A chegada de uma sede do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) ao Ceará, confirmada nessa sexta-feira (1º), deve gerar a criação de um novo curso: o de engenharia de energia. A informação é do comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno.
A ideia, aponta o oficial, é aproveitar o potencial de produção energética do Estado, “que hoje está capitaneando essa atividade”. A declaração foi dada durante visita do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, às instalações da Base Aérea de Fortaleza, ontem.
No dia 4 de agosto deste ano, os Ministérios da Defesa e da Educação assinaram um acordo de cooperação para estudar a criação do ITA no Ceará. Os estudos, que incluem a sondagem das estruturas já disponíveis na Base Aérea, finalizam em 4 de outubro.
“Não podemos começar com nada funcionando pela metade. Esse processo inicial vai se encerrar em outubro, após 60 dias do termo de cooperação. Todas as necessidades de reforma, demolição de prédios e construção de alojamentos (serão identificadas)”, disse.
O prazo para início das atividades do ITA em Fortaleza não foi informado pelo ministro da Defesa nem pelo comandante da Aeronáutica. O brigadeiro Damasceno explica que, “após a parte tangível, de obras”, o planejamento parte para “o intangível”.
“Que é a estrutura de pensamento, ensino, contratação de professores. Imaginar quais cursos colocaremos aqui. A ideia é colocar primeiramente um curso que já exista em São Paulo: temos 6 cursos de engenharia de alto nível”, pontua.
Os cursos ofertados pelo ITA hoje:
- Engenharia Aeronáutica;
- Engenharia Eletrônica;
- Engenharia Mecânica-Aeronáutica;
- Engenharia Civil-Aeronáutica;
- Engenharia de Computação;
- Engenharia Aeroespacial.
Mas a ideia é que possamos criar outros cursos. Um imaginado é o de Energia: o o Ceará, hoje, está capitaneando essa atividade. Será muito bom para o País. O Nordeste está à frente da ampliação da nossa capacidade de formar engenheiros.
Atualmente, universidades públicas – como Unilab, em Redenção, e UFC – e privadas do Ceará, como a Unifor, já ofertam cursos de engenharias de energias.
Questionado sobre as perspectivas de quando o ITA chega, de fato, e quando pode ser o primeiro processo seletivo, o ministro Mucio recomendou cautela.
“Temos que ter cuidado para a pressa que temos não mexer no padrão ITA. O pontapé inicial será dado no dia em que tivermos absoluta certeza de que o padrão ITA está no Ceará: nós exportamos estudantes sonhadores, e queremos exportar cientistas do Ceará”, frisou.
ITA tem raízes cearenses
O ITA foi fundado em 1950 pelo marechal Casimiro Montenegro Filho, nascido e criado no Ceará, mas inspirado pelo modelo de formação de engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Mais de 70 anos depois, em 2023, mais de 40% das vagas para estudar na atual sede do instituto, no estado de São Paulo, são ocupadas por alunos do Ceará. No último vestibular, 62 das 150 aprovações foram daqui, feito que justifica a vinda do ITA a Fortaleza.
Estamos voltando pra casa de quem criou o ITA. O marechal Casimiro Montenegro Filho, cearense, desbravador da ciência brasileira, um dia entendeu que precisava criar um instituto de alto padrão. Voltamos para referendar a memória dele.
Damasceno complementa que será criado, agora, um “caderno de necessidades” para transformar o prédio da Base Aérea de Fortaleza em ITA. “Temos um equipamento maravilhoso e tenho certeza de que aqui será o futuro campus avançado do nosso ITA.”