O Brasil já tem mais de 1.300 casos de varíola dos macacos (monkeypox). No mundo, autoridades de saúde observam que o vírus tem se espalhado mais entre homens que fazem sexo com homens (HSH) – mas alertam que qualquer pessoa, de qualquer idade ou gênero, pode ser infectada.
“O risco da monkeypox não está limitado a pessoas que são sexualmente ativas ou homens que fazem sexo com homens. Qualquer pessoa que tem contato com alguém com sintomas está em risco”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Diário do Nordeste explica por que esse foi o perfil dos pacientes iniciais e como esse entendimento distorcido sobre a transmissão gera preconceito e negligência por parte da população, afetando o controle do surto.
O que tem sido constatado pela OMS, com base no monitoramento feito por serviços de saúde de países com inúmeros casos da doença, é que o perfil inicial dos pacientes contaminados são os HSH, sigla que engloba homens homossexuais, bissexuais e quem não se identifica com essas orientações.
“Muitos dos casos reportados neste surto têm sido identificados entre HSH. Uma razão para haver mais notificações entre eles pode ser o comportamento positivo de busca desse grupo populacional por serviços de saúde”, frisa a OMS.
Pessoas de todas as idades podem pegar monkeypox
Na prática, esse contágio acentuado em um grupo específico não significa que outros indivíduos estão livres do risco. Prova disso é que crianças já foram infectadas, como pontua o infectologista Lauro Perdigão, do Hospital São José (HSJ), unidade pública que trata pessoas com doenças infectocontagiosas em Fortaleza.
“Surtos já foram detectados em crianças, em pequenas comunidades e entre pessoas que compraram roedores, por exemplo. Temos que ter muito cuidado para não estigmatizar grupos de pessoas, porque toda a população está em risco”, destaca.
No dia 23 de julho de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o atual surto de varíola dos macacos constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Mas, até o momento, a doença não é classificada pela OMS como uma infecção sexualmente transmissível (IST).
O médico Lauro Perdigão afirma que “a primeira coisa que devemos reforçar são as formas de transmissão da doença, que se dão por contato próximo, pelas lesões ou pelo compartilhamento de objetos contaminados”.
O importante é educar as pessoas sobre o que é a doença, os modos de transmissão, e lembrar que diante de um caso suspeito ou confirmado, o paciente tem que ser isolado. Uma vez suspeito, ir ao médico para confirmar, se isolar e adotar as medidas de prevenção.
Como prevenir da varíola dos macacos
O infectologista Lauro Perdigão lembra que pessoas com mais de 45 anos já estão vacinadas contra a varíola humana, imunização que protege também contra a monkeypox.
“Isso faz com que os jovens estejam em maior risco. Estratégias são montadas com base no momento epidemiológico: a ideia é ver como a doença está se comportando para ver como proceder. Existe a tecnologia de vacinação, mas ainda não está disponível”, finaliza.
As principais formas de prevenção são:
- Evitar contato com pacientes suspeitos ou infectados;
- Higienizar as mãos com frequência, com água e sabão ou álcool;
- Usar máscaras de proteção.
As medidas também valem para roupas, roupas de cama, talheres, objetos e superfícies utilizadas por pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Esses itens devem ser limpos da forma adequada.
Para gestantes, puérperas (que deram à luz há até 45 dias) e lactantes, o Ministério da Saúde lançou, nessa segunda-feira (1º), recomendações específicas:
- Manter o uso de máscaras;
- Afastar-se de pessoas que apresentem sintomas suspeitos, como febre e lesões de pele;
- Usar preservativo em todos os tipos de relações sexuais (oral, vaginal, anal);
- Estar alerta a possíveis lesões na área genital de parceiros sexuais e, se houver, não ter contato;
- Procurar assistência médica caso apresente algum sintoma suspeito.
Transmissão da varíola dos macacos no Ceará
Questionado sobre o perfil dos pacientes confirmados com varíola dos macacos no Ceará, o infectologista explica que, “como os 4 casos confirmados no Estado foram importados, não temos como traçar esse perfil ainda”.
Lauro salienta, ainda, que o Ceará não tem transmissão comunitária da doença, ou seja, o vírus da monkeypox não circula de forma sustentada na população. Apesar disso, “qualquer pessoa está em risco e deve ficar atenta a sintomas como febre, dor no corpo, dor de cabeça, aumento de gânglios e lesões de pele”.
A doença não é nova, já é descrita há décadas na África. Nesse momento, há um surto fora da África. A Europa e as Américas têm o maior número de casos. Todos os países tem essa nova situação, mas para uma doença antiga, então não é preciso pânico.
O Ministério da Saúde divulgou, por meio de nota técnica, que três grupos populacionais são considerados de maior risco para formas graves da monkeypox:
- Crianças menores de 8 anos;
- Pessoas imunossuprimidas, independente da causa; e
- Gestantes.