Entenda por que temperaturas máximas aumentam pelo 3º mês seguido no Ceará

Registros elevados com baixa umidade do ar pioram sensação térmica em várias cidades

Cearenses de diversas regiões do Estado têm percebido um aumento da sensação de calor nos últimos meses, especialmente desde o fim da quadra chuvosa, em maio. Não à toa, os termômetros oficiais marcaram em julho o terceiro mês de crescimento das temperaturas máximas.

Dados levantados pelo Diário do Nordeste na Plataforma de Coleta de Dados (PCD) da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) comprovam a impressão.

Após o mês de abril com 35ºC de máxima, maio registrou temperaturas de até 36.6ºC em Jaguaribe e Amontada. Em junho, o valor mais elevado ocorreu em Sobral, com 37.1ºC. A mesma cidade foi recordista de julho, com 38.1ºC.

A cidade de Jaguaribe é a que aparece mais vezes nas listas de cada mês.

Na capital Fortaleza, embora maio tenha registrado até 34ºC, houve um aumento entre junho e julho, passando de 32,2ºC para 32,9ºC.

Julho deste ano também marcou aumento em relação a julho de 2022, quando as temperaturas máximas no Ceará oscilaram entre 35.9ºC e 36.2ºC.

De acordo com a Fundação, os primeiros dias de agosto devem se manter sob predomínio de condições estáveis, ou seja, de céu com poucas ou nenhuma nuvem em todo o Ceará. Essa estabilidade atmosférica reforça a ausência de chuvas do pós-quadra, segundo Vinícius Oliveira, meteorologista da Funceme.

“Por isso temos temperaturas, durante o dia, mais elevadas quando comparamos com o primeiro semestre, que tem mais nebulosidade. Em contrapartida, as madrugadas e início da manhã podem ter temperaturas menores do que no primeiro semestre, justamente pela ausência da nebulosidade, então há perda maior de radiação”, explica.

O especialista pontua que este não é um efeito do El Niño, fenômeno atmosférico de aquecimento das águas do Oceano Pacífico que tende a reduzir a ocorrência de chuvas no Nordeste brasileiro, mas que ainda não está “completamente estabelecido”. Na verdade, conforme Vinícius, este é um “ciclo anual quando as temperaturas ficam mais elevadas”.

Historicamente, já se espera que, com o fim da quadra chuvosa (fevereiro a maio), o Ceará registre predomínio de céu claro, com poucas nuvens, aumento da temperatura máxima e da velocidade dos ventos.

Umidade em baixa

O “tempo seco” também tem influência da baixa umidade relativa do ar - basicamente, a quantidade vapor d’água presente na atmosfera. Nos horários com maiores temperaturas, principalmente no início da tarde, registra-se menor umidade.

Na região Centro-Norte, são previstos valores superiores a 70%, principalmente perto da faixa litorânea. Por outro lado, o Centro-Sul, os Sertões e o Cariri têm condições para umidade relativa variando entre 25% e 35%, no período da tarde. 

As condições de baixa umidade relativa do ar devem ser monitoradas porque podem causar impactos negativos na saúde da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem as seguintes classificações para os níveis de umidade relativa do ar: 

  • Estado de observação: 31% a 40%
  • Estado de atenção: 21% a 30%
  • Estado de alerta: 12% a 20%
  • Estado de emergência: abaixo de 12%

A OMS recomenda reduzir a exposição ao sol e a realização de atividades físicas quando a umidade relativa estiver abaixo de 30%. Neste caso, é recomendado aumentar a hidratação, ingerindo mais água ou sucos naturais.

“Quando temos umidade mais baixa, combinada com aumento de temperatura, podemos ter sensação térmica um pouco maior. Em contrapartida, a partir de agosto é ocorre o aumento da velocidade média dos ventos, que podem amenizar essa sensação”, observa o meteorologista Vinícius Oliveira.