Histórias de moradores do Curió e Santa Filomena viram intervenção urbana com lambe-lambes

O Projeto [Sem Nome], que será lançado nesta sexta-feira (5), conta a história de moradores locais mesclando fotografia e arte urbana

Reunindo vivências e processos artísticos, os artistas cearenses arth3mis e Leo Silva lançam nesta sexta-feira (5) o Projeto [Sem Nome], uma experiência que mescla fotografia e a arte urbana do lambe-lambe para contar as histórias de moradores das comunidades do Curió e da Santa Filomena, no Grande Jangurussu.  

O resultado desses registros pode ser visto numa zine digital que será disponibilizada no site da Biblioteca Livro Livre Curió. Promovendo a inclusão, o trabalho traz ainda o recurso de audiodescrição.  

Desse encontro, a homenagem, de acordo com Leo, é uma forma de estimular o pertencimento das outras pessoas da comunidade. “É reconhecer que essas histórias fazem parte do nosso trajeto e que posso melhorar o estigma que há a partir de outro olhar”.  

Já para arth3mis, o projeto foi uma forma de reconexão. “Eu trabalho fora o dia inteiro e eu só venho pra casa basicamente pra dormir e eu acabei perdendo a ligação com meu bairro. Desde a adolescência acabava passando muito tempo fora”, conta.  

'Sem nome’ 

Apesar de regiões distintas, os artistas dizem que há vários aspectos em comum. “A gente tende a não saber como aquele espaço surgiu ou omite que mora porque tem todo esse estigma de violência”, pontua arth3mis. Mudar esse olhar também foi o que instigou os dois na produção desse trabalho.  

O próprio título do projeto resgata o conceito: dos lugares omissos. A cearense explica que a ideia surgiu a partir de uma conversa com amiga que faz Teatro sobre a falta de identificação que essas comunidades enfrentam.  

“O ‘sem nome’ ficou em colchetes, porque eles servem pra inserir informação que foi omitida. É como se a gente tivesse trazendo uma outra história que não é contada, pois, muitas pessoas acham que essa região é muito perigosa e nem é na realidade. Veio nesse sentido de dar um nome pra aquele espaço e não é só o nome, porque existem várias histórias”, detalha arth3mis.  

Imersão nas narrativas 

Construído em duas etapas, inicialmente, a dupla fez entrevistas com três moradores do Curió e três da Santa Filomena de modo a conhecerem, com profundidade, as diferentes camadas das narrativas de cada um, a partir das vivências nos bairros. Para isso, eles escolheram pessoas atuantes no local ou que já estejam lá há bastante tempo.  

“Depois disso, reproduzimos os registros dessas pessoas e transformamos em lambe. No segundo momento, fizemos as colagens pelo bairro. Aproveitamos também pra imprimir a foto que cada um gostou mais e demos para eles”, relata a artista. Na zine, além dos registros dos lambes, há também partes das entrevistas que fizeram.  

A outra etapa envolve oficinas para jovens das comunidades sobre noções básicas de fotografia e da técnica do lambe-lembe. "Fizemos na mesma pegada de mostrar imagens da comunidade, de debater questões de ressignificação do espaço, memória, identidade. Saímos pra fotografar o cotidiano do bairro, depois transformamos em lambe e fizemos essas colagens".

"A ideia é ser uma atividade que começa a partir da gente, mas começa a se espalhar pra outros olhares também", conclui Leo. 

Serviço

Lançamento da E-Zine Projeto [Sem Nome]

Na sexta-feira (5), no site da Livro Livre Curió e nos perfis @arth3mis e @desconectaoleo