Em meio a dados ruins sobre a pandemia de Covid-19, o pequeno Pedro Victor Lima de Aquino, de 9 anos, teve a ideia de levar alegria e conforto a pessoas desconhecidas. Ele abriu mão do dinheiro guardado para comprar um videogame e o utilizou como prêmio de uma rifa — segundo ele, para "acabar com a fome do mundo inteiro".
Sensibilizado pelas dificuldades impostas pela pandemia, especialmente aos mais necessitados, o menino - que perdeu o avô ano passado para o coronavírus - resolveu ajudar as pessoas de alguma forma, segundo relata Mariana Madeira, mãe dele.
A ideia da rifa surgiu há cerca de uma semana, após a mãe questionar: "O que a gente pode fazer para ajudar as pessoas?". Pedro, sem pensar duas vezes, foi até o cofre, contou as moedas e dispôs a quantia arrecadada por ele, de R$ 50, para o projeto.
O objetivo, conta a mãe, foi pedir um quilo de alimento por cada ponto da rifa, para que todo o apurado fosse revertido em cestas básicas, a serem doadas à população carente.
Segundo Mariana, as pessoas do bairro Sapiranga, onde moram, foram ajudando, até que o projeto foi compartilhado por páginas locais de grande alcance. "Foi um momento muito grande", comenta, frisando que contou com muita gente. "Sei que Deus tá na frente, mas nós também temos o apoio da comunidade, que realmente é bem necessitada".
Embora tenha adiado um sonho natural de criança, Pedro conta estar muito feliz pelo gesto. "Eu queria ter um PlayStation, mas, como vi essas pessoas passando fome, decidi doar. Sempre tive isso de Deus", comenta ele, ressaltando retomar sua meta pessoal em outro momento.
"Ele já vem com esse cofrinho juntando moedas faz algum tempo, porque o sonho dele é comprar um videogame, e nós não temos condições. E eu fico muito feliz porque parte dele essa ideia", diz a mãe.
Projeto já arrecadou 15 cestas
A rifa acontece neste sábado (27), e embora a arrecadação ainda não tenha terminado, o sucesso foi tanto que já foram montadas e distribuídas pelo menos 15 cestas.
A tia do menino, Rosana Lima, deixou o orgulho sentido pelo sobrinho escapar pelos olhos ao saber do projeto. "Quando ela me falou que o Pedro teve essa ideia, para fazer essa rifa, eu, que sou besta para chorar, comecei a chorar.
Ela divulgou o projeto nas redes sociais para movimentar a causa. "Eu editava, mandava foto, e todo mundo: 'eu quero um ponto', gente que nem conhecia ele. E eu: 'pode vir pegar, eu dou, eu dou', e foi assim, maravilhoso para gente, pois não esperávamos tudo isso", diz Rosana, acrescentando ser da índole do sobrinho ajudar a quem precisa.
"A gente ta vivendo um momento tão difícil e vê uma criança de nove anos doar o pouco que ela tem quando muitas pessoas têm muito, isso mexe demais com a gente".