Desde o desabamento do Edifício Andrea, no bairro Dionísio Torres, no dia 15 de outubro, foram várias as manifestações de apoio às vítimas e aos familiares envolvidos na tragédia. A última delas aconteceu neste domingo (17), quando foram escritos, nos muros de onde o prédio ficava, os nomes das nove pessoas que perderam a vida. Além disso, foram feitas pinturas de flores, aves e de um bombeiro com asas.
A iniciativa foi do tatuador e grafiteiro Edinardo Lucas, 38, à frente do Coletivo Lápis de Lata, com a participação de dois amigos. “Andando no meu carro, resolvi passar pelo local e vi que a Prefeitura tinha feito um muro, só que tava cinza. Foi quando eu decidi fazer uma mensagem de conforto para os familiares porque no local ficou aquela tristeza…”, conta Edinardo. No sábado (16), a ação começou com a pintura do muro de azul e, no domingo (17), foram feitos os desenhos e a lista com o nome das vítimas.
Edinardo conta que, durante a ação, conversou com uma senhora que perdeu familiares no desabamento do Edifício. “No momento que ela foi com um dos meus amigos, onde o rapaz fez o nome das vítimas, ela começou a orar e chorar. Eu vi que realmente a minha ideia estava tendo efeito e mexeu com alguém. É isso o que vale”, destaca. O artista pontua que também foram representados os agentes que realizaram o trabalho de resgate por meio de um bombeiro com asas.
Letícia Peixoto, 28, mora na região e ao ver a homenagem nos muros diz ter uma sensação positiva. “Eu acho que a primeira impressão é a de comunidade, sabe? Eu acho que todo mundo se solidarizou, cada um fez a sua parte”. Além da pintura, ela lembra da rede de solidariedade que se formou com voluntários.
Agora o sentimento é um pouco ainda de tristeza, mas também de esperança de que isso vai passar. Esperança no ser humano, de que ainda tem gente que se importa e que ajuda uns aos outros
Na mente da pedagoga Adriana Barbosa, 53, está a apreensão do momento do desabamento. Vizinha do Edifício Andrea, ela correu para tentar ajudar de alguma forma as pessoas que estavam na rua. “Esse local sempre vai ficar marcado por uma tragédia. Aqui deveria ser uma praça ou um memorial. Algo que lembrasse e servisse até de marco para que os órgãos trabalhem direito e não deixe que isso aconteça mais com a população”, analisa.
Agora também há beleza no local, como analisa Maria Sula Gonzaga, 76, que cedeu sua casa como abrigo no processo de resgate das vítimas. “Aqui foi ponto de apoio para o pessoal todo. Era banheiro, era água, vinham almoçar bombeiros e a polícia. Até as 3 horas da manhã a porta estava aberta num entra e sai”, lembra. A pensionista espera que o restante do muro seja preenchido com a homenagem.
Edirnardo teve de arcar com os custos da homenagem, mas já foi procurado para receber ajuda de modo a concluir o trabalho. “Ontem (domingo), durante a pintura, uma moradora (da vizinhança) chegou a nós e perguntou ‘vocês vão pintar aquela parte lá?’”. Ela disse que a ação trouxe uma espécie de conforto para os moradores e se propôs a contribuir com a compra de tintas.