O Fortaleza atravessa uma renovação profunda no elenco e nas camadas internas do clube. Um dos passos na abertura de novos ciclos foi a escolha de Alex Santiago como diretor de futebol. E como o próprio dirigente revelou: “um torcedor de arquibancada”.
Para muitos, o nome é desconhecido. Para a atual gestão, um protagonista na parte administrativa. Com qualificação na área desportiva e experiência em diversos setores, com ênfase no trabalho na assessoria da presidência, o mandatário chega com a proposta de maior profissionalização do setor.
A bagagem internacional também permite uma busca por estreitar os laços com o exterior, seja uma expansão da marca, melhor análise de mercado e até parcerias com times estrangeiros. Natural de Russas/CE e com 32 anos, concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste.
Confira as metas, o perfil de contratação e a experiência acumulada pelo dirigente ao longo da trajetória do Fortaleza, iniciada oficialmente em 2011. (veja aqui o perfil de Alex Santiago).
O trabalho teve início na manhã desta quinta-feira (11), através de reunião virtual com representantes dos diversos setores do Fortaleza. Durante o período da tarde, o dirigente participa de encontro com membros do departamento de futebol para diagnóstico prévio das atividades.
Confira entrevista com Alex Santiago
DN: Alex, qual a sua relação com o Fortaleza? Quais suas atribuições anteriores no clube?
“Sou sócio-torcedor do Fortaleza desde 2011, sócio-proprietário desde 2013, conselheiro desde 2014 e essa trajetória é de um torcedor de arquibancada. Sou natural de Russas, me apaixonei pelo Fortaleza através do meu avô e meu pai, antes não tinha nenhuma conexão com o clube. Depois fui fazer esse fluxo interno e passei a atuar em diversos conselhos, na mudança de estatuto do clube, em comissões do conselho deliberativo, então dei minha contribuição. No fim de 2018, o presidente Marcelo Paz me convidou para ser assessor da presidência e a partir daí passei a desenvolver uma série de pautas importantes para o funcionamento do clube, com diálogo em diversos setores. Em paralelo com essas funções, intensificou meus estudos em gestão desportiva, me preparei muito para esse momento. Eu brinco muito que sou um diretor de arquibancada, de modo fanático, e o toecedor pode ter certeza que tem alguém representando bem a torcida no clube”.
Atividades desempenhadas por Alex Santiago em funções diferentes no Fortaleza
- Membro da Comissão Jurídica do Conselho Deliberativo
- Membro da Comissão que redigiu as Normas de Compliance do clube
- Desenvolvimento do programa Leão no Interior para ampliação do sócio-torcedor
- Desenvolvimento de fluxos internos na área administrativa
- Desenvolvimento de ações de Match Day ao torcedor
- Desenvolvimento das atividades de eSports do Fortaleza
- Auxílio na negociação de atletas do mercado internacional do Fortaleza
- Auxílio na integração das categorias de base e participação em eventos internacionais
- Coordenação de demandas ligadas à presidência do clube
DN: Com o anúncio da sua chegada ao posto de diretor de futebol, parte da torcida o relacionou ao papel de gestor de eSports do Fortaleza. Qual sua relação com esse papel?
“O Marcelo Paz, dentro das atribuições que me passou, me disse que precisava desenvolver o setor de eSports, que precisava começar. E todas as demandas, eu levo com absoluta seriedade, então a gente estruturou várias equipes e, em espaço de oito meses, conseguimos quatro títulos nacionais, ou seja, algo inexistente virou referência, principiante no FIFA e League of Legends. O clube foi campeão no Free Fire, CS e outros. Achei engraçado a forma como a qualificação foi gerada na torcida, mas era só uma das demandas e conseguimos realizar com muito êxito em pouco tempo”.
DN: Com experiência em diferentes funções administrativas, qual a atribuição do seu cargo no Fortaleza? O que você vai fazer?
“Acho fundamental que o torcedor entenda a diferença entre o diretor de futebol, o gerente e o executivo. O diretor, pela ordem do estatuto do Fortaleza, necessariamente precisa ser ocupado por um conselheiro ou membro da estrutura do clube, existe essa necessidade. Isso coloca um desafio muito grande para a pessoa que vai assumir, que pode buscar conhecimento, como eu fiz, ou aprender no dia a dia através dos profissionais do clube. O papel, pelo estatuto, é de um torcedor que esteja na estrutura do clube. E tem diferença nas atuações. Para fazer o trabalho específico de mercado, temos o Sérgio Papellin, que tem esse trabalho principal. Para a gestão do grupo do Fortaleza, analisando as complexidade, nós temos o Júlio Manso, que está na superintendência do futebol. Assim, as decisões de organização ficam comigo e o Júlio, mas sempre somos convocados para falar de mercado, mas o meu setor é organizacional, o Papellin é mais voltado para contratação, e todos somos um conjunto, com o Marcelo Paz na frente, que é protagonista no processo. Nas minhas atribuições, vou participar da coordenação das gerências técnica, de performance, médica, de análise de desempenho, de mercado, com CIFEC, e e temos outros planos para desenvolver. O momento é de diagnóstico do setor, ouvir as demandas e planejar a execução”.
DN: O elenco do Fortaleza atravessa uma reformulação em 2021. Como percebe esse processo? Deve ocorrer uma renovação em mais setores?
“A gente teve uma transição da temporada passada em que houve o encerramento de ciclo de jogadores importantes e o clube passa por um momento de buscar peças para deixar mais a vontade o modelo tático do Enderson Moreira, que não teve chance de fazer contratações. Estão buscando essas peças para dar condições para ele executar o modelo de jogo. Já vejo um elenco mais rejuvenescido, com perfil de força física, resistência e polivalência. Os jogadores não tiveram férias, então há fatores novos que precisamos implementar, mas a faixa etária caiu no perfil dos atletas e o elenco não está fechado agora, as oportunidades de mercado estão aí, há bons nomes que não estão no radar e podem surgir. Mas essa análise é democrática, conjunta, e o torcedor pode ter certeza que esse trabalho não terminou para termos um elenco mais jovem”.
DN: Como o clube está atento ao mercado, tem alguma prioridade de contratação?
“O Fortaleza está no mercado em busca de um zagueiro e situações do sistema ofensivo. Mais um extremo, que tenha possibilidade de ajudar na marcação, e mais um atacante de referência”.
DN: O Fortaleza contratou muitos jogadores no início da temporada, aumentou o elenco. Podemos trabalhar com a ideia de mais saídas também?
“O mercado é muito dinâmico, às vezes aparece uma operação que envolve um atleta nosso e todo dia é novo, a gente sabe como começa e não sabe como termina. Acho que precisamos estar abertos para ouvir e isso precisa ser sempre com a comissão técnica, mas é algo que a gente vai ficar no aguardo das situações do mercado. Os jogadores são ativos do Fortaleza, que tem mecanismos de proteção também. Faz parte das questões contratuais um eventual pagamento de multa rescisória, teremos sempre essa garantia financeira”.