A cantora cearense Giovana Bezerra vive um momento fértil na carreira e na vida. De novembro de 2023 para cá, ela lançou um show homenageando cantoras brasileiras, se apresentou na Virada do Ano no Aterro da Praia de Iracema ao lado de grandes nomes da música do País, prepara trabalho autoral e aguarda a chegada de seu primogênito, João, ainda no primeiro semestre. As tanta conquistas, no entanto, vem junto a preocupação sobre o que pode abrir ou fechar portas para ela, como contou ao Que Nem Tu, desta quinta-feira (25).
OUÇA UM NOVO EPISÓDIO A CADA QUINTA-FEIRA, NO SEU TOCADOR DE PODCAST PREFERIDO:
"Eu tinha tantos medos de portas profissionais se fecharem. E foi exatamente o contrário. No momento que eu engravidei, as maiores oportunidades da minha vida começaram a surgir de repente. Claro que foi fruto de muito trabalho dos últimos anos, mas de repente, surgiu a oportunidade de fazer um show, do réveillon, do autoral... Tanta coisa incrível foi surgindo que eu atribuo como uma benção de Deus. Na minha cabeça eu achava que eu não conseguiria conciliar. É claro que o João não nasceu ainda, que a maternidade quando o bebê nasce, é outra história", compartilhou a artista.
A maternidade não a parou, como ela imaginou. "Eu tô me vendo muito mais leoa, mais forte, mais capaz de enfrentar desafios, fazer coisas diferentes, trabalhar mais. Foi pra quebrar minha cara, pagar minha língua. Aquele medo que eu tinha não tem mais", completou. Sem parar, a cearense vai equilibrando-se também entre o perfeccionismo e a realização.
Giovana contou sobre sua relação com a arte, que vem desde a infância. Ela, que quando criança, subiu no palco para se apresentar em festivais de dança Brasil afora, se viu cantora só adulta. A síndrome de impostora já a acompanhava desde a adolescência. Por mais performance que apresentasse como bailarina ou como cantora, nada era capaz de fazê-la aceitar que sua arte boa o suficiente para legitimá-la como artista.
Ela até chegou a ser professora de dança, mas acabou escolhendo como profissão o direito. No entanto, a paixão por musicais a fez buscar cursos fora do país. A Broadway rondava seus sonhos. Quando voltou ao Brasil e conseguiu uma vaga em um musical da Broadway no Rio de Janeiro, dirigido por Miguel Falabella, ela mudou a chave para se enxergar cantora e bailarina.
"Eu batalhei muito tempo com minha insegurança. Mas por muitos anos eu não me achei boa o suficiente para ocupar os lugares que ocupo hoje. Eu achava que a dança não era suficiente, o canto não era suficiente e que talvez eu estivesse ocupando o espaço de alguém melhor que eu. Era auto - boicote mesmo. A primeira vez que eu fiz o musical da Broadway no Brasil, que foi no RJ com Miguel Falabella, eu só fui porque uma amiga me obrigou a mandar um vídeo. E eu achava que o vídeo não tinha ficado bom. Eu passei e fiz personagens. Foi uma grande coisa pra mim. E a partir dalí eu comecei a pensar que eu estava criando coisa na minha cabeça de que não era merecedora. Na verdade tá todo mundo enxergando uma coisa que eu não enxergo. E eu passei a me olhar de outra forma".
Depois dessa temporada, Giovana abandonou o direito e passou a investir na carreira. Cantou em banda de pop-rock, fez bloco de carnaval, apostou no mercado de eventos e criou um nome forte em Fortaleza. No ano passado, em 20 dias, montou um show homenageando suas grande idolas na música brasileira. O "Mulheres do Brasil" a fez passear pelo repertório de Rita Lee, Gal Costa, Elis Regina, Alcione, Elza Soares, Marisa Monte entre outras. Ela levou orquestra e um público grande para o teatro e celebrou a mulher na música.
Um dos ponto-alto da sua carreira foi o Réveillon de Fortaleza. Giovana foi um dos nomes locais convidados para cantar no último dia do ano no Aterro da Praia de Iracema para uma multidão de gente. Na entrevista, ela conta da emoção que foi cantar para um público tão diverso. Mais emoções estão por vir. O projeto de música autoral está no forno e ela quer gestar junto com o filho e colocar para o mundo também em 2024. Tudo ao mesmo tempo e agora.