Conheça seis filmes de Jean Godard, um dos fundadores da Nouvelle Vague

Ao longo da carreira, cineasta gravou 125 obras, entre longas e curta-metragens, obras de ficção e documentários

O cineasta Jean-Luc Godard morreu, nesta terça-feira (13), aos 91 anos em Rolle, Suíça. Ele deixou a própria marca entre gerações de cinéfilos, como um dos pais do Nouvelle Vague — movimento artístico francês que mudou a história do cinema na década de 1960 —, com clássicos como "Acossado" ou "O Desprezo".

"JLG", como também era conhecido na França, recusava homenagens, que foram muitas ao longo da carreira: prêmios nas principais competições de cinema do mundo e prêmios honorários da Academia do Oscar, da Academia Francesa ou do Festival de Cinema de Cannes.

Ao todo, ele gravou 125 filmes, entre longas e curta-metragens, obras de ficção e documentários. Em homenagem à Godard, o Diário do Nordeste selecionou seis filmes para você conhecer o trabalho do cineasta. 

Conheça seis filmes de Jean-Luc Godard

'Acossado' (1960)

Esse é o primeiro longa-metragem do francês, rodado com um orçamento muito baixo. A obra segue o itinerário de um ladrão mesquinho (Jean-Paul Belmondo) que acaba de roubar um carro e matar um policial. Perseguido pelas autoridades, ele tenta convencer a namorada americana (Jean Seberg) a ir para a Itália. 

"Uma experiência louca: não havia luzes, nem maquiagem, nem som (profissional)", lembrou Jean Seberg anos após o lançamento. "Mas era tão contrário à maneira de trabalhar em Hollywood que ficou muito natural", acrescenta.

O filme se tornou a bandeira 'Nouvelle Vague' do cinema e foi uma verdadeira declaração dos princípios do cineasta. A produção recebeu o prêmio Jean-Vigo em 1960. Godard ganhou o Urso de Prata no festival de Berlim naquele mesmo ano.

'Viver a Vida' (1962)

O drama francês traz a então esposa do cineasta, a atriz Anna Karina, como personagem principal. Nele, o espectador acompanha Nana (Anna Karina), uma jovem parisiense inquieta, que se transforma em prostituta quando suas aspirações em se tornar uma atriz vacilam. Recentemente separada do marido, a jovem está completamente sozinha, exceto pelo cafetão sem coração e as mulheres que ela conhece no ramo.  

'O Desprezo' (1963)

O sexto filme de Jean-Luc Godard é também o maior sucesso dele, em grande parte graças à carga erótica da estrela do momento, a atriz Brigitte Bardot.

Nele, a esposa (Brigitte Bardot) de um roteirista (Michel Piccoli) se distancia do marido e confessa o seu desprezo durante os preparativos de um filme, no qual o diretor de cinema Fritz Lang também participa, interpretando a si mesmo.

Durante a gravação, Bardot foi assediada pelos paparazzi. Os produtores queriam que ela aparecesse nua e JLG acaba cedendo, em parte. Ele adiciona na obra uma sequência que se tornou um ícone da história do cinema: a atriz, jogada na cama, perguntando ao marido sobre qual parte do corpo dela ele prefere. 

O filme é uma adaptação de um romance de Alberto Moravia e se passa na Casa Malaparte, que o escritor Curzio Malaparte construiu às margens do Mediterrâneo, em Capri. Segundo Piccoli, trata-se de uma obra extremamente autobiográfica.

'O Pequeno Soldado' (1963)

Novamente ao lado da esposa,  Anna Karina, o cineasta comanda a comédia romântica. Ela se passa durante a guerra argelina pela independência da França. Na obra, um jovem francês que vive em Genebra e pertence a um grupo terrorista de direita e uma jovem que pertence a um grupo terrorista de esquerda, se encontram e se apaixonam.   

'O Demônio das Onze Horas' (1965)

No filme, Godard dirige a esposa pela sexta vez — eles se separaram no mesmo ano de lançamento da obra. Na época, o movimento de Nouvelle Vague começava a declinar e cineasta grava um produto de cores brilhantes. 

Na produção, Pierrot (Jean-Paul Belmondo) é um homem que deixa tudo para trás para fugir com Marianne (Anna Karina), uma velha amiga com quem cruza novamente por acaso.

O filme foi proibido para os menores de 18 anos na França por "anarquismo intelectual e moral". Décadas após, diretores como Quentin Tarantino e Leos Carax reconheceram a influência do filme sobre a própria produção. 

'Eu vos Saúdo, Maria' (1984)

O drama de Godard irritou o papa João Paulo II ao apresentar uma cena em que a Virgem aparece nua. A versão moderna sobre a personagem santa provocou polêmica em países católicos, que organizaram protestos em frente aos cinemas onde era exibido.    

Na obra, o público acompanha a jovem Maria (Myriem Roussel), ainda virgem, engravida, o noivo José (Thierry Rode) a acusa de ser infiel. Gabriel (Philippe Lacoste), um estranho, tenta convencer o homem de que tudo faz parte do plano divino e não deve ser contestado.

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