O Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação do influencer Júlio Cocielo devido às publicações de teor racista publicadas por ele entre 2011 e 2018, no X, antigo Twitter
O órgão anunciou, nesta quarta-feira (3), que o processo encontra-se em sua fase final na primeira instância. Segundo o órgão, foram identificadas ao menos nove vezes em que Cocielo teria incorrido na prática de preconceito racial por meio de suas redes. O processo teve seu sigilo suspenso em dezembro de 2022.
"Ainda que o réu seja humorista, não é possível vislumbrar tom cômico, crítica social ou ironia nas mensagens por ele publicadas. Pelo contrário, as mensagens são claras e diretas quanto ao desprezo do réu pela população negra”, afirmou o procurador da República João Paulo Lordelo no documento apresentado pelo MPF na 1° Vara de Justiça Federal de Osasco (SP), em novembro deste ano.
"O réu, sem qualquer sutileza, reforça estereótipos da população negra - miseráveis, bandidos e macacos - não havendo abertura, em seu discurso, que permita entrever alguma forma de sátira (...) Não é humor; é escárnio", diz a nota do MPF.
Relembre o caso
De acordo com a promotora Cristiana Stiner, o youtuber e influenciador digital incitou a discriminação e o preconceito de cor por meio de comentários publicados no perfil dele no Twitter. Os comentários foram feitos entre 2 de novembro de 2011 e 30 de junho de 2018 - vale lembrar que o crime de racismo é imprescritível.
Em um deles, Cocielo escreveu: "O Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros".
Durante a Copa do Mundo de 2018, também repercutiu negativamente quando ele disser que o jogador Mbappé, da seleção francesa, conseguiria "fazer um arrastão top na praia, hein".
Na época, após a repercussão negativa, o influencer chegou a publicar um pedido de desculpas no qual admitia que fez "um comentário muito zoado, muito mal explicado".
"A gente só precisa prestar atenção nas estatísticas. Por exemplo, muito negro morre sendo confundido com bandido. (...) A gente só precisa se informar. No meu caso, a minha ignorância foi combatida com conhecimento (...) "Sem querer, espalhei o ódio", disse Cocielo.
Segundo a Promotoria, o youtuber "reforça os estereótipos contra os negros numa mídia de largo alcance". Além disso, a atividade profissional dele contribui "para a incitação e proliferação do racismo e de todas as suas consequências psíquicas, sociais, culturais, econômicas e políticas".
Além do processo criminal, Cocielo também responde a uma ação civil pública na qual o Ministério Público cobra uma indenização de R$ 7,5 milhões.