O fóssil de dinossauro Ubirajara jubatus deve retornar ao Ceará em breve. A espécie de terópode encontrado na Bacia Sedimentar do Araripe está no Museu Alemão de História Natural de Karlsruhe (SMNK) desde 1995. A repatriação da primeira espécie não-aviária, com estruturas semelhantes a penas encontrado na América do Sul, foi discutida pelo governo brasileiro na manhã dessa terça-feira (16).
No encontro, realizado entre a Embaixada da Alemanha, Itamaraty e Universidade do Cariri, o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), Inácio Arruda, indicou o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens para abrigar o fóssil, uma vez que pertence à região do Geoparque do Araripe.
O dinossauro do tamanho de uma galinha e revestido por penas foi retirado de forma irregular do Brasil para a Alemanha, na década de 90, após ser descoberto por pesquisadores estrangeiros no manancial paleontológico
“O Museu do Cariri tem um esforço de cooperação grande”, destacou Inácio Arruda lembrando que é necessário que a região seja visível para o mundo, e não apenas localmente.
Pedido de repatriação
Christian Stertz, ministro-conselheiro para Assuntos Científicos e Intercâmbio Acadêmico da Embaixada da Alemanha, sugeriu a formalização do pedido para "iniciar a repatriação o quanto antes, no âmbito da cooperação Brasil-Alemanha em Ciência e Tecnologia. Existe a perspectiva de trazê-lo para o Brasil em breve".
Para o reitor da Universidade Regional do Cariri, Lima Júnior, este será um bom momento para a repatriação. “Teremos a revalidação do Geoparque do Araripe, e a repatriação fortalece a missão de valor e preservação do nosso trabalho”, pontuou.
Relembre o caso
O fóssil do Ubirajara jubatus foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, na Formação Crato, e levado para a Alemanha em 1995. Ele viveu no período Cretáceo, há cerca de 110 milhões de anos.
Após a descoberta ser publicada por pesquisadores ingleses e alemães em dezembro de 2020, a polêmica em torno do fóssil se intensificou. A saída dele do País foi questionada pela comunidade científica brasileira, que apontava para uma possível exportação ilegal.
Na ocasião, uma autorização apresentada pelo museu alemão não descreveu o material coletado, considerado motivo de preocupação da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP). O Ministério Público Federal (MPF) chegou a instaurar um procedimento para investigar a saída do fóssil do País.