Três aprovações em vestibulares, incluindo uma em Medicina. Mais de 40 medalhas em olimpíadas científicas. Gosto imenso por matemática e física – e também por futebol, videogame, piano e canto. Sonho de ser astrofísico. Os feitos são grandes para uma idade pequena: pertencem ao cearense Alexandre Monte, de 13 anos.
No último vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o menino alcançou a nota máxima na redação e foi classificado em 1º lugar para o curso de Letras/Português. Antes, já havia sido aprovado em História, na própria Uece; e em Medicina na Universidade de Fortaleza (Unifor).
As provas foram feitas a convite da escola privada onde Alexandre estuda com bolsa, o Farias Brito, e ele se diverte ao contar: para o vestibular de História, estudou por 2 semanas. “Já pra prova de Medicina me convidaram 3 dias antes, fiz com os conhecimentos que já tinha”, lembra.
Mesmo para alguém nascido numa terra de sabidos, o desempenho de Alexandre foi notado pelos pais como precoce – desde o engatinhar até a entrada na escola, aos 2 anos de idade, quando a professora comunicou à família que ele “já sabia o alfabeto inteiro em português e inglês”.
“Ninguém tinha percebido isso”, relembra a mãe, Ana Cláudia Monte, 46. “A partir disso, observamos mais minuciosamente. Quando a gente saía, ele nunca quis revistinha, desenho… ia atrás de Atlas”, completa.
A família investigou e, então, aos 6 anos, Alexandre recebeu o laudo de altas habilidades e superdotação. No mesmo ano, conquistou a primeira medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA).
Para ele, porém, a superdotação é só um dos fatores para tantas conquistas. “Tenho facilidade, sim, mas de qualquer forma o esforço é muito importante. Ter uma rotina de estudos, focar no conteúdo. Estudar uma matéria num dia, e outra no seguinte”, recomenda o menino, falante apesar da timidez.
O apreço por matemática e matérias exatas é claro, mas Alexandre é enfático: “de matérias, gosto de todas. Estudar no geral eu acho incrível”. A grande paixão, porém, é a Astronomia. “Sempre me fascinou bastante, desde que eu era pequeno, com 2 anos. Comecei a ler um livro de astronomia e me apaixonei”, conta.
Aos 13, então, o cearense já tem planos traçados. Sonha em ser astrofísico formado pela Universidade Harvard, em Massachusetts, nos Estados Unidos. “Quero ter mestrado e doutorado. Como aqui no Brasil creio que não tenha essa força do exterior, pretendo ir pra fora com bolsa”, projeta.
Além dos estudos
A facilidade de aprender coisas novas não favorece só na escola, mas nos hobbies. Além do futebol que joga com o pai na praça “quase todo fim de semana” – e também no videogame, com o jogo Fifa –, Alexandre aprendeu e desenvolveu uma nova paixão: tocar piano.
A música soa não só dos dedos já habilidosos ao tocar o instrumento, mas também da voz. Ana Cláudia, mãe dele, garante: ter a voz reconhecida também habita entre os sonhos do garoto.
“O Alexandre é uma criança feliz. Pra ele, tudo está bem. É tranquilo, amoroso. Quando está feliz, ele canta. Quando está chateado, ele canta.”
Com os louros, por outro lado, vem a pressão, reconhece a mãe. Quando mais novo, quando o diagnóstico da superdotação ainda era recente, o pequeno chegou a fazer acompanhamento psicológico para lidar com a reação dos amigos ao próprio desempenho escolar.
“Os amigos diziam que ele não sabia brincar, só estudar. Mas hoje nos fortalecemos, nós e ele. Existe esse lado do gênio, mas também tem esse outro”, destaca Ana Cláudia, reforçando, porém, o que sente em relação a todas as faces do filho único.
“Ele é muito lindo. Tenho muito, muito orgulho.”