Rico em propriedades nutricionais, o pequi é benéfico à saúde do organismo, da pele e do cabelo e das unhas. Essa é uma boa notícia para o cearense mais especificamente da região do Cariri, que não dispensa a famosa pequizada. O prato faz parte da cultura gastronômica dos moradores e saboreado por visitantes. Além da polpa, do fruto são extraídos a castanha e o óleo, ingredientes utilizados no feitio do baião de dois, carnes, arroz e tantas outras iguarias, as quais provocam saciedade e prazer aos amantes do sabor e cheiro intensos do fruto.
Natural do cerrado brasileiro, no Ceará, o pequi é encontrado em maior escala na chapada do araripe (mancha de cerrado). Além do sul do Estado,o fruto também tem sagra em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Piauí, Maranhão e Minas Gerais, notadamente. Fora do Brasil, o Presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos do Ceará, Flávio Barreto diz saber da existência do pequizeiro na Bolivia.
Portanto, para quem não aprecia o fruto de cor amarela deve ficar atento as suas inúmeras funcionalidades.
Da família botânica caryocaraceae, o pequi é rico em antioxidante, minerais e vitaminas A, C, do complexo B e betacaroteno. Propriedades destacadas pela nutricionista especialista na área esportiva e com atuação em emagrecimento, Fernanda Lopes, como excelentes para visão, imunidade e até para um bom bronzeado.
"Por ser um fruto que contém ácidos graxos monoinsaturados, ele auxilia na redução do colesterol e retarda o processo de envelhecimento", afirma a nutricionista.
O pequi é fonte de fibra. O consumo da polpa melhora os quadros de constipação, cólicas e desconfortos gastrointestinais. A profissional relata que, pesquisas científicas mostram o valor nutricional e a importância do pequi na redução dos radicais livres, formadores de doenças crônicas, inflamatórias e até o no tratamento do câncer.
Consumo
Fernanda revela que, para além das infinitas possibilidades de criar pratos com o fruto, ele também pode ser saboreado cru. Ou seja, suas opções de consumo são diversas. O óleo extraído da polpa e do caroço do pequi é bastante utilizado na culinária, e segundo a nutricionista, ele funciona na hidratação de cabelo, da pele e das unhas. "Já a extração do líquido proveniente da castanha do pequi é usado pelas indústrias de biscoitos e na fabricação de cosméticos, a exemplo de xampu, condicionador, máscara capilar, sabonetes, cremes, entre outros", pontua a nutricionista.
O óleo extraído do pequi tem propriedades expectorantes, auxiliando em problemas respiratórios. Recurso utilizado com frequência pela educadora popular Francisca da Silva. "Uso o óleo do pequi para tratar inflamação na garganta, como expectorante, na cicatrização (ferimentos internos e externos), dor de cabeça e indigestão". A quantidade ideal são duas colheres de sopa pela manhã e à noite, confessa a moradora do Crato no Ceará.
Farto em propriedades beneficentes, a casca e a folha do pequi também são aproveitadas. Conforme Fernanda Lopes, a casca, após o processo de industrialização pode ser usada no preparo de farinha, sabão e na fabricação de geléias e doces. Já o chá da folha do pequizeiro funciona como regulador do fluxo menstrual.
A nutricionista afirma que não existe restrição para o consumo do pequi, "a não ser que após a ingestão a pessoa identifique alguma intolerância ou alergia ao alimento, fora isso todos podem degustá-lo, seja cru ou cozido, em preparações doces, salgadas, em molhos, picolés, licores, conservas ou em outras formas", diz.
Armazenamento
No Cariri, a safra do pequi acontece no período de janeiro a abril. Para garantir o consumo no restante do ano, o jeito é congelar o fruto. Mas como fazer isso sem prejuízo de nutrientes? A indicação da Fernanda é: retirar a casca e congelar em sacos plásticos. Essa forma de armazenar mantém as propriedades nutricionais e maior durabilidade do fruto. A qualidade é outro fator importante na hora de adquirir o produto.
"Para escolher um bom pequi é bem simples. A pessoa deve avaliar a casca, quando o fruto está maduro, ela fica mais maleável, amolece um pouco. Sinal de que está pronto para o consumo", aconselha a especialista.
Modo de comer
Esqueça o talher, pequi se come com a mão e com cuidado. Apesar de a polpa ser carnuda, o contato com os espinhos deve ser evitado.
Outro detalhe importante para quem nunca comeu o fruto. Ele deixa as mãos oleosas e os dentes amarelos. O gosto forte também fica na boca por bastante tempo. Enfim, o consumo do pequi é para quem está disposto a se aventurar na gastronomia exótica. A educadora popular Francisca da Silva é considerada uma especialista quando o assunto é montar a mesa com refeições à base de pequi. Seja qual for o prato principal, a farofa feita da castanha de pequi tem seu cantinho reservado no prato. Isso porque, além de saborosa, ela é fácil de fazer.
"Após assar a castanha, basta colocar a quantidade desejada no liquidificador, acrescentar farinha e sal a gosto, liquidificar e está pronta", ensina Francisca.
Francisca se apropria da farofa para incrementar as refeições do dia. "Como a farofa pura, com café, arroz, feijão, carne, galinhada, com tudo". Apreciadora do pequi, a educadora reconhece os benefícios do fruto e acrescenta, "ele hidrata a pele e até eleva a autoestima"
Receitas
O chef consultor de Juazeiro do Norte Felipe Lustosa também apresenta algumas de suas receitas com pequi, a exemplo da pequizada, do baião de dois e da farofa. Para ele, o segredo de uma boa pequizada é ter em mãos bons frutos, fazer um bom refogado e seguir o passo a passo. “É um prato rápido e prático de fazer, os ingredientes são simples, toda dona de casa tem na geladeira, e fica pronto em 20 minutos”. Anote as dicas do chef.
Pequizada
Ingredientes
1 tomate picado
1 pimentão picado
1 cebola branca
2 dentes de alho
2 colheres de sopa de azeite
2 pimentas-de-cheiro
1 litro de leite
15 caroços de pequi
Coentro, cebolinha, pimenta-do-reino e sal a gosto
Modo de preparo
Com a panela quente, coloque um pouco de azeite para refogar a cebola. Deixe-a dourar, em seguida coloque o alho e o pimentão, refogue um pouco e acrescente a pimenta-de-cheiro, tomate, pimenta-do-reino, colorau e leite. Em seguida o leite, deixe uns 5 minutos até ferver e inclua o pequi. Deixe cozinhar entre 10, 15 minutos. Acrescente sal a gosto. O coentro e a cebolinha devem ser acrescentados por último, para garantir o sabor e o frescor deles, na hora de servir.
Baião com pequi
Ingredientes
2 xc de arroz cru
2 xc de feijão verde
1 cebola roxa média em cubos pequenos
1 pimentão verde médio em cubos pequenos
3 dentes de alho picadinho
3 pimentas de cheiro picadas
4 caroços de pequi
Coentro e cebolinha a gosto
Sal e pimenta a gosto
150g de queijo coalho em cubos pequenos
200g de creme de leite
300ml de leite
50ml de manteiga da terra
Modo de preparo
Em uma panela refogue a cebola, o pimentão, a pimenta de cheiro, o alho na manteiga de garrafa até começar a dourar. Em seguida acrescente o feijão, refogue um pouco e acrescente 6 xícaras de água e os caroços de pequi.Quando chegar na metade do cozimento do feijão acrescente o arroz, o sal e a pimenta a gosto e deixe no fogo médio até secar a água. Quando secar acrescente o leite, o creme de leite, o queijo em cubos e mexer até secar um pouco.Finalize com coentro e cebolinha.
Farofa de pequi
Ingredientes
500g de farinha panko ou de mandioca
1 cebola roxa picada em cubos pequenos
4 dentes de alho
2 colheres de sopa de manteiga
Contro e cebolinha picados a gosto
4 colheres de sopa de óleo de pequi
Sal a gosto
Modo de preparo
Coloque a manteiga e o óleo de pequi em uma frigideira, quando esquentar doure o alho e em seguida acrescente a cebola.Acrescente o coentro e a cebolinha e refogue mais um pouco. Coloque a farinha panko ou de mandioca e mexa sem parar até torrar e dourar a farinha. Finalize com o sal a gosto.