A jornalista cearense Suyane Lima, 24, foi avisada do início dos bombardeios que tomaram Israel enquanto estava em uma Sinagoga, na cidade de Har Brachá. Suyane mora em Jerusalém, mas estava em um município afastado para celebrar o Shabat e o Simchat Torah, neste sábado (7).
"Foi estranho porque você viu uma cidade que estava em pleno shabbat [dia do descanso, para a religião judaica], onde você não usa carro, onde você não usa telefone, e parecia um dia normal. Estava todo mundo usando carro, usando telefone, ligando para a família, tentando informar que estava tudo bem, que aqui não aconteceu nada", relatou em entrevista ao Sistema Verdes Mares.
'A sirene tocou, você corre'
Israel declarou guerra ao Hamas após o bombardeio nas primeiras horas de sábado. Suyane está no país para estudar a religião judaica e ela ainda não sabe se irá retornar a capital de Israel por avaliar que continua perigoso.
"Minhas amigas estão em Jerusalém, eu estudo em Jerusalém, elas estavam no bunker [uma espécie de abrigo subterrâneo]. Porque a sirene tocou, você corre. Então, de manhã a sirene tocou, você espera o outro toque para poder sair. Aqui não tem isso por ser uma zona mais segura, digamos assim. No momento, [elas] já estão no apartamento, com tudo fechado (das janelas as portas). O apartamento fica em Kyriat Moshe, centro de Jerusalém, em um bairro judaico", explicou.
Suyane ainda explica que em Jerusalém há bairros árabes, onde judeus não entram, pois podem ser mortos, e bairro judaicos. "Tem também bairros com maior concentração de cristãos, por exemplo, e algumas igrejas. Livre circulação", contou. Em cidades grandes ou que são alvos frequentes de ataques existem ainda esses bunkers que a população pode ir quando a sirene toca.
O transporte público intermunicipal de Jerusalém, segundo a jornalista, já retornou o funcionamento. "É uma precaução minha. Até pouco tempo a gente estava sem ônibus públicos rodando. Aí, eles voltaram a rodar. Mas todo mundo: 'não vem pra cá, não vem'. Eles estão atacando no meio da cidade, o que torna tudo mais perigoso", disse.
Entenda conflito
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas, após sofrer um bombardeio nas primeiras horas deste sábado (7). O movimento islâmico reivindicou a autoria do ataque.
Pelo menos 40 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas, segundo informações de equipes de socorro. "Cidadãos de Israel, estamos em guerra. Não em uma operação, não em rondas. Em guerra”, enfatizou Netanyahu em uma mensagem de vídeo.
O Hamas também declarou guerra contra Israel. O comandante militar do grupo Hamas, Muhammad Al-Deif, convocou um levante: "Se você tem uma arma, use-a. Esta é a hora de usá-la. Saia com caminhões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história".
Segundo Al-Deif, o bombardeio é uma resposta a Israel por supostos ataques às mulheres, à profanação da mesquita de al-Aqsa e ao cerco a Gaza. Ele revelou que 5 mil foguetes foram lançados contra os inimigos.
Sirenes de alerta de bombardeios soaram no sul e no centro de Israel, inclusive em Jerusalém. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou uma reunião de emergência com autoridades de segurança do País.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, sustentou que "o Hamas cometeu um grave erro esta manhã e lançou uma guerra contra o Estado de Israel. As tropas das FDI (Forças de Defesa de Israel) estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Apelo a todos os cidadãos de Israel para que sigam as instruções de segurança. O Estado de Israel vencerá esta guerra".