Professor da rede municipal de Fortaleza viraliza ao mostrar interações divertidas com alunos

Paulo Maia é professor de educação física e ensina crianças de um a seis anos

"Crianças são muito genuínas", acredita o professor Paulo Maia (@paulomaiaf), da rede municipal de Fortaleza. Ele começou a trabalhar com educação infantil apenas no ano passado, após convocação da Prefeitura da Capital, mas já sabe bem como é conviver com a autenticidade, a esperteza, a ingenuidade e a curiosidade tão características dos pequenos.

Paulo é licenciado e bacharel em Educação Física, especialista em Ensino de Educação Física e mestre em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Algumas das interações entre o educador e os alunos são compartilhadas por ele mesmo em suas redes sociais — sem expor as crianças — e têm viralizado na Internet. Só no Instagram, alguns dos vídeos publicados têm milhões de visualizações, como um intitulado "Não bato, só desconto", que já foi assistido mais de quatro milhões de vezes.

Na gravação, o professor pergunta à turma: "Se você pudesse ensinar alguma coisa para todo mundo, o que você ensinaria?". Uma vozinha, ao fundo, responde: "A ser bombeiro, a apagar o fogo, a não bater e a não arengar [brigar]". Outra vozinha, de um colega, discorda: "Não, ele bate". "Você bate, Alexandre?", questiona o professor ao primeiro aluno, quase em tom de repreensão. O menino, então, admite: "Eu não bato, só desconto", e "Tio Paulo" cai na risada.

Nos comentários da publicação, seguidores do professor se divertem com a sinceridade do garotinho e compartilham experiências comuns. "Alexandre: 'Sou bom, mas não sou besta'", escreveu uma seguidora. "Meu sobrinho disse que não empurra ninguém, apenas troca as pessoas de lugar", brincou outra. "Como falar para essa criança que ela está errada? Não tem como", riu mais uma.

A gente passa, todos os dias, por situações muito engraçadas na escola, principalmente quem trabalha com crianças muito pequenas. Aí resolvi registrar algumas dessas situações, para deixar guardado, a princípio. Depois, resolvi postar, compartilhar, imaginando que algumas pessoas [outros professores, principalmente] poderiam se identificar, e foi o que aconteceu".
Paulo Maia
Professor infantil

Para o professor, que ensina crianças de um a seis anos, o afeto trocado em sala de aula contribui diretamente para o aprendizado dos alunos, uma vez que "as emoções ajudam na memorização, sejam elas boas ou ruins".

"Tudo o que é vivenciado durante os momentos de emoção são guardados de forma mais fácil, mais intensa. Por isso, acredito que o afeto tem um poder importante nesse processo educacional e é uma ferramenta de trabalho que ajuda muito", compartilha o educador.

Cuidados para não expor as crianças

Os vídeos de Paulo são, em sua maioria, gravados em formato de "selfie", ou seja, com a câmera virada para quem está filmando. Das crianças, só se ouve a voz. Nomes são mencionados vez ou outra, mas quase nunca associados a nenhuma imagem.

"Evito gravar quando as crianças estão muito próximas, de frente para a câmera. Sempre alguém quer colocar o rosto, elas adoram aparecer, pedem para tirar foto, para gravar, mas, quando eu gravo [mostrando], eu não posto. E, quando aparece por acaso, eu tento borrar para preservar a imagem deles", disse Paulo. "A Internet é um território muito grande, para o bem e para o mal. Pode trazer consequências muito positivas, mas, também, muito negativas. Então, tudo o que eu puder fazer para evitar que elas sejam expostas, eu faço", continuou o educador.

Além disso, os momentos de descontração entre Tio Paulo e seus alunos não são exatamente em sala de aula. "Gravo nos períodos de intervalo de parquinho, ou no comecinho de uma roda de conversa, algo muito pontual", afirmou.

Repercussão nas redes sociais

Só no Instagram, Paulo já tem quase 70 mil seguidores. Lá, os vídeos do professor somam milhões de visualizações e recebem centenas de comentários frequentemente, a grande maioria positivos.

Já no TikTok, onde também são publicados os vídeos com as interações divertidas, o professor acumula mais de 105 mil seguidores e as visualizações seguem a mesma média, com publicações sendo assistidas mais de quatro milhões de vezes.

"Eu não imaginava que fosse ter um alcance tão grande. No vídeo que postei no Dia dos Professores ano passado, imaginei que as pessoas que assistissem iriam se identificar, pelo menos uma parte das pessoas, mas eu jamais imaginei que os vídeos iriam tomar uma proporção tão grande", disse Paulo.

Embora considere a repercussão "um pouco assustadora", o professor se sente bem ao ver que as pessoas gostam do seu trabalho e pedem mais conteúdos. "Às vezes, pessoas, colegas de profissão que você não conhecia, vêm falar com você, outras te reconhecem em outros ambientes. Então, é uma situação bem nova que ainda estou aprendendo a lidar, mas é muito bom ver o seu trabalho ser reconhecido e as pessoas se identificando com o que você faz", diz.

Educação infantil traz 'retorno afetivo'

Quando questionado sobre a rotina no trabalho com educação infantil, Paulo diz que é uma profissão exaustiva, mas que traz "muito retorno, especialmente retorno afetivo", que em nenhum outro nível de ensino é possível encontrar.

"O retorno principal da educação não passa pelo bem material. E outro ponto que considero muito importante é que as crianças têm um potencial muito grande, que não costuma ser tão explorado. Elas, muitas vezes, são deixadas à mercê de uma tela, de um celular, tablet, televisão, e não têm diálogo. Elas têm sede de conversar. Adoram conversar, adoram saber sobre você, adoram contar histórias sobre elas. [...] Vale muito a pena parar para conversar", ensina o educador.