Hub de telecomunicações pode fazer mercado de data centers dobrar

Em perspectiva conservadora, cenário do setor no Ceará deve expandir em 25%, mas, com investimento atual e articulação de atores, tendência é alcançar 100% de crescimento

Escrito por Samuel Quintela - Repórter ,

Na perspectiva menos otimista do mercado para o setor de tecnologia, Fortaleza será, nos próximos anos, um hub de telecomunicações. Na melhor, a Capital já alcançou esse status. E é nessa perspectiva que o Ceará deverá registrar, em 2018, com uma previsão conservadora, um crescimento de 25% no mercado de data centers, mas com a possibilidade de dar um salto de 100% nesses investimentos, que são fundamentais para administrar e armazenar o fluxo digital de informação. Considerando apenas os empreendimentos em andamento, Fortaleza deverá ganhar três novas unidades desses centros de processamento de dados, representando uma alta nominal de 30%.

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Segundo o último levantamento da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE), a Capital possui nove data centers já em plena atividade, três em construção , e um deles ainda em fase de projeto. Entre os que devem começar a operar ainda este ano está um investimento da Angola Cables, que deverá ser responsável por operar os dados do Monet. Projetado pela empresa africana juntamente com o Google, a Antel e a Algar Telecom, o cabo de fibra ótica conecta Fortaleza a Santos, em São Paulo, e Miami, nos Estados Unidos. US$ 100 milhões deverão pagar o projeto.

Além do Monet, a Angola Cables está estabelecendo mais dois pontos de conexão, o WACS e o South Atlantic Cable System (SACS) - primeiro cabo de fibra óptica a ligar a África e a América do Sul. Para estes cabos, serão investidos US$ 90 milhões e US$ 160 milhões, respectivamente. Mas a expectativa de alguns players do mercado local, como Glauber Launa, gerente executivo da Mob Telecom, empresa cearense de conectividade é que nos próximos cinco anos Fortaleza tenha entre 10 e 15 cabos submarinos.

Concentração

"A perspectiva das empresas de tecnologia é que Fortaleza está se tornando um hub de telecomunicações, pela instalação dos novos cabos e isso vai fazer com que os dados acabem passando primeiro pela Capital cearense antes de passar por São Paulo, por exemplo", disse Sandra Mogami. "Mas esse fluxo vai criar a necessidade da instalação desses novos data centers e outros equipamentos para a transmissão dos dados", completou a coordenadora do 7º Congresso RTI de Provedores de Internet e do 9º Congresso RTI de Data Centers, realizados em Fortaleza, na semana passada.

Pensando nessa demanda é que a Mob Telecom está trabalhando no projeto de um data center voltado para ser funcionar como uma rede de entrega de conteúdo (CDN, do inglês content delivery network). A empresa cearense, que registrou um crescimento de aproximadamente 500% nos últimos cinco anos, afirmou que ainda não há previsão de custos ou conclusão para a unidade, mas segundo Glauber Launa, a velocidade de evolução do mercado pode acabar acelerando o processo.

"Tudo pode mudar, e nos próximos três meses a gente pode começar a montar esse projeto, que vai ajudar a pegar informações de forma mais rápida, melhorar a performance, o tempo de resposta e a qualidade da entrega de dados para os nossos clientes", disse. Sem os data centers locais, as empresas precisam, virtualmente, levar e buscar dados em servidores nos Estados Unidos, por exemplo. Com os novos investimentos, a latência dos processos deverá diminuir consideravelmente e elevar a qualidade de vários serviços, como os provedores de internet, que poderão ofertar serviços com maior capacidade.

Investimento

Outra empresa que anunciou novidades é a GlobeNet, que irá abrigar um ponto de interconexão central do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto (NIC.br). A infraestrutura será instalada no data center da GlobeNet, na Praia do Futuro, deverá iniciar as operações ainda em abril deste ano, e contará com um investimento de R$ 8 milhões, sendo R$ 5 milhões do NIC.br A expectativa da GlobeNet é que esse Ponto de Troca de Tráfego de Internet (PIX) se torne o segundo ponto de interconexão mais importante do país.

Incentivos

No entanto para que esse mercado possa se desenvolver, na visão dos players do mercado, há o consenso de que é praticamente impossível haver investimentos sem políticas governamentais de incentivo fiscal. Algo que também não passa despercebido pela administração municipal. De acordo com Paulo Barbosa, coordenador de projetos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, a Prefeitura projetou um dos braços do programa Fortaleza Competitiva justamente para fomentar o crescimento do mercado e tecnologia e impulsionar a instalação de novos data centers. Os incentivos chegam a conceder até abatimento total de alguns impostos, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Procurado, o Governo do Estado não se pronunciou por não ter ninguém apto a falar sobre o assunto após a saída do ex-secretário Inácio Arruda, que deixo o cargo para disputar as eleições deste ano.

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