Desde 23 de janeiro de 2020, data em que veio ao mundo, o bebê cearense João Lucas Farias Sousa coleciona desafios superados. Os primeiros 12 dias de vida, por exemplo, foram no ambiente hospitalar, pois, segundo a mãe, Fabiana Farias, 22 anos, “ele já nasceu apresentando cansaço”. Quando tudo parecia bem, veio o fim de abril e a criança começou a manifestar uma alergia na garganta. Pouco tempo depois, dia 9 de maio, recebeu o diagnóstico positivo para o novo coronavírus, e ficou internado no Hospital Infantil Albert Sabin.
João está entre as 408 crianças com menos de um ano que já foram acometidas pela doença no Ceará, sendo 300 de Fortaleza, segundo o último boletim semanal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), publicado no dia 2 de junho. Dessas mais de 400, sete vieram a óbito.
O primeiro teste realizado pelo bebê de Fabiana, no Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana (Gonzaguinha), em 28 de abril, havia dado negativo. Mas como o cansaço persistiu, a mãe resolveu levá-lo de novo ao hospital no dia 30. Foi então que descobriram uma bactéria no pulmão da criança e encaminharam-na para o Albert Sabin, onde ficou até receber alta, em 15 de maio.
“A enfermeira disse que ele pegou a Covid-19 no fim do tratamento da bactéria”, conta Fabiana, que passou 12 dias sem ver o filho. Esse período foi todo em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). João também precisou ser entubado e chegou a apresentar uma parada cardíaca. Depois dos 12 dias, o bebê ainda ficou cinco dias na enfermaria, dois dos quais passou com a mãe e outros três com a madrinha, Regilane Sousa.
“Eu passei mal e precisei de ajuda para cuidar dele”, partilha Fabiana, cujo emocional já estava abalado pelas duas semanas sem ver o bebê, apenas com informações da equipe médica via celular. “Eles geralmente ligavam à tarde, mas só se tivesse alguma piora. Quando não ligavam, eu ficava tentando”, recorda os momentos de aflição.
Além de João, nenhum outro membro da família foi diagnosticado com a Covid-19. Ainda assim, a mãe do bebê destaca que os cuidados estão redobrados desde o dia em que ele voltou para casa. “Não pode ficar saindo e também recomendaram não ficar perto de idosos. Até me mudei da casa que a gente morava, com os bisavós”, pontua.
O sentimento agora é de puro alívio. “Agora só sinto alegria por meu filho ter vencido. É a maior felicidade do mundo, ele é tudo pra mim”, comemora Fabiana.