CE precisa de novos atrativos para investimento industrial

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,
Legenda: Atualmente, a indústria corresponde a 20% do Produto Interno Bruto do Estado, mas a participação do setor vem crescendo ano a ano
Foto: FOTO: ELIZANGELA SANTOS

Com uma economia com forte dependência do setor de serviços, que corresponde a cerca de 75% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, o Ceará tem registrado, nos últimos anos, crescente avanço no setor industrial, principalmente de empresas exportadoras. Entretanto, se nas últimas décadas a principal ferramenta de atração dessas companhias eram os incentivos fiscais, hoje a visão é de que o Estado necessita de novos atrativos, como, por exemplo, maior oferta de mão de obra qualificada e de uma malha logística que favoreça o escoamento da produção.

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"É preciso criar condições de infraestrutura que estimule a atração de investimentos, além dos incentivos de benefícios fiscais", diz o economista e consultor Sérgio Melo. "No momento em que o Nordeste tiver as mesmas características de outras regiões, principalmente de infraestrutura, porque sem isso você não consegue atrair investimentos. Então, com esses investimentos não será mais necessários os incentivos fiscais".

Para Melo, hoje ainda é difícil que um empresário estrangeiro opte por se instalar no Norte ou Nordeste diante de gargalos em infraestrutura ou de formação de mão de obra. "O investimento internacional precisa de um conjunto de regras que o estimulem a vir para outra região, porque se ele puder ir para o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais ou paraná, ele vai para lá e não para o Nordeste", diz.

Embora seja crescente a participação de empresas exportadoras na economia do Ceará, especialmente da indústria calçadista e do setor do aço, Melo diz que a formação de mão de obra qualificada pode mudar a realidade da indústria da região. "As diferenças entre as regiões Sul e Sudeste com as regiões Norte e Nordeste ainda são muito grandes. E as empresas de tecnologia, com maior valor agregado, têm muita dificuldade de vir para cá, mesmo com incentivos, porque não temos mão de obra qualificada".

Impacto econômico

Com 20% de participação no PIB do Ceará, o setor da indústria cresce ano após ano e, com o desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), a tendência é de que o Estado, que historicamente tem uma balança comercial deficitária, passe a registrar superávits de forma consistente. Para Ricardo Coimbra, mestre em economia pela UFC, o Estado deve dar continuidade ao que está sendo feito no âmbito econômico, mas é preciso de políticas regionais, por parte do Governo Federal, que deem suporte a esse desenvolvimento. "É preciso de políticas efetivas de redistribuição dos investimentos públicos e a atração de investimentos para o País como um todo, e para o Nordeste em particular", diz Coimbra. "Para gerar uma perspectiva para os investimentos na nossa região, que é menos desenvolvida, fortalecendo sobretudo a cadeia logística, de estradas, portos e aeroportos", diz.

Outro fator que deve ser priorizado é a segurança pública, que cresceu de maneira mais forte no Nordeste. "É preciso que haja uma maior coordenação do governo federal com os estados de combate ao crime organizado", afirma o economista Henrique Marinho.

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