Com pedidos que se acumulam há anos entre as comunidades, líderes comunitários e a população do Grande Bom Jardim, composto pelos bairros Bom Jardim, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira, iniciaram a campanha 'Saneamento Já' com o intuito de reunir relatos dos que vivenciam o problema na região e demandar uma resposta ativa do poder público na questão.
Fruto da iniciativa do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), em parceria com a Rede de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável do Grande Bom Jardim (Rede DLIS) e do Programa de Educação Tutorial em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (ArqPET UFC), a campanha envolve nomes já cientes das questões do bairro. Entre eles, Rogério Costa, que é integrante do CDVHS e articulador local.
Segundo ele, o movimento deseja expandir a discussão. “Esperamos que a campanha tenha uma repercussão junto à sociedade, que mobilize os moradores do Grande Bom Jardim, agregue colaboradores e apoiadores, e que consiga sensibilizar os gestores públicos”, pontua. Além disso, entre as metas também figuram as discussões sobre manejo de água, esgoto e resíduos sólidos, questões orçamentárias, além dos esclarecimentos aos direitos básicos como saúde, moradia digna, bem estar social e direito à cidade na região.
“O que leva a deixar 60% das moradias sem acesso à rede de esgoto? Agravando doenças evitáveis, sobrecarregando o sistema básico de saúde e comprometendo a qualidade ambiental e o direito à moradia digna”, questiona Rogério.
A ação, ele conta, se baseia em quatro princípios: o direito à água potável, o direito à rede de coleta e tratamento de esgoto, a gestão de resíduos sólidos, e a importância da rede de drenagem na eliminação dos alagamentos. Assim, os órgãos oficias também serão envolvidos. “Procuraremos também a CAGECE e o Governo do Espaço porque entendemos que uma conjugação de esforços é a melhor estratégia para enfrentar o problema”, diz.
Moradores
Raelly Pereira, moradora da comunidade Nova Canudos há aproximadamente dez anos, as necessidades da população são frequentes e ficam evidentes quando os sistemas utilizados para conter os dejetos de utilização da água não funcionam adequadamente. “Nossa maior dificuldade é que a água, de banho e de lavagem de roupa, por exemplo, e a sujeira vai toda para a rua. Poucas casas possuem fossas, mas quando elas enchem, a água acaba indo para céu aberto mesmo assim”, explica.
Assim, as doenças causadas por esse problema são realidade entre os moradores. "São frequentes os relatos de problemas de pele, problemas respiratórios, verminoses, arboviroses, leptospirose", exemplifica Rogério Costa.
Segundo Raelly, a motivação para acreditar na campanha é esperar por uma resposta efetiva. “Eu acredito que assim o poder público pode se voltar para a periferia. Nós somos uma Zona Especial de Interesse Social e não acho válido que não tenhamos algo básico, o que também acontece em tantas outras ocupações do Bom Jardim”, argumenta. Para ela, o conjunto de ações pensada é extremamente necessária.
Para isso, Rogério Costa lembra das ações que devem ser cruciais. "A campanha quer ser interativa e vai pensar formas de manifestações dos moradores quanto às situações vividas. A equipe técnica disponibilizará formulários, telefones, e-mails e contatos por redes sociais para que a população se manifeste", encerra.