11 de novembro de 1973. Naquele domingo, iniciava-se não simplesmente uma história de vida, do Estádio Governador Plácido Castelo, mas sim uma verdadeira história de amor, entre o Gigante da Boa Vista e o futebol cearense.
Neste sábado, 11 de novembro de 2023, esta união celebra seus 50 anos. Trata-se não apenas de um aniversário, mas das Bodas de Ouro de um casamento marcante, único e inconfundível, entre o futebol cearense e a sua casa, o seu habitat natural: o Castelão.
Em 50 anos, são incontáveis memórias, inumeráveis gritos de gol e momentos eternizados na memória do povo e da própria cultura cearense. 50 anos em 5: o Diário do Nordeste celebra os 50 anos do principal palco do futebol cearense em cinco atos.
ATO 1: O JOGO
O Estádio Governador Plácido Castelo, popular e carinhosamente conhecido como Castelão, é, antes de qualquer outra coisa, um estádio de futebol. Foi e continua sendo palco de grandes partidas do principal esporte do Brasil.
O Castelão é a casa dos dois maiores times do futebol cearense, Ceará e Fortaleza, que mandam suas partidas no estádio. A partida inaugural, ocorrida justamente no dia 11 de novembro de 1973, não poderia ser outra: Ceará x Fortaleza, o Clássico-Rei.
Os dois rivais duelaram pelo Campeonato Brasileiro de 1973, diante de cerca de 70 mil torcedores. Apesar da grande festa, as redes não foram balançadas naquele domingo e o primeiro Clássico-Rei da história do Castelão terminou empatado em 0 a 0.
O primeiro gol da história do Castelão aconteceu apenas uma semana depois da inauguração. No dia 18 de novembro de 1973, o Ceará venceu o Vitória por 1 a 0, pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano.
O responsável por entrar para a história como o autor do primeiro gol da história do Estádio Governador Plácido Castelo foi o atacante Erandir Montenegro. O gol foi marcado aos 22 minutos do segundo tempo do duelo de nordestinos.
A bola veio do zagueiro Odélio, que passou pro Jorge Costa, depois pro Zé Eduardo, que lançou pra mim. Eu só aproveitei e marquei.
O gol marcado por Erandir seria apenas o primeiro de tantos outros que seriam marcados no Gigante da Boa Vista. Entre tantos goleadores, um especial se destaca: Geraldino Saravá, que ganhou destaque principalmente com a camisa do Fortaleza.
Saravá é até hoje o maior artilheiro da história do Castelão. Ao longo de sua carreira, o atacante balançou as redes do Gigante da Boa Vista em 98 oportunidades, com as camisas de Fortaleza, Ceará, Ferroviário, Tiradentes, Guarany de Sobral e Icasa.
É uma emoção muito grande, muito lindo. E naquele tempo, nós não sabíamos a moral que a gente tinha, a gente só queria era jogar. A sensação era muito boa e a gente chorava de alegria.
Muito além de gols, o Castelão foi, desde sua fundação, palco de grandes jogos de futebol. Disputas de títulos estaduais, finais da Copa do Nordeste, jogos de competições internacionais, como Sul-Americana e Libertadores, entre outros.
Até mesmo o “rei” Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, atuou no “castelo”. O ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira disputou duas partidas no Castelão, ambas em 1974: Fortaleza 1 x 5 Santos e Guarani 0 x 2 Santos.
ATO 2: O SHOW
Em seus 50 anos de existência, o Castelão foi palco não apenas de “shows de bola”, mas também de grandes eventos musicais. Principal estádio do Ceará, o local foi escolhido por inúmeros artistas para acolher suas apresentações.
No dia 10 de dezembro de 1996, a “rainha dos baixinhos” Xuxa fez um dos maiores shows da história do Castelão. Apresentando a turnê Sexto Sentido, ela reuniu cerca de 45 mil pessoas no estádio.
Muitos anos depois, com o Castelão já reformado para as disputas da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, foi a vez de receber artistas de renome internacional, atraindo também milhares de fãs.
No dia 9 de maio de 2013, foi a vez do britânico Paul McCartney, ex-integrante da banda de sucesso internacional Beatles, se apresentar no Castelão. Com um show da turnê Out There! Tour, Paul McCartney reuniu quase 50 mil pessoas no estádio.
Poucos meses depois, no dia 8 de setembro de 2013, foi a vez da cantora norte-americana Beyoncé cantar para seus fãs no Castelão. A artista pop apresentou um show da turnê The Mrs. Carter Show World Tour para quase 30 mil pessoas presentes no Castelão.
Outros shows se destacam entre os realizados no Gigante da Boa Vista, como Menudo, em 1985, para 70 mil pessoas, Mamonas Assassinas, em 1995, Elton John, em 2014, Roberto Carlos, em 2015, e Ivete Sangalo e Iron Maiden, em 2016.
ATO 3: A FÉ
Engana-se quem pensa que a relação entre fé e Castelão está restrita apenas às preces e orações dos torcedores e jogadores durante os momentos de tensão em partidas decisivas disputadas no Gigante da Boa Vista.
O Estádio Governador Plácido Castelo, enquanto espaço importante não apenas para jogos e shows, acolheu também, ao longo de seus 50 anos, grandes eventos religiosos, de diferentes correntes teológicas.
No dia 9 de julho de 1980 o então Papa João Paulo II visitou Fortaleza (CE) e reuniu-se com fiéis da Igreja Católica no Castelão. Na ocasião, aconteceu o 10º Congresso Eucarístico Nacional. Foram mais de 122 mil pessoas presentes no estádio.
De acordo com reportagem do ge, no Castelão, João Paulo II foi recepcionado pelo artista nordestino Luiz Gonzaga.
Mais de 34 anos depois, outro evento religioso tomou conta do Castelão. No dia 6 de setembro de 2014, Assembleias de Deus comemoram o aniversário de 100 anos da presença da denominação evangélica no estado do Ceará.
O momento celebrado no Castelão foi marcado por pregações e apresentações musicais e artísticas, tendo reunido, ao todo, mais de 60 mil pessoas.
ATO 4: A ARENA
Após 50 anos de inauguração, o Estádio Governador Plácido Castelo certamente não é exatamente o mesmo. Ao longo de sua história, o Castelão passou por duas grandes reformas: uma em 2002 e a principal delas em 2012.
Com a escolha do Brasil como sede da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, Fortaleza foi escolhida como uma das cidades-sede das duas competições. O palco para as partidas não poderia ser outro: o Castelão.
Para adequação ao conhecido “padrão Fifa”, o estádio precisou passar por profundas mudanças em sua estrutura, para que pudesse receber jogos das duas competições mundiais. Parte das arquibancadas precisou ser demolida.
O estádio foi fechado no dia 31 de março de 2011, para início das reformas, e só voltou a receber jogos no dia 27 de janeiro de 2013, quase dois anos depois. Reformado, o estádio passou a ser chamado de Arena Castelão e a ter capacidade de 63.903 lugares.
No dia 19 de junho, as competições da Fifa começaram oficialmente no Gigante da Boa Vista. Naquele dia, a Seleção Brasileira venceu o México por 2 a 0, diante de um público de 57.804 torcedores, pela Copa das Confederações.
Outros dois jogos da competição aconteceram na Arena Castelão. A Espanha, então campeã do mundo, goleou a Nigéria por 3 a 0, no dia 23 de junho e eliminou a Itália nos pênaltis nas semifinais, no dia 27 de junho, diante de 56.083 torcedores.
No ano seguinte, foi a vez do Castelão receber a principal competição do futebol mundial: a Copa do Mundo. Ao todo, foram seis jogos da Copa do Mundo de 2014 disputados no Gigante da Boa Vista, sendo dois deles da Seleção Brasileira.
JOGOS DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO CASTELÃO
- Uruguai 1 - 3 Costa Rica | fase de grupos
- Brasil 0 - 0 México | fase de grupos
- Alemanha 2 - 2 Gana | fase de grupos
- Grécia 2 - 1 Costa do Marfim | fase de grupos
- Holanda 2 - 1 México | oitavas de final
- Brasil 2 - 1 Colômbia | quartas de final
ATO 5: A TORCIDA
Como destacado desde o início, os 50 anos do Castelão tratam-se não apenas de um aniversário, mas das Bodas de Ouro da união entre o Gigante da Boa Vista com sua companhia inseparável: o público, a torcida.
Sejam torcedores, fãs de artistas, fiéis ou turistas, o Castelão é das multidões, o Castelão é dos cearenses. O especial de 50 anos do estádio termina com uma menção especial aqueles que não apenas vão ao Castelão, mas que vivem o Castelão.
Ao longo de seus 50 anos, foram inúmeros os jogos de futebol que contaram com lotação nas arquibancadas do Castelão. O maior deles aconteceu em 1980, em um amistoso entre Brasil e Uruguai, que reuniu mais de 118 mil torcedores.
MAIORES PÚBLICOS DA HISTÓRIA DO CASTELÃO
- 118.496 – Brasil 1 x 0 Uruguai (Castelão-CE, 27/08/1980), Amistoso
- 89.000 – Ceará 0 x 0 Grêmio (Castelão-CE, 07/08/1994), Copa do Brasil
- 75.000 – Brasil 5 x 1 Rússia (Castelão-CE, 18/11/1998), Amistoso
- 74.114 – Flamengo 1 x 3 Botafogo (Castelão-CE, 24/09/1995), Série A
- 72.426 – Brasil 4 x 1 Peru (Castelão-CE, 10/05/1989), Amistoso
- 70.000 – Ceará 0 x 0 Fortaleza (Castelão-CE, 11/11/1973), Série A
(Dados do jornalista Cassio Zirpoli)
*Sob a supervisão do editor João Bandeira Neto.