Os dez jogadores mortos em um incêndio no centro de treinamento do Flamengo foram homenageados por torcedores e por Flamengo e Fluminense antes de partida entre os dois clubes nesta quinta (14), pela semifinal da Taça Guanabara, o primeiro turno do campeonato estadual.
Um dos sobreviventes do desastre, o cearense Cauan Emanuel, que chegou a ser hospitalizado, estava presente para assistir à partida.
As homenagens começaram antes da partida, com faixas e bandeiras lembrando das vítimas. Os telões do estádio exibiram um vídeo com imagens dos jovens e os torcedores cantaram uma música composta para homenagear os jogadores, baseada na melodia de "Azul da cor do mar", de Tim Maia.
Batizada de "Dez estrelas a brilhar", a versão diz que os jovens jamais serão esquecidos. "O Flamengo vai jogar sempre por vocês", diz um dos versos.
O Fluminense entrou em campo com uma camisa branca com o nome dos dez jovens mortos. Antes do minuto de silêncio, balões brancos foram soltos por crianças que acompanhavam os jogadores.
Aos dez minutos do primeiro tempo, nova homenagem: a torcida do Flamengo, em maioria no estádio, estourou os balões brancos que foram distribuídos antes do jogo e acendeu as lanternas dos celulares, formando um belo mosaico.
A partida seria realizada no último sábado (9), mas foi adiada pela Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) após a tragédia.
Na noite de quarta (13), as vítimas foram homenageadas pelo Vasco da Gama, que bordou na camisa que o time usou no jogo com o Resende -na outra semifinal da Taça Guanabara, também adiada- uma bandeira do Flamengo ao lado da sua sobre os dizeres "Em frente, juntos".
Nesta quinta, o Fluminense, decidiu fazer a cobertura do jogo em suas redes sociais usando apenas preto e branco. "É uma homenagem e uma forma de demonstrar solidariedade e respeito aos jovens e às famílias".
Durante o intervalo, o Flamengo exibiu no telão um agradecimento a todos os clubes do Brasil e do mundo que prestaram solidariedade após a tragédia.
Antes do segundo tempo foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem ao jornalista Ricardo Boechat e à atriz e cantora Bibi Ferreira, mortos nesta semana.
Desastre
O incêndio ocorreu na manhã da última sexta (8) no alojamento para os jogadores das categorias de base do clube, instalação provisória que nunca havia sido vistoriada pelo Corpo de Bombeiros.
Pablo Henrique da Silva, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, Bernardo Pisetta, Vítor Isaías, Gedson Souza, Athila Paixão, Christian Esmério, Rykelmo de Souza, Samuel Thoimas Rosa e Jorge Eduardo morreram queimados. Todos tinham entre 14 e 16 anos.
Outros três jogadores, Cauan Emanuel, Francisco Dyogo e Jonatha Cruz Ventura ficaram feridos -este último em estado grave, com queimaduras de segundo e terceiro graus em cerca de 30% do corpo. Outros 13 jogadores que dormiam no local conseguiram escapar sem ferimentos.
Esta semana, o centro de treinamentos foi vistoriado por autoridades. O centro de treinamento não tem alvará da prefeitura nem certificado de autorização do Corpo de Bombeiros.
Até o momento, a diretoria do Flamengo ainda não deu entrevista sobre o acidente, limitando-se a pronunciamentos e notas para a imprensa.