de um novo lockdown. “O governo presenteou a população com a reabertura das atividades em dezembro. Contudo, por outro lado, as pessoas não respeitaram as recomendações e se comportavam como se não houvesse vírus. Agora, eu percebo que estão seguindo mais firme esse lockdown por medo dos números altos e da nova variante do vírus que surgiu aqui ao lado, na Inglaterra”, diz Alan.
O jornalista espera ser vacinado em abril, de acordo com o cronograma de vacinação do governo. “Por ser jovem, eu estaria no final dos 14 grupos de vacinação, porém, por trabalhar em um local que passam muitas pessoas, fui colocado no meio desse cronograma”, comenta.
Há 17 anos em Londres, o chef de cozinha e proprietário de uma empresa de alimentação para eventos, Júnior Menezes, de 41 anos, precisou suspender as atividades ainda em março de 2020. Sem poder trabalhar desde o início da pandemia, o empresário passou a fazer um trabalho social em prol dos brasileiros e espânicos não regulamentados.
“O lockdown em si aumenta muito a demanda do trabalho social. As pessoas entram em desespero e querem garantir o alimento, já que eles não têm como receber ajuda do governo. Então, eu e outros fornecedores nos propomos a essa ação e não paramos um dia sequer”, diz Júnior, mencionando que o grupo também disponibiliza um profissional para apoio psicológico no período.
Com três filhos em idade escolar tendo aulas online desde o começo da pandemia, a filha mais velha, em estágio pré-universitário, tem sofrido com a ansiedade devido à instabilidade na aplicação dos exames. “Ela faria os exames para tentar a faculdade já na próxima semana. Ontem informaram que estava cancelado e hoje já falaram que pode ser que aconteça, e isso está afetando bastante ela, que é uma jovem de 17 anos”.
Guia de turismo em Londres, Thaís Lima, de 38 anos, aponta que um dos objetivos desse terceiro lockdown no país é para que a população se resguarde até que uma boa parcela dos mais vulneráveis ao vírus seja vacinada.
Com o aumento de casos, Thaís reforça que a pandemia não acabou e esse é um momento de cuidados ainda maiores. “As escolas estão fechadas, então eu sigo com minhas duas filhas em casa. Hoje em dia, acredita-se que 1 em 50 pessoas estão infectadas no Reino Unido. Não é o momento de baixar a guarda. Apesar da gente avançar com a vacina, ela está longe de acabar, infelizmente”, coloca.