O desejo de contribuir no combate à Covid-19 motivou o estudante da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Gefferson Fernandes Silva, 21 anos, a participar da construção de uma câmara de descontaminação de máscaras N95.
O projeto é realizado a partir de parceria entre os cursos de Engenharia de Energia e de Computação com a sociedade científica The Optical Society (OSA), dos Estados Unidos. Apesar de ser produzido aqui, o projeto segue o protocolo de construção previamente elaborado na universidade de Oxford, na Inglaterra.
Com a câmara, o professor orientador do projeto, Dr. Sabi Yari Moïse Bandiri, aponta ser possível descontaminar até 50 máscaras em menos de 5 minutos. O equipamento se faz eficiente principalmente para o cotidiano dos profissionais de saúde.
A produção iniciada em outubro de 2020 tem previsão de término para o fim deste mês. Nessa etapa final, irão realizar os testes de eficiência do produto.
O produto final se destina para fins não lucrativos. Vamos doar para o hospital filantrópico de Redenção para ajudar a combater a Covid-19.
Na perspectiva de Gefferson, aluno líder do projeto, foi um orgulho imenso ter sido aprovado durante o processo seletivo interno da Unilab para participar dessa iniciativa de nível internacional. “O impacto que a gente quer causar é que ele de fato fique na comunidade, em Redenção”, coloca.
Funcionamento da Câmara
O equipamento tem custo aproximado a 1,3 mil dólares, equivalente a quase 6,7 mil reais no valor do câmbio atual. Segundo o orientador Sabi Bandiri, o dinheiro é destinado em grande parte para a instalação de 16 lâmpadas UV-C, utilizadas para emitir radiação ultravioleta com comprimentos de onda entre 200 nm e 280 nm (UV-C).
Como a eficiência da radiação ultravioleta do tipo C já era comprovada como forma de eliminação de vírus, decidiram aplicar a teoria em um projeto efetivo no combate ao novo coronavírus. Para a descontaminação ser possível, o material precisa ser exposto diretamente a essa radiação.
Uma das modificações realizadas pelos estudantes de Redenção, a partir do projeto inicial, foi a construção de um suporte móvel, que realizará movimento de 180.
“A exposição à radiação pode ter algumas partes escondidas, por isso a nossa câmara vai adotar o suporte rotativo. Permite que a radiação penetre em todas as partes das máscaras, assim a descontaminação fica mais eficiente”, detalha Sabi.
Participantes do projeto
Na parceria realizada com a Unilab, intitulada oficialmente como Capítulo da Unilab, a pesquisa é orientada pelo Dr. Sabi Yari Moïse Bandiri e co-orientada pelo professor, Dr. Tales Paiva Nogueira.
Eu me sinto muito honrado de coordenar um projeto como esse. Diante de uma pandemia que nós estamos, a universidade pública vem demonstrando mais uma vez a sua eficácia e eu vejo que vale a pena investir na ciência, acreditar na ciência, confiar na capacidade de estudantes e docentes.
Além de Gefferson, também participam os graduandos em Engenharia de Energia: Almeida Francisco Malembe, Francisco Jandson Moura Luzia, Lizandra Régia Miranda da Silva, Maria Elenilsa Pessoa da Silva e Pedro Henrique Queiroz Silvestre. O projeto conta com um estudante de Engenharia da Computação, José Augusto Monteiro Sobrinho.
A equipe se divide em etapas para construção da câmera, como o de circuitos internos, elaboração da estrutura do armário e organização das lâmpadas.
Sociedade científica estadunidense
A iniciativa da OSA em financiar o projeto de construção da câmara concentra cinco parcerias no Brasil, incluindo a Unilab. Conforme o Dr. Sabi, a sociedade científica busca “alavancar a rede global de capítulos estudantis da OSA, especificamente aqueles em países de baixa renda, para ajudar suas comunidades locais”, detalha.
No caso específico das máscaras, o objetivo principal é utilizar a tecnologia óptica para ampliar a possibilidade de uso dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para os profissionais de saúde.