Rastros de material oleoso foram detectados novamente no litoral de Fortaleza e de mais oito praias do Ceará, neste mês de setembro, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
Entre os locais atingidos, estão destinos turísticos bem frequentados por cearenses e turistas, como as praias do Futuro, Morro Branco, Cumbuco e Porto das Dunas.
Veja a relação abaixo, atualizada a partir do acompanhamento realizado com representantes dos municípios, até o dia 23 de setembro:
- Beberibe - Praia do Morro Branco;
- Aquiraz - Praia do Porto das Dunas;
- Fortaleza - Praia da Sabiaguaba e Praia do Futuro;
- Caucaia – Praia do Cumbuco, Praia do Cauípe, Praia do Icaraí, Praia da Tabuba e Iparana.
Além da lista da Sema, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar/UFC) afirmaram encontrar o material na Praia do Pecém, em São Gonçalo do Amarante.
Na Praia do Futuro, segundo os pesquisadores, o óleo foi encontrado ao longo de 3,4 Km de faixa de areia. Pelo menos 2,8 kg do material foram coletados na última sexta-feira (23). Contudo, banhistas afirmaram aos estudiosos que já haviam percebido óleo no local desde o domingo anterior, 18 de setembro.
Esse material de origem petrogênica é constituído de diversas substâncias que causam mal aos organismos. O correto seria as praias serem interditadas, ocorrer a limpeza e, depois de verificada a balneabilidade, liberar para os banhistas.
No entanto, o professor entende ser pouco provável a interdição dos espaços porque o fenômeno “já ficou tão comum que é como se o anômalo ficasse normal”.
Monitoramento das manchas
Em informe geral emitido na última sexta por Eduardo Lacerda Barros, coordenador científico do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará, da equipe do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente, foi recomendado que os municípios costeiros:
- enviem equipes de monitoramento para avaliar “in loco” a presença de óleo, visando dar celeridade às ações resposta rápidas ao aparecimento de óleo nas praias;
- em caso positivo de manchas de óleo, informem o nome da praia (ponto de referência), a data do avistamento, bem como fotos do local;
- limpem as praias atingidas o mais breve possível, buscando, assim, evitar o contato de animais com esse material;
- destinem casos de tartarugas vivas, mortas ou ninhos ao Instituto Verdeluz, ou tartarugas oleadas à Aquasis.
Espalhamento do óleo
Algumas amostras coletadas pelo Labomar em Fortaleza possuíam pequenos animais marinhos aderidos ao óleo, “o que evidencia o expressivo impacto ambiental destes eventos de derramamento de petróleo no mar”, destacam os pesquisadores.
Ainda segundo eles, a dispersão se iniciou pela parte Leste do Ceará e está avançando em direção ao Litoral Oeste.
O Ceará é o quinto Estado do Nordeste a registrar o novo fenômeno. No fim de agosto, o óleo começou a aparecer na costa de Pernambuco; já na semana de 12 a 16 de setembro, surgiu nos estados da Bahia, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Rivelino Cavalcante explica que o novo material será analisado para verificar sua similaridade com outros eventos de manchas de óleo no litoral, como o de 2019 e o recente, de janeiro de 2022. O processo deve ser concluído em um mês.
“As análises rápidas são passíveis de erros, por isso buscamos uma precisão maior do que é esse material. Em 2019, inicialmente, foi dito que era óleo cru, mas depois descobrimos que era combustível”, lembra.