16,5% da população cearense apresentaram sintomas gripais no mês de maio, aponta IBGE

Para a realização da PNAD Covid-19, foram entrevistados 10.200 domicílios cearenses

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 16,5% da população cearense apresentaram algum sintoma de síndromes gripais no mês de maio, ou seja, 1,5 milhão de pessoas. O Estado é o quarto com maior percentual em todo o Brasil.

Para o levantamento, que foi realizado pela primeira vez, foram entrevistados todos os moradores de 10.200 domicílios cearenses. Cada um teve de responder se apresentou na semana anterior febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de cheiro ou de sabor, e dor muscular.

No entanto, a pesquisa não depende de um diagnóstico médico, ou seja, os sintomas podem ter sido somente identificados pelo próprio entrevistado.  

“A PNAD Covid-19 é importante no sentido de tentar retratar, durante esse momento de pandemia, as pessoas sintomáticas, embora não seja revelar com precisão quem foi infectada pelo novo coronavírus”, aponta Helder Rocha, supervisor da Disseminação das Pesquisas da Unidade Estadual no IBGE no Ceará. 

Além disso, o estudo também analisou casos de sintomas conjugados, tendo em vista a pandemia da Covid-19. As características utilizadas para a análise foram: perda de cheiro ou de sabor; ou tosse e febre e dificuldade para respirar; ou tosse e febre e dor no peito. 

Essa síntese mostra que 4,7% da população cearense, o que representa 434 mil pessoas, apresentaram sintomas conjugados. 

Até esta quinta-feira (25), 103.118 casos da Covid-19 já foram registrados no Ceará e 5.895 óbitos em decorrência da doença. De acordo com o boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), mais de 77 mil pessoas se recuperaram da doença.

Ranking

O levantamento mostra também que, além do Ceará, esses índices foram mais altos no Amapá (26,6% e 12,4%), Pará (21,3% e 10,1%), Amazonas (18,9% e 8,8%) e Maranhão (15,1% e 5,6%). Enquanto as regiões mais ao sul do País registraram os menores percentuais.  

A tendência, segundo o infectologista Keny Colares pode ser explicada pela sazonalidade das doenças respiratórias. “No primeiro semestre do ano, as regiões Nordeste e Norte apresentam mais casos de resfriados e gripes, por exemplo. Essas doenças começam a se manifestar mais nas demais regiões após o mês de junho”, explica o infectologista Keny Colares.  

“O grande número de casos da Covid-19 no Ceará pode ser explicado justamente por isso, já que ela chegou aqui quando estávamos com um ambiente propício para a disseminação de doenças respiratórias”, diz.  

Apesar de ser um importante indicador, a pesquisa não pode ser comparada aos dados divulgados pelas Secretarias de Saúde estaduais e pelo Ministério da Saúde, de acordo com Helder. “Não necessariamente o IBGE buscava saber se a pessoa estava com a Covid-19, não fizemos diagnósticos ou testes para isso”, explica Helder.

Outros índices

O estudo mostra também cerca de 14,8% (ou 224 mil) das pessoas que apresentaram algum dos sintomas pesquisados procurou atendimento em unidade de saúde no Ceará. Enquanto isso, o valor aumenta para 26,3% entre aqueles que apresentaram algum dos sintomas conjugados (ou 114 mil pessoas). 

Além disso, aproximadamente 1,6 milhão de pessoas entrevistadas possuía plano de saúde, o que representa 18,5% da população. E, em 8,6% dos domicílios com pessoas idosas, foi registrado pelo menos um morador com sintomas referentes à Covid-19.