Médico Darival Bringel é homenageado com o Troféu Sereia de Ouro

O Desembargador Cid Marconi, o empresário Ricardo Cavalcante e o Cartunista Mino também recebem a comenda do Sistema Verdes Mares, na sexta-feira (4), no Theatro José de Alencar

A irrestrita dedicação pelo cuidar despertou para Darival Bringel de Olinda ainda criança. A medicina concretizou o sonho e permanece o farol desta generosa jornada. São 50 anos dedicados ao fazer médico, uma carreira evidenciada pelo gestor dinâmico e defensor do ser humano em primeiro lugar.  

Tais atributos fizeram do pneumologista um dos grandes nomes na história do cooperativismo médico brasileiro. Formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1972, guarda elogiada atuação como Coordenador do Serviço de Pneumologia Sanitária do Estado do Ceará.  

Darival Bringel possui trajetória única no Sistema Unimed. Foi presidente da Unimed Fortaleza por três gestões (1986 a 1998). Dos feitos em sua administração destaca-se a construção do Edifício Sede da Unimed e do Hospital Regional Unimed de Fortaleza.  

A família é o alicerce na construção desta jornada. E foi acompanhado dos irmãos, da esposa Elda Braga Olinda, das filhas Raquel, Marília e Denise; dos netos e genros que esta referência médica compartilhou o sentimento de ser agraciado com Troféu Sereia de Ouro. A generosidade e o caráter pioneiro deste cearense remontam às origens na querida Saboeiro natal. 

Medicina por vocação   

Quarto filho do comerciante Edmundo Olinda Cavalcante e da professora Dáulia Bringel, o homenageado guarda na memória uma infância das mais felizes. O cotidiano lúdico envolvia sair da escola, fazer dever de casa sob orientação da mãe e depois muita liberdade para tomar banho de rio, brincar de futebol na rua e pescar.   

Contudo, o contexto social daquela comunidade também reunia certas dificuldades. Darival Bringel afirma que a população do município estava à mercê de doenças infectocontagiosas como sarampo, catapora, varíola e poliomielite. A ausência de médicos ou remédios na localidade agravava este cenário.  

Testemunhar o sofrimento de pessoas tão queridas e próximas mexeu profundamente com aquele menino. "Quando fui estudar em Campo Sales, lá tinha um médico muito competente e que resolvia tudo na cidade. Chamou atenção a figura do doutor Cícero. Era um grande profissional e acho que esses modelos que criamos terminam decidindo a profissão", compartilha Darival Bringel.  

“Saboeiro não tinha ginásio, minha mãe, como educadora, exportava os filhos para o Ceará todo. Um foi estudar em Quixeramobim, outro veio a Fortaleza, um foi para Salgueiro (PE). Onde tinha parente ela mandava o filho para estudar”, rememora.  

Veio a necessidade de concluir o então terceiro científico e tentar vestibular na tão desejada área da medicina. “Ao concluirmos o ginásio, eu e Edmundo, meu irmão mais velho, chegamos para papai e perguntamos: E agora?” O patriarca reservou colégio e hospedagem para os irmãos. É quando a Capital cearense cruza o caminho deste jovem repleto de aspirações.  

"Tinha 15 anos, sozinho dentro de um trem para Fortaleza. Chegamos na estação João Felipe, dois garotos, né? Pegamos táxi com o endereço determinado. Sei que nos viramos, estudando no colégio João Pontes à noite”, resgata acerca daqueles primeiros anos de cidade grande. 

Visão humanitária 

Darival Bringel conciliava os estudos com trabalho. O primeiro emprego foi no Armazém São Francisco, localizado na Rua Major Facundo, região central de Fortaleza.  A bordo de uma lambreta realizava pagamentos na rede bancária. Ajudava também a organizar os tecidos que iam para o interior do Estado.   

A experiência seguinte foi no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), quando prestou concurso para o cargo de escrevente datilógrafo. Continuou fazendo o científico à noite, até conquistar uma vaga no vestibular. “Fui convidado a ficar no DNOCS, mas desisti. Era médico o que eu queria ser”, reforça.     

Já no sexto ano de medicina, veio o estágio no então no Hospital de Messejana, hoje Hospital Alberto Studart Gomes. Foi o primeiro residente de pneumologia do hospital. Darival Bringel passou no concurso da Secretaria de Saúde do Ceará e iniciou trajetória como médico. Deste período, a lembrança mais viva é marcada pelo signo da solidariedade e inclusão.  

“Fui designado para o Pirambu, na Unidade Sanitária Carlos Ribeiro. Lá, conheci uma enfermeira muito interessante, dona Maria Morais. Nasceu no Pirambu, se formou por lá, fez curso no Rio e voltou para suas atividades profissionais naquela comunidade” situa. 

Darival Bringel e Dona Maria Morais eram responsáveis por identificar e tratar todos os tuberculosos do Pirambu, Barra do Ceará, Olavo Bilac, Morro do Ouro e Avenida Sargento Hermínio. Atendeu aquela população por mais de 20 anos e faz questão de afirmar o quanto aprendeu com aquela realidade.  

“Foi uma experiência que me deu a qualidade de ver o mundo de uma maneira diferente. Por ser as pessoas mais humildes, tentei protegê-las, dar apoio. Isso me humanizou muito como médico. Deixei aquela linguagem técnica e comecei a usar linguagem do povão. Deu-me a formação humanística. E hoje, vejo isso de uma maneira bastante positiva”, recupera o agraciado.   

“Aprendi a ser mais humano na medicina, ouvir mais. Proteger aquelas pessoas sem oportunidade na vida, sem emprego, sem renda familiar. Foi uma experiência muito rica. Aí, fui nomeado para ser coordenador de serviço de pneumologia sanitária do Ceará. Foi quando implantei essa estrutura de tratamento da tuberculose no Estado todo, como supervisor”, reconhece Darival Bringel. 

Pioneirismo 

Mesmo com a carreira profissional consolidada e repleta de êxitos, o cearense não se curvou diante de novos desafios. É quando Darival Bringel passa a se envolver com o ramo das cooperativas médicas. Uma área, naquela altura, desconhecida por boa parte dos trabalhadores do setor.   

No final dos anos 1970, o presidente do sindicato dos médicos, doutor Juarez Carvalho, o convocou para uma reunião. "Por indicação do Sindicato dos Médicos você será o vice-presidente da Unimed Fortaleza", relembra o homenageado.  Daquele encontro surgia a missão que revolucionaria a forma de lidar com a saúde no Brasil e Ceará.  

Pela primeira vez o filho de Saboeiro ouvia falar do modelo de sistema cooperativo. A partir daquele convite, iniciava a pioneira jornada que celebra hoje 43 anos. Por conta das inúmeras viagens a trabalho pelo Brasil, exigência do cargo, Darival decidiu parar com as atividades em consultório. Uma escolha em respeito aos pacientes de longa data. 

“Não estava mais estudando medicina. Nem estava mais cumprindo horário de consultório. Decidi parar e dedicar-me ao cooperativismo. A família questionou muito. Mulher, mãe, minhas filhas. Mas, reafirmei. ‘Tá aqui meu carimbo, meu receituário. Eu vou lutar pelo cooperativismo médico’”.    

Como presidente da Unimed Fortaleza, o cearense teve a oportunidade de comandar a construção da sede própria localizada na Avenida Santos Dumont, na Capital. Sedimentando, em 1990, a imagem da Unimed Fortaleza em todo o território cearense.   

Oito anos depois deste feito, a gestão Darival Bringel entregou o Hospital Unimed Fortaleza. Com estrutura de 27.304 m² de área construída, o equipamento é referência atual em procedimentos de alta complexidade no Ceará.  “Foi o coroamento de minha atividade como presidente da Unimed Fortaleza”, destaca o contemplado com o troféu Sereia de Ouro.   

Nestas quatro décadas de dedicação ao cooperativismo, exerceu o cargo de diretor de mercado da Unimed do Brasil (responsável por toda a assistência do plano no País). Atualmente, Darival Bringel desempenhas as funções de Presidente das Federações da Unimed no Ceará. Coordena o total de 10 unidades no estado (nove delas no interior). A visão administrativa envolve o comprometimento de garantir acessibilidade e facilitar a vida do cidadão.   

"Nossa preocupação é decentralizar essas unidades da Capital, dar acesso e diminuir custos para que camadas de menor poder aquisitivo tenham plano de saúde regionalizado e qualificado. Sai da visão individual para uma coletiva. É proporcionar condições de trabalho para todos os profissionais como psicólogas, assistentes sociais, nossos fisioterapeutas”, elenca o agraciado.  

Darival Bringel explica que atua como um gerente da economia popular. “A família deposita todo mês aquela parcela para podermos gerenciar. Então, nós temos que administrar com muita competência, seriedade para quando as famílias precisarem, termos condições de retribuir". 

A comenda 

Aos 76 anos, o médico cearense preserva a incansável dedicação. Um sentimento imbuído de nobreza e marcado pela busca em propiciar o bem-estar. Saber da homenagem com o Troféu Sereia de Ouro o fez refletir acerca das cinco décadas de labuta na medicina.  

“Lembro quando o Chanceler Edson Queiroz lançou o troféu Sereia de Ouro, tenho essa imagem, é um filme que passa em minha cabeça. Fico muito feliz por essa coincidência dos 50 anos de troféu Sereia de Ouro e da minha atuação médica”, destaca. 

"Me chamou muita atenção o prestígio do Grupo Edson Queiroz, do Troféu Sereia de Ouro para a população de Fortaleza e o Ceará. O que recebi de manifestações de carinho, telefonema, abraço, apoio, é uma coisa impressionante. Quero publicamente dizer, indo além da alegria de receber este troféu, que é para mim uma honra extraordinária a família toda alegre, os amigos me cumprimentarem, pessoas que não são do círculo de minha amizade me abraçarem", descreve atentamente.  

Do alto da experiência e da incansável busca por melhorias nas condições de vida da população, o filho de Saboeiro exalta a importância do Troféu Sereia de Ouro no reconhecimento de notáveis cearenses. "É uma felicidade enorme. Até por que em 50 anos de Sereia de Ouro, são mais de 196 agraciados, estou em boas companhias. Muito feliz por receber essa condecoração. Agradeço a todo o Grupo Edson Queiroz por esta oportunidade. Sempre tive carinho pelo empreendedorismo e pelo cearense que foi Edson Queiroz. O Troféu Sereia de Ouro é algo extraordinário para mim”.