Sem mortes há 2 meses, casos de Covid dobram entre janeiro e março no Ceará; entenda por que

Confirmações da doença têm crescido semanalmente desde fevereiro

Após 3 anos da chegada da Covid, o Ceará tem vivido um cenário de relativa tranquilidade em relação ao coronavírus. Neste mês, porém, os casos confirmados já somam o dobro de janeiro: mais de 3 mil cearenses contraíram a doença em março.

No primeiro mês do ano, 1,6 mil pessoas testaram positivo e 16 morreram por complicações da virose. Em fevereiro, foram 1,5 mil casos e 1 morte. Já em março, 3.284 casos já haviam sido confirmados até essa quinta-feira (30) – mas, felizmente, nenhuma morte.

Os dados são do Integra SUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), atualizados até 8h de quinta (30).

Em comparação a março do ano passado, os casos de 2023 são mais numerosos – mas muito menores diante dos anos mais intensos da pandemia.

  • Março de 2020: 5.252 casos / 37 mortes
  • Março de 2021: 127.749 casos / 3.736 mortes
  • Março de 2022: 2.424 casos / 125 mortes
  • Março de 2023*: 3.284 casos / 0 mortes

A taxa de positividade também tem curva crescente. Na semana de 19 a 25 de março, 1.063 dos 3.472 testes feitos deram positivo, o equivalente a 23%.

Os números estão sujeitos a alterações, já que a consolidação dos dados de um mês exige um intervalo de tempo para ocorrer.

Covid já é endêmica?

Para o infectologista Keny Colares, consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e professor da Universidade de Fortaleza, a doença está, na verdade, “numa fase de transição de epidêmica para endêmica”.

Quando uma doença é endêmica, ele explica, “tem um comportamento bem estável, previsível, sabemos em que época do ano vai acontecer”.

Mas a Covid ainda não atingiu esse patamar, uma vez que “ainda tem um comportamento imprevisível: tivemos uma onda em dezembro no mundo todo, agora os casos aumentam de novo”, pontua o médico. 

“E o que explica essas novas ondas é o surgimento de novas variantes. Mas com o tempo o vírus vai perdendo a capacidade de gerá-las”, complementa Keny.

É preciso se preocupar?

O médico Keny Colares avalia que o crescimento da positividade e da presença de coronavírus nos esgotos são dois índices que “antecipam” um aumento de casos. 

Ele explica ainda quais fatores contribuem para esse cenário.

“Esta época do ano costuma ser favorável para todas as doenças respiratórias, e a Covid também tende a se disseminar um pouco mais nessa época de chuva, umidade e tempo mais nublado”, observa.

Também temos a circulação da doença no mundo todo relacionada à variante ômicron XBB e à XBB.1.5, um vírus um pouco diferente do que circulou em novembro e dezembro.
Keny Colares
Médico infectologista

Os públicos mais vulneráveis neste momento, segundo o médico, são “as pessoas que não se vacinaram”. Além delas, os idosos, pessoas com comorbidades e imunossuprimidas também devem redobrar os cuidados preventivos.

Para estes, por outro lado, está disponível a vacina bivalente da Covid. “Ela é fundamental, neste momento, porque protege contra a Ômicron. Claro que a vacina é baseada numa outra subvariante da Ômicron, mas tem uma proteção mais aproximada do que as primeiras”, ilustra Keny.

Vacina bivalente

A aplicação da vacina bivalente da Pfizer contra o coronavírus foi iniciada nos 184 municípios cearenses no dia 27 de fevereiro. O reforço age na proteção contra a cepa original e as subvariantes da Ômicron.

No Ceará, até 29 de março, mais de 241 mil pessoas já haviam garantido a aplicação, cerca de 47,8 mil só em Fortaleza. 

A imunização é realizada de forma escalonada, por grupos prioritários:

Fase 1
Pessoas de 70 anos ou mais, que já têm mais de 4 meses da 4ª dose;
Pessoas a partir de 12 anos em Instituições de Longa Permanência e os trabalhadores desses locais;
Pessoas imunocomprometidas;
Indígenas e quilombolas.

Fase 2: 60 a 69 anos;
Fase 3: gestantes e puérperas;
Fase 4: profissionais de saúde;
Fase 5: pessoas com deficiência.

Podem tomar a nova vacina cearenses a partir de 12 anos de idade que já foram imunizados, obrigatoriamente, com pelo menos duas doses da vacina anterior: ou seja, que completaram o esquema vacinal primário.