Mauc e Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) sediam 13ª Primavera dos Museus; Veja programação

Objetivo da ação é alertar para a necessidade de preservar a memória e ampliar o acesso da população aos museus brasileiros

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) coordena a 13ª Primavera dos Museus. Até 29 de setembro, 848 instituições de todo o Brasil protagonizam um total de 2.650 eventos. Entre outras atividades, o público pode conferir uma agenda marcada por seminários, exposições, oficinas, visitas mediadas, exibições de filmes e palestras. 

Em 2019, a programação é norteada pelo tema “Museus por dentro, por dentro dos museus”. A proposta é aproximar público e museus do debate em torno da preservação destes espaços. Engajar a comunidade a abraçar e defender o cotidiano museológico.

Fortaleza também está no mapa do evento e reúne os esforços conjuntos do Museu de Arte da UFC (Mauc) e Museu da Fotografia Fortaleza (MFF). As duas instituições realizam o “Seminário Interinstitucional Por dentro e para além dos museus: arte, educação e patrimônio”. O evento é aberto ao público e as inscrições são presenciais. Acontece nos dias 25 e 26 (Mauc) e no dia 27 no Museu da Fotografia, nos turnos da manhã e tarde.

Amanhã, às 9h, o Mauc protagoniza a abertura do Primavera dos Museus na capital cearense. A parceria com o Laboratório de Arte Contemporânea (LAC) e Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte (Licca – UFC) investe na reflexão do tema “Arte e decolonialidade”. Após abertura com as presenças da diretora do Mauc, Graciele Karine Siqueira e do coordenador geral do MFF, Pedro Sergio Lima Ortale, a manhã de quarta-feira prossegue com a conferência “Colonialidade e resistência nas artes de dizer”, com participação de Fatima Vasconcelos (Ludice Grupo de Pesquisa/UFC) e mediação de Claudiana Alencar (Uece – Universidade Estadual do Ceará). 

Em seguida, o painel “Decolonizando o olhar: arte e política na periferia” recebe Karine Araújo (Coletivo Doisvetin), Leon Reis (Negritude Infinita). Rômulo Silva (Laboratório Conflitualidade e Violência – Covio – Uece) e Nágila Gonçalves (Museu da Cultura Cearense). No turno da tarde, às 13h, Iago Barreto Soares (Caravana do Museu Indígena Tremembé de Almofala) e Leandro Santos Bulhões de Jesus (UFC) iluminam “Artes e Museus Indígenas no Ceará”.

Por volta de 15h, “Processos criativos afro-indígenas: curadorias decoloniais” reúne Aline Furtado, Clébson Oscar, Izabelle Louise Tremembé (Licca/UFC) e Eduardo Moreira (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE)

Proteção dos museus e inclusão destes espaços no dia a dia dos brasileiros é um desafio, argumenta Pedro Sergio Lima Ortale. Para o representante do MFF, o Brasil é dono de um patrimônio cultural significativo. A discussão da preservação e acesso a este acervo é significativo. “O debate é rico e questiona como os educadores podem potencializar a ação dos museus como equipamentos culturais vivos e que dialogam com a sociedade”, pontua o entrevistado. É uma demanda que exige atenção tanto da comunidade como de gestores. 

“Os museus são equipamentos que salvaguardam a memória, a discussão sobre cultura. Falamos muito da nossa diversidade e observamos pouco que ela está não só nos museus, como teatros e outros locais onde se realiza a arte. Isso é pouco valorizado. 10% do PIB da França advêm do turismo de espaços e equipamentos culturais”, alerta Ortale. 

Coletividade

A perda irreparável causada pelo incêndio no Museu Nacional, em setembro de 2018, ainda repercute no meio acadêmico. Em nota de divulgação do Primavera dos Museus, o Ibram reconhece que a crise do setor museológico nacional exige de instituições, profissionais e sociedade novas formas de prevenção, gestão e manutenção. 

A ideia de que os museus são guardiões da história é uma situação que envolve esforços da coletividade. “O ato de produzir processos, guardar artefatos e expor memoráveis coleções, sem abrir mão da segurança, demanda batalha diária contra os mais variados agentes de riscos que ameaçam de maneira incessante a integridade física e química dos museus e seus acervos, pois existir é correr riscos e resistir é combater riscos”, diz o Instituto.

A participação do Museu da Fotografia nesta 13ª edição reafirma a atuação do equipamento na divulgação da cultura e ensino. “O MMF se reafirma como espaço relevante para o Ceará e Brasil. É reconhecido como espaço que dialoga com a produção e a ciência fotográfica, a partir de outros ambientes ou dimensões da cultura. A partir de um olhar sobre a produção estética, dialoga fortemente com a sociedade, realiza projetos na comunidade e a traz para conhecer o museu”, arremata o gestor.

Na quinta (26), a conferência “Por que um museu pode ser perigoso?” traz o debate de Francisco Régis Lopes Ramos (UFC) e Saulo Moreno Rocha (Mauc/UFC). Outras abordagens como “Dia de visitar o Museu: qual o papel do professor?” (Berenice Abreu - Uece) , “Educando o olhar: patrimônio, cultura e cidade” (Edilberto Florêncio - UVA) e “Museu, educação e patrimônio industrial” (Patricia Xavier - Museu da Indústria) são destaques. 

Na sexta (27), o temano MFF será “Por dentro dos museus: estratégias de salvaguarda e comunicação do patrimônio”. Outras discussões envolvem “Documentação e conservação do patrimônio musealizado”, que aproxima do público a Casa de José de Alencar e os seus múltiplos acervos. 

O painel “Acessibilidade e inclusão: democratização do acesso e fruição do patrimônio cultural” evidenciam o processo de contínuas políticas de contato da sociedade com as peças dispostas nos museus. Keli Pereira, Larissa Sales (MFF), Marcia Bitu Moreno, Lara Lima e Carlos Viana (Museu da Cultura Cearense) são alguns dos convidados do dia.

A Primavera dos Museus busca a reflexão dos brasileiros em torno da sua história. Conhecer estes espaços por dentro simboliza identificar raízes, saberes e demandas sociais que ainda carecem de informação. Assim, preservar o passado é um ato de constante reflexão. 

Serviço
13ª Primavera dos Museus 
De 25 e 27 de setembro, no Museu da Fotografia Fortaleza (Rua Frederico Borges, 545, Varjota) e Museu de Arte da UFC (Av. da Universidade, 2854, Benfica). Gratuito. 

Programação

Quarta-feira (25)

Local: Museu de Arte da UFC (MAUC)

Tema: Arte e decolonialidade – parceria com o Laboratório de Arte Contemporânea (LAC) e Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte (LICCA) – UFC

09h: Abertura – Graciele Karine Siqueira (diretora do Museu de Arte da UFC) e Pedro Sergio Lima Ortale (Coordenador geral do Museu da Fotografia Fortaleza)

09h30: Conferência: Colonialidade e resistência nas artes de dizer
Fatima Vasconcelos (Ludice Grupo de Pesquisa/UFC). Mediação: Claudiana Alencar (UECE – Universidade Estadual do Ceará)

10h30: Painel 1: Decolonizando o olhar: arte e política na periferia

Karine Araújo (Coletivo Doisvetin); Leon Reis (Negritude Infinita); Rômulo Silva (Laboratório Conflitualidade e Violência – COVIO – UECE)
Mediação: Nágila Gonçalves (Museu da Cultura Cearense)

13h: Conferência: Artes e Museus Indígenas no Ceará
Iago Barreto Soares (Caravana do Museu Indígena Tremembé de Almofala)
Mediação: Leandro Santos Bulhões de Jesus (UFC)

15h: Painel 2: Processos criativos afro-indígenas: curadorias decoloniais
Aline Furtado; Clébson Oscar; Izabelle Louise Tremembé (LICCA/UFC)
Mediação: Eduardo Moreira (IFCE)

Quinta-feira (26)

Local: Museu de Arte da UFC

Tema: Educação em Museus e para o patrimônio

09h: Conferência: Por que um museu pode ser perigoso?
Francisco Régis Lopes Ramos (UFC)
Mediação: Saulo Moreno Rocha (MAUC/UFC)

10h30: Mesa redonda: A ação do Núcleo Educativo do MAUC: as experiências das(os) educadoras(es)

O ensino de História através da Educação Patrimonial: o Museu como espaço de ensino e aprendizagem
Ana Lígia de Araújo Costa (História – UECE)

Narrativas museais: a experiência da construção do Núcleo Educativo do Museu de Arte da UFC
Bianca Amarante (História – UFC); Igor Eduardo (Pedagogia – UFC); Jully Dionizio (Letras Libras – UFC); Thaís Cândido Vieira (Letras Italiano – UFC)
Mediação: Luciana Sousa (UFMG)

13h: Mesa redonda: Educação em Museus e para o patrimônio: experiências – Parte I

Dia de visitar o Museu: qual o papel do professor?
Berenice Abreu (UECE)

Educando o olhar: patrimônio, cultura e cidade
Edilberto Florêncio (UVA)

Museu, educação e patrimônio industrial
Patricia Xavier (Museu da Indústria)

Mediação: Lia de Paula (Museu da Fotografia Fortaleza)

15h: Mesa redonda: Educação em Museus e para o patrimônio: experiências – Parte II

O Educativo do Museu de Arte Contemporânea do Ceará
Cris Soares (Educativo MAC.CE)

Relatos de uma experiência em curadoria colaborativa
Natália Maranhão (CAIXA Cultural Fortaleza)

Patrimônio do Meu Eu: vivências educativas na Casa do Capitão-Mor Centro de Referência Cultural e Histórica de Sobral
Neyci Sotero (Secretaria de Cultura de Sobral)

Mediação: Keli Pereira (Museu da Fotografia Fortaleza)

Sexta-feira (27)
Local: Museu da Fotografia Fortaleza

Tema: Por dentro dos museus: estratégias de salvaguarda e comunicação do patrimônio

09h: Painel 1: Gestão de museus e do patrimônio cultural

Experiências com gestão e políticas públicas nos museus cearenses
Cristina Holanda (Fundação Memorial Padre Cícero/Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte)

Patrimônio Cultural da Casa José de Alencar: novos olhares, novas possibilidades
Frederico Pontes (Casa José de Alencar/UFC)

Museu da Imagem e do Som – MIS | SIM.Ce: à procura da Simpoiesis
Silas de Paula (Museu da Imagem e do Som do Ceará)

Mediação: Graciele Karine Siqueira (MAUC/UFC)

13h: Painel 2: Documentação e conservação do patrimônio musealizado

A Casa de José de Alencar e os seus múltiplos acervos, com Márcia Pereira de Oliveira (Casa José de Alencar/UFC)

O que é o “dentro” dos museus?, com Saulo Moreno Rocha (MAUC/UFC)

Mediação: Adson Rodrigo (Secultfor)

14h30: Painel 3: Acessibilidade e inclusão: democratização do acesso e fruição do patrimônio cultural

Acessibilidade no Museu da Fotografia Fortaleza
Keli Pereira, Larissa Sales (Museu da Fotografia Fortaleza)

Projeto Acesso: ações inclusivas no campo museológico
Marcia Bitu Moreno, Lara Lima e Carlos Viana (Museu da Cultura Cearense)

Design Computacional e experiências com arte acessível
Roberto Vieira (UFC)

Acessibilidade no MAUC: ações que fazem a diferença
Carlizeth Campos (MAUC/UFC)

Mediação: Gerda Holanda (Memorial da UFC)