Produtos de limpeza ganham mercado do NE

Empresário Francisco Assis Saraiva Mangueira é um exemplo de empreendedor de sucesso no Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: Marca completou 20 anos de mercado em abril e hoje fabrica mais de 40 produtos
Foto: Fotos: Antonio Rodrigues

Juazeiro do Norte. Quinto de nove filhos do casal de agricultores José Saraiva, o Zequinha, e Adalgisa Mangueira, o pequeno Francisco Assis Saraiva Mangueira só conheceu a "rua" - como no interior costuma chamar a cidade - aos nove anos de idade. Até os 10, estudou em casa, no Sítio Barreiro Branco, em Aurora, com uma professora particular que seu pai contratou para educar as crianças.

Com 11, Assis foi estudar na sede do Município. Todo dia, carregava lenha no lombo de três animais para vender e sua família se manter. Hoje, aos 59 anos comanda uma das maiores indústrias de produtos de limpeza do Nordeste: a Sabão Juá, marca que completou 20 anos no último mês de abril.

Antes de se tornar empresário, Assis estudou no Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira, onde, em seguida, trabalhou por cinco anos, até ser aprovado no concurso do Banco do Brasil, em Ipaumirim. Lá, trabalhou até 1995, mas antes disso, em 1990, devido à crise econômica que o País atravessava, resolveu empreender. Foi aí que surgiu a ideia de fabricar sabão a partir de pesquisas, mesmo que empíricas, que deram alguns resultados. Surge a Indústria e Comércio de Sabão Nova Aurora, mas isso era só o começo.

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Pela necessidade de educar a família numa cidade maior, Assis resolveu se mudar para Juazeiro do Norte. Na Terra do Padre Cícero, procurou criar outra atividade de renda e, como já tinha conhecimento sobre o produto de limpeza, alugou uma fábrica e criou a marca Juá, em abril de 1998.

No início, eram apenas quatro funcionários, depois, passou para seis e se consolidou com oito no primeiro ano, produzindo apenas sabão. "Mas sempre buscando o melhor, dar o máximo", ressalta Assis Mangueira.

Foram quase três anos na antiga usina Maria Amélia, até que a empresa conseguiu um prédio na Rua Antônio Mota Diniz e comprou novos equipamentos.

"A coisa já estava andando e lá ficamos até 2009. Em 2007 começamos a construção aqui, mas só pudemos vir em 2009 porque tem todo o processo de construção, autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", lembra o empresário.

A fábrica, localizada no bairro Planalto, com 17.600m², é dotada de um moderno parque industrial, com capacidade de produzir 1.800.000 kg de produtos de limpeza por mês. Desde o começo, Vicente Hildegardis de Lima, primo de Assis, trabalha na empresa. Ele também largou seu emprego em um banco para ajudar na parte financeira do empreendimento.

Lima lembra que, no início, o escritório era tão pequeno que não havia espaço para os clientes sentarem.

"Foi um tempo que demorou muito para começar. Fizemos a adaptação, pesquisa no mercado. Para terminar de montar a fábrica, eu, que não tinha experiência, ficava desesperado. Eram tantas despesas", brinca.

Certo dia, Assis voltou de Ipaumirim com um sabão "diferenciado", glicerinado. "Coloquei um clipe que dava pra ver ele dentro. Graças a Deus o produto assim que entrou acabou tendo um reconhecimento e foi crescendo. Fiquei impressionado como foi rápido dessa ascensão e a gente nunca deixou o padrão cair. Até hoje, o sabão é uma coisa que deu certo", completa Vicente Lima.

A chegada do sabão glicerinado foi um salto que a marca Juá teve em seus produtos. Era uma exigência do mercado. Na época, Assis contratou uma empresa para realizar uma pesquisa de mercado, para ter conhecimento de qual fragrância o público mais exigia, além do tamanho da barra. Nesse mesmo período, o empresário fez alguns cursos para se aprimorar. "O mercado de produto de limpeza é muito competitivo. Você tem que ter uma gama de produtos para disputar o espaço nos supermercados. Quando tem um produto só, fica difícil", explica

Diversificação

Daí, surgiu a necessidade de ter mais produtos "Juá" nas prateleiras. Por isso, em 2009, foram lançados os itens líquidos e em pó: lava-roupas, lava-louças, desinfetante, amaciante. "Tivemos uma evolução boa. Hoje contamos com mais de 40 itens", destaca Assis. De quatro funcionários, hoje a empresa possui 134. Em Ipaumirim, que mantém a marca Nova Aurora, são 23 trabalhadores. "Também temos terceirizados que prestam serviço em supermercado, na distribuição. São em torno de 160", acrescenta o empresário.

"Nossa perspectiva é que vamos evoluir. Todo dia procurar melhorias. Esse é nosso objetivo. Esse ano, fizemos trabalho de divulgação para mostrar para o consumidor que já somos 'de maior'", brinca. Os 48 itens da marca Juá estão presentes em todo o Ceará, além do Piauí, Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A distribuição acontece em logística própria, com uma frota de veículos da empresa que vende para quase todo Nordeste.

A cada semestre, a empresa realiza uma pesquisa para acompanhar sua atuação no mercado. No entanto, outro estudo mais aprofundado é realizado, anualmente, nos supermercados em que atua e, também, onde ainda não vende, para avaliar que tipo de produto o consumidor gostaria e onde a "Juá" deve investir. Desse trabalho, foram lançados o limpa-vidro, o limpador perfumado, o desengordurante, dois novos desinfetantes e três detergentes. Em breve, estarão na prateleiras o sabão de coco e o álcool em gel.

Este pensamento de ascensão contagiou Tiago Vieira, que entrou na empresa como supervisor de produção e, hoje, é gerente do setor.

"Quando entrei, minha visão limitava ao chão de fábrica. Passei a cursar Administração de Empresas e no contato com Assis fui pegando uma visão geral da gestão e também de mercado. Hoje, lido com fornecedores, representantes, outros empresários. É uma linguagem que agora compreendo", ressalta. Além disso, ele destaca a gestão participativa adotada pela Juá, que motiva os funcionários. "As pessoas se sentem parte quando dão ideias. Os desafios não param. Não fica satisfeito e sempre quer algo a mais", completa.

Inspiração

Da infância na zona-rural de Aurora, Assis se inspirou para batizar a marca com nome do pé de Juazeiro. Em 1998, veio na sua cabeça memória de sua infância quando as pessoas escovavam os dentes com a raspa do fruto. Logo, associou a planta comum no Nordeste a limpeza e, também, a responsabilidade ambiental que carrega na fábrica, seja no manejo de copos descartáveis ou no descarte do lixo industrial. "A história é construída no dia a dia. A gente tem uma equipe muito boa e comprometida com os resultados da empresa. Graças a Deus, a cada dia, a gente vê uma motivação", finaliza o empresário. (AR)

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