Vacina da dengue: apenas 1 a cada 10 pessoas do público-alvo receberam imunizante no CE após um mês

Crianças e adolescentes estão mais vulneráveis ao risco de hospitalização e complicações pela doença

Pela primeira vez, as mortes e os casos graves de dengue podem ser prevenidos por uma vacina, mas a campanha no Ceará enfrenta uma barreira: a baixa adesão. Em quase um mês de aplicação no Estado, apenas 5.142 doses foram aplicadas de um estoque de 53.729, o que corresponde a 9,57% dos imunizantes.

Os registros são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), atualizados na última segunda-feira (1º), e evidenciam que o público-prioritário de 10 a 14 anos não está comparecendo às unidades de saúde para imunização contra a dengue. 

Essa baixa procura acontece num contexto em que o Ministério da Saúde colocou como meta atingir apenas 25% da população desta faixa etária, já que não há capacidade de fabricação das vacinas para imunização em massa. Mas nem isso é alcançado no momento.

Ana Karine Borges, coordenadora de imunização da Sesa, explica que foi feita a capacitação e o alinhamento das equipes para o início da campanha de vacinação contra a dengue que iniciou em 4 cidades do Estado no dia 13 de maio.

Fortaleza, Aquiraz, Eusébio e Itaitinga foram as primeiras por terem as maiores populações na faixa etária e pelo histórico com a doença, mas nesta semana a imunização foi ampliada para mais 23 municípios do Cariri, Sertão Central e Centro-Sul, por exemplo.

“Considerando que é uma vacina nova e que a gente precisa ter esse olhar para a vacinação segura, os municípios definiram unidades de referência para ter maior controle para que, qualquer evento adverso, pudesse ser acompanhado”, detalha.

O cuidado acontece de forma preventiva, mas o Ceará não teve nenhum registro de reação adversa. A vacina, inclusive, possui eficácia contra a dengue em torno de 80% de proteção geral, conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mas, afinal, o que explica a baixa procura? Historicamente, esse público é mais difícil de vacinar e a campanha ainda se restringe aos postos de saúde, como analisa Ana Karine.

“Nos adolescentes, a gente consegue avançar (na cobertura) quando vamos para as escolas. O adolescente precisa de um acompanhante e a gente considera uma baixa procura”, aponta.

Por causa disso, os 4 municípios que iniciaram a vacinação contra a dengue no Ceará já analisam a possibilidade de descentralização das unidades de atendimento. Em Fortaleza, 19 postos de saúde fazem a aplicação (confira a lista adiante).

“Os vacinados são registrados nominalmente e existem outras informações que possibilitam a busca ativa, não só para a dengue mas de outros imunizantes para completar o esquema de vacinação”, acrescenta Karine. São feitas buscas por telefone, visitas domiciliares e, em outras campanhas, a imunização nas escolas.

Robério Leite, infectologista pediátrico, analisa que além deste aspecto ainda há desinformação sobre a disponibilidade da vacina.

“Temos um calendário com muitas informações e isso gera uma dificuldade de compreensão, esse público de pré-adolescentes e adolescentes é historicamente difícil de atingir fora das escolas”, considera.

Soma-se a isso o fato de que o Ceará não está entre os estados brasileiros mais afetados pela dengue neste ano. Com isso, como avalia Robério, há uma menor “percepção do risco”. Contudo, a baixa adesão segue como uma preocupação.

Risco da baixa vacinação

O infectologista pediátrico explica que a faixa etária de 10 a 14 anos foi definida porque tem maior risco de hospitalização e de complicações num segundo quadro de dengue. Com a baixa adesão, mais pessoas estão suscetíveis a precisar do hospital e sobrecarregar a rede de saúde.

“Como é uma vacina nova e estamos num contexto de negacionismo vacinal existe uma preocupação porque a gente sabe que o cenário no ano que vem pode ser diferente porque a doença tem esse comportamento de explosão de casos”, pondera o especialista.

A endocrinologista pediatra Izabella Vasconcelos reforça que a baixa adesão pode ter "consequências graves, porque vamos ter uma quantidade maior de crianças expostas à infecção pelo vírus e sem ter uma defesa adequada", destaca.

Temos sintomas semelhantes ao do adulto, como febre, dor no corpo e manchas avermelhadas. Porém, em crianças temos uma dificuldade delas expressarem o que estão sentido e pode ser confudido com outras doenças
Izabella Vasconcelos
Pediatra

A especialista define a possibilidade de vacinar crianças e adolescentes contra a dengue como uma oportunidade de "ter menos casos de infecção, redução de complicações como a dengue hemorrágica, inclusive, tendo uma melhor atenção do sistema de saúde para quem desenvolver a doença, sem a sobrecarga de vários pacientes demandando cuidados intensivos", conclui.

Quais são os sintomas da dengue?

A dengue é uma doença classificada como arbovirose, causada por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. O inseto está dentro e ao redor de moradias, escolas e igrejas, por exemplo, conforme o Ministério da Saúde.

Um dos primeiros sintomas da doença é a febre alta, de início repentino, que geralmente dura de 2 a 7 dias, com dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações. O paciente também apresenta fraqueza, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele.

Sintomas comuns da dengue

  • Febre alta;
  • Dor no corpo e nas articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Sinais de alarme da dengue

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Vômitos persistentes;
  • Acúmulo de líquidos;
  • Sangramento de mucosa;
  • Irritabilidade.

O diagnóstico clínico pode ser feito por exames laboratoriais para identificação do vírus até o 5° dia de início da doença e pela pesquisa de anticorpos a partir do 6° dia de início da doença.

O tratamento tem foco na reposição de líquidos e repouso dos pacientes. O Ministério da Saúde frisa a orientação para não se automedicar e para procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme.

Onde receber a vacina da dengue em Fortaleza

De segunda a sexta-feira de 7h30 às 18h30:

Regional de Saúde I

  • Francisco Domingos da Silva: Av. Pres. Castelo Branco 34759 - Barra do Ceará;
  • Paulo de melo: Rua Bernardo Porto,497 - Monte Castelo;
  • Maria Aparecida: Rua AVK, 915 - Vila Velha.

Regional de Saúde II

  • Célio Brasil Girão: Rua Prof. Henrique Firmeza, 82 - Cais do Porto;
  • Benedito Arthur De Carvalho: R. José Guilherme da Costa, 228 - Luciano Cavalcante;
  • Irmã Hercília: R. Frei Vidal,1821 - São João Do Tauape;
  • Geraldo Madeira Sobrinho (PIO XII) - Rua Belisário Távora, 42 - São João do Tauape.

Regional De Saúde III

  • César Cals: R. Pernambuco, 3172 - Pici;
  • Clodoaldo Pinto: R. Banward Bezerra, 100 - Padre Andrade;
  • Waldemar De Alcântara: R. Silveira Filho, 903 - Jóquei Clube. 

Regional De Saúde IV

  • Antônio Círiaco: R. Gomes Brasil, 555 - Parangaba;
  • Turbay Barreira: R. Gonçalo Souto, 420 - Vila União;
  • Valdevino De Carvalho R. Guará, S/N - Itaoca.

Regional De Saúde V  

  • Ronaldo Albuquerque: Av I,s/N - Conj. Ceará;
  • Regina Severino R. Itatiaia, 889 - Canindezinho;
  • Régis Jucá Av 1, 618 - Mondubim.

Regional De Saúde VI

  • Mattos Dourado: Av. Des. Floriano Benevides,391 - Edson Queiroz;
  • Messejana: R. Guilherme Alencar, S/N - Messejana;
  • Osmar Viana: Av.Chiquinha Gonzaga, S/N - Jangurussu;

Sábado e Domingo de 8h Às 16h30:

  • Mattos Dourado: Av. Des. Floriano Benevides,391 - Edson Queiroz;
  • Irmã Hercília R. Frei Vidal,1821 - São João Do Tauape.