Mulheres em foco na arte: Unifor celebra 50 anos com exposição que discute questões de gênero

“Elas - De Musas a Autoras, Unifor 50 anos” tem abertura nesta quinta-feira (16) e fica em cartaz até dezembro deste ano

Uma ampla discussão sobre vários aspectos da questão de gênero por meio de um apurado olhar artístico. Nesta quinta-feira (16), o Espaço Cultural Unifor inaugura uma exposição cuja proposta é mergulhar nessa temática. “Elas – De Musas a Autoras, Unifor 50 anos” reúne cerca de 150 obras da Coleção Fundação Edson Queiroz. 

A mostra, comemorativa dos 50 anos de criação da Universidade de Fortaleza, tem curadoria de Denise Mattar, uma das mais respeitadas e premiadas curadoras brasileiras. A visitação é gratuita e aberta ao público, com patrocínio do Banco Santander e apoio da Nacional Gás, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Lei Rouanet. 

A exposição ocupará as três alas do pavimento superior do Espaço Cultural Unifor. A primeira será destinada às Musas e abrigará obras de artistas homens que elegeram a mulher como tema; na segunda, intitulada "Autoras", serão exibidas obras de artistas mulheres, já reconhecidas como autoras; além do espaço "Diálogo", para debates, intervenções e ativações, no qual acontecerão atividades de interação entre cursos da Unifor e a exposição apresentada, bem como bate-papos da comunidade acadêmica e público externo com convidados.

“A exposição apresenta um recorte inédito da Coleção Fundação Edson Queiroz, ao exibir obras que abordam a perspectiva das mulheres e sobre as mulheres nas artes visuais", introduz o Reitor da Unifor, Prof. Randal Pompeu.

"A partir desse mote proposto pela curadora Denise Mattar, abre-se um amplo espaço para debate junto aos diversos cursos da Universidade de Fortaleza, tendo em vista que se trata de uma mostra comemorativa aos 50 anos da Unifor. Diante disso, preparamos um ambiente de interação com a comunidade acadêmica dentro do Espaço Cultural Unifor, no sentido de concretizar a premissa da Universidade de trabalhar de forma integrada o ensino, a pesquisa e a extensão”.

Reconhecimento

Denise Mattar reflete que durante um longo período – da colônia extrativista à chegada da Família Real e o estabelecimento da Academia de Belas Artes – coube à mulher apenas o papel de Musa. Segundo ela, o quadro se modifica um pouco com a chegada do Modernismo, que, bastante diverso de outros países, tem em duas mulheres, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, as mais importantes artistas plásticas. 

A curadora lembra também as artistas Lygia Clark e Lygia Pape, que alcançaram reconhecimento nacional e internacional nas décadas de 1950/70, e ainda as contemporâneas Adriana Varejão e Beatriz Milhazes.

O arco temporal desse conjunto de 63 obras de 30 artistas homens tem início no período colonial e se estende até a contemporaneidade. Vale observar que grande parte dos autores apresentados teve a mulher como tema ao longo de toda a carreira. É o caso de Di Cavalcanti e Portinari, inclusive responsáveis por introduzir na nossa arte os rostos e corpos negros e mestiços, tipicamente brasileiros.

A expansão do abstracionismo, na década de 1950, levou um progressivo abandono da figuração, incluindo a representação da mulher. Nas décadas de 1970 e 1980, há alguma retomada da figura, e artistas como Siron Franco, João Câmara e, posteriormente, Vik Muniz se debruçam sobre a figura da mulher, porém não mais vistas como musas, mas através de um olhar crítico e atento à sociedade.

Protagonismo

Na ala das Autoras, são apresentadas 83 obras de 33 artistas mulheres já reconhecidas como autoras. Não por acaso, esse núcleo tem início na década de 1920, momento no qual a introdução do modernismo traz uma maior integração das mulheres ao circuito de arte. 

Embora menos contundente do que nos anos 1920, a produção de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral se estende até os anos 1950, quando o abstracionismo revela a figura ímpar de Judith Lauand. 

Homenageada com uma retrospectiva ainda em cartaz no Museu de Arte de São Paulo, a artista, recentemente falecida, foi a única mulher a integrar o Grupo Concretista de São Paulo. Já no Rio de Janeiro, são personagens importantes as já citadas Lygia Clark e Lygia Pape.

A abstração lírica é muito bem representada pelas mulheres. Além da pioneira Maria Helena Vieira da Silva, portuguesa que viveu no Brasil nos anos 1940, criando um importante círculo artístico no Rio de Janeiro, a exposição contemplará artistas extraordinárias como Tomie Ohtake, Maria Leontina, Yolanda Mohalyi, Maria Polo, Ione Saldanha, bem como artistas com trajetórias muito particulares como Mira Schendel e Heloísa Juaçaba.

Anna Maria Maiolino, Wanda Pimentel, Iole de Freitas participaram ativamente da revolução de costumes dos anos 1970, abrindo caminho para a Geração 80 com expoentes como as também já citadas Adriana Varejão e Beatriz Milhazes. O núcleo alcança a contemporaneidade com artistas como Mariana Palma, Gabriela Machado e Waléria Américo.

Unifor 50 anos

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, chega aos 50 anos em 21 de março deste ano. Nesse meio século de existência, a instituição formou mais de 100 mil profissionais de excelência em todas as áreas do conhecimento, contribuindo não só para a formação técnica, mas também humana desses indivíduos. 

Ao longo desse período, a Universidade tem acumulado várias experiências exitosas no ensino, na pesquisa e na extensão, com credibilidade e reconhecimento nacional e internacional; a Unifor é atualmente a melhor instituição particular de ensino superior das regiões Norte e Nordeste, segundo o ranking britânico Times Higher Education (THE).


Serviço
Exposição Elas – De Musas a Autoras, Unifor 50 anos
Abertura nesta quinta-feira (16), às 19h, no Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz). Exibição: 17 de março a 10 de dezembro de 2023. Visitação gratuita: terças a sextas, 9h às 19h; sábados e domingos, 12h às 18h