Apesar das chuvas de 2022, Bacia do Banabuiú tem 84% dos açudes em situação de alerta

Das 12 bacias hidrográficas do Ceará, apenas a de Banabuiú tem menos de 20% de volume médio armazenado

A significativa recarga hídrica conquistada pelos reservatórios cearenses não se aplica a todos os açudes do Estado. Uma bacia em particular tem amargado, há anos, pouca ou quase nenhum aporte. Ainda que as chuvas estejam caindo de forma considerável em boa parte do Ceará, elas não contemplam com a mesma generosidade a região do Sertão Central e Inhamuns. 

Essa é a região que apresenta, historicamente, as menores médias pluviométricas dentre todas as 8 macrorregiões. A média anual é de 676,2 mm, distante dos 1.083,8 milímetros da normal climatológica da macrorregião do Litoral de Fortaleza, a que possui a maior média histórica.

Uma das consequências diretas destes baixos índices é o estado de criticidade em que ficam os açudes. Dos 19 reservatórios que compõem a bacia hidrográfica do Banabuiú, 16 estão em situação de alerta, quando o volume hídrico é inferior a 30% da capacidade total. 

Apenas um tem mais de 90% do volume de água armazenado (Curral Velho, em Morada Nova) e outros dois possuem mais de 55% (São José I e II, em Boa Viagem e Piquet Carneiro, respectivamente). Sete estão no volume morto, isto é, com menos de 5%, e nove reservatórios têm entre 5% e 30%.

Aqueles açudes que não dispõem de tomada de água é contabilizado como volume morto abaixo de 5% de sua capacidade. Ou seja, a água armazenada não tem qualquer utilidade.

Dentro deste universo, está o Açude Banabuíu, o terceiro maior do Estado. O reservatório tem apenas 8,59% de armazenamento. Este percentual não ultrapassa a marca dos 10% desde 2014 e, o açude não supera o índice avaliado por especialistas como seguro (30%) desde setembro de 2013, há quase nove anos, o que evidencia o cenário crítico na região.

Monitoramento constante

Com tantos anos seguidos de baixos índices, a bacia do Banabuiú ganhou atenção especial por parte dos órgãos de monitoramento hidrológico do Ceará.

O diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Roberto Bruno Rebouças, reconhece a situação de criticidade da região e aponta que este cenário exige "monitoramento constante e ações específicas" para que a população siga com o abastecimento normalizado.

Dentre as medidas, Rebouças destaca a perfuração de poços profundos, instalação de adutoras ao longo dos últimos anos e, para a população difusa, assistência por meio de carros-pipas, que fornecem água potável àqueles que não têm acesso ao líquido.

Embora o principal açude da região, o Banabuiú, esteja com menos de 10%, e a maioria dos demais vivenciem situação de alerta, Rebouças garante que não há risco de desabastecimento para a população.

Para que a gente consiga manter as reservas no segundo semestre, época em que as chuvas cessam no Estado, é preciso termos consciência do uso racional da água.
Roberto Bruno Rebouças
Diretor de Operações da Cogerh

Cenário oposto 

A bacia do Banabuiú vive hoje uma particularidade. Ela é a única, dentre as 12 bacias hidrográficas do Estado, a ter menos de 20% de volume médio armazenado.

Apenas 3 - além da bacia de Banabuiú - estão com índice abaixos dos 30%, marca considerada como de segurança. Ainda assim, estas estão com volume acima dos 20%,  o que não exprime cenário de extrema alerta.

  • Curu: 20,8%
  • Médio Jaguaribe: 21,4%
  • Sertão de Crateús: 23,1%

A melhor bacia, em volume, atualmente é de Coreaú, com 95% da capacidade total de armazenamento. Em seguida, aparecem as bacias Acaraú (85,3%), Metropolitana (83,4%), Litoral (78,3%), Ibipiaba (59,1%), Salgado (58,2%), Alto Jaguaribe (48,3%) e Baixo Jaguaribe (43,9%).