Conheça a história de Paulo César Pereio e Cissa Guimarães, marcada por polêmica familiar

Ator foi preso, em 1994, após acumular dívida de R$ 40 mil em pensão alimentícia atrasada dos filhos, frutos de casamento com apresentadora

Após a morte do ator Paulo César Pereio, no último domingo, a atriz e apresentadora Cissa Guimarães publicou um texto em homenagem ao ex-companheiro em seu perfil do Instagram. A ocasião relembrou aos internautas o fim do relacionamento dos dois, que envolveu algumas polêmicas, inclusive prisão.  

"Peréio, sou eternamente grata por tudo que me ensinou, me mostrou, pelos nossos filhos, pela nossa história, pela sua história…"

Paulo César não era uma pessoa nada fácil, segundo as pessoas que conviveram com o artista. Ele mesmo reconhecia a personalidade complicada que carregava consigo. "Eu não sou mal-educado, eu sou escroto mesmo", disse, em depoimento ao documentário "Peréio, eu te odeio" (2013). 

Sua relação com a atriz Cissa Guimarães, com quem foi casado de 1975 a 1990, foi permeada por altos e baixos, refletindo os lados contraditórios de sua personalidade intensa e entregue aos excessos. O fim conturbado do casamento resultou em uma polêmica envolvendo pensão alimentícia não paga para seus filhos Thomaz Velho, de 46 anos, e João Velho, 40, levando-o à prisão em 1994. 

Ao Globo, Pereio ressaltou, naquele período, que a ex-mulher, então repórter e locutora do programa "Vídeo show", da TV Globo, estava em melhores condições financeiras do que ele e podia sustentar os dois filhos.

"Ela pode segurar essa encrenca. A quantidade é alta, mas mesmo que o valor seja esse, não tenho como levantar esse dinheiro", justificou o artista, em 1994.

A dívida alcançava o valor total de R$ 40 mil. Após uma semana de negociações, ele deixou a cela que ocupou por seis dias na 19ª DP (Tijuca), no Rio de Janeiro, tendo que pagar 10% do valor da pensão atrasada — ou seja, R$ 4 mil — em quatro parcelas.

"Não quero que ela (Cissa) fique como vilã dessa história", disse Pereio, na época. "Eu é que não me defendi quando devia. Não paguei porque não tinha dinheiro. Sofri um acidente e não podia trabalhar", acrescentou, referindo-se à batida de carro que o deixou com fraturas na costela e no côndilo mandibular, responsável pela articulação da mandíbula.

Apesar de afirmar no documentário "Peréio, eu te odeio" que Paulo César nunca foi um bom pai para os filhos, Cissa enfatizou, após a morte do ator, que nutre muito carinho por ele.

"Peréio, grande amor da minha vida, te sinto e te tenho nos nossos 'sucedâneos', Thomaz e João, q você pediu tanto para mim! Te agradeço, meu amor, por tanto aprendizado e amor. Eu era uma menina e você me mostrou o mundo e o amor pelo nosso ofício", homenageou ela, em publicação no Instagram, no último domingo.

Presença forte e rebeldia incorrigível

Lembrado por sua presença forte, seu comportamento imprevisível e sua rebeldia incorrigível, o ator Paulo César Pereio morreu na tarde do domingo (12), aos 83 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava em tratamento de doença hepática avançada, em estado grave, e havia dado entrada de madrugada no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

Apesar das controvérsias, Pereio deixou um legado duradouro no cenário cultural brasileiro. Nascido em Alegrete, Rio Grande do Sul, em 1940, ele se destacou no teatro e no cinema, conquistando admiradores e colegas com sua presença marcante. Sua colaboração com o Cinema Novo e sua participação em filmes como "Os fuzis" e "Terra em transe" o consagraram como uma figura importante da cultura cinematográfica brasileira.

Além de sua carreira no cinema, Pereio também brilhou nos palcos teatrais entre 1956 e 2016. Atuou em espetáculos como “Roda viva” e colaborou com os maiores dramaturgos do país. Dirigiu a penúltima peça de Nelson Rodrigues (“O anti-Nelson Rodrigues”, de 1974) e compartilhou o espírito libertário de José Celso Martinez Corrêa em “As bacantes”, de 1996. Graças à sua voz excepcional, conseguiu driblar as suas crises financeiras com narrações e trabalhos para a publicidade.

Na televisão, ele participou de novelas e minisséries de sucesso, incluindo trabalhos na TV Globo. Fez ainda novelas e minisséries como “Gabriela”, “Roque Santeiro”, “A viagem”, “Presença de Anita” e “Carga pesada”, todas da Globo. Em 2004, passou a apresentar o programa “Sem frescura”, no Canal Brasil, em que recebia convidados para bate-papos descontraídos.