Ex-vocalista do Iron Maiden, Paul Di'Anno, recebe ajuda de fãs para despesas médicas

Músico não anda há seis anos e campanhas buscam financiar procedimentos. Relembre as passagens do cantor por Fortaleza

Paul Di'Anno é a voz dos dois primeiros discos do Iron Maiden. Embora o sucesso comercial dos ingleses tenha chegado com Bruce Dickinson, foi com o vocalista original que a lenda do metal forjou a sonoridade que lhe é raiz até hoje. Nas últimas semanas, o estado de saúde do músico voltou a ser destaque na mídia.  

Aos 63 anos, Di'Anno agravou problemas no joelho e segue em cadeira de rodas. Uma casa de shows em São Paulo, onde o cantor realizou shows e era considerado de "casa" idealizou uma campanha solidária. A vaquinha virtual quer reunir R$ 100 mil reais. "Somos amigos, fãs e queremos ajudá-lo a sair dessa", explica Silvano Brancati, um dos proprietários do espaço.

A situação do artista contrasta com o momento vivido pelo ex-grupo. O Maiden, que há cinco anos realizou uma apresentação histórica em Fortaleza, acaba de lançar "Senjutsu". O 17º álbum de estúdio fez o sexteto liderado por Steve Harris atingir a posição mais alta nas paradas em mais de quatro décadas de carreira. 

Conforme a Billboard, o feito do Maiden acompanha o sucesso dos singles "The Writing on the Wall" e "Stratego", alcançando o Top 3 com 64 mil unidades vendidas (61 mil com vendas físicas e o restante via streaming). Os únicos à frente nessa lista são os rappers Drake e Kanye West. Até o momento, nada de oficial quanto ao caso do ex-vocalista partiu do grupo.

Punk metal

Nos primeiros anos de existência do Maiden (1975-1979), Steve Harris quebrava a cabeça para conseguir a formação definitiva do projeto. Após a passagem de dois vocalistas, a linha de frente foi compactada com a presença de Di'Anno. Enquanto o punk rock vivia o ápice na Terra da Rainha, uma safra que reunia Def Leppard, Saxon, Motörhead, Judas Priest, entre outras, consolidava a  "New Wave of British Heavy Metal".

Em 1979, acontece a gravação de estreia do Maiden. Com quatro faixas, o EP "The Soundhouse Tapes" demarcou o nome da banda naquela cena. Para muitos apreciadores, a voz de Di'Anno fundiu a energia do punk com os riffs do metal. Unindo assim,  canções munidas de agressividade e melodia nunca ouvidas.

Os caras assinam com a EMI e soltam "Iron Maiden" (1980). Um ano depois acontece o disco "Killers", bem como dois EPs ao vivo. Perto do reconhecimento mundial acontecer, Di'Anno deixa o barco. Até hoje, várias versões (desde drogas em excesso a "diferenças musicais") tentam justificar a saída. De real, a banda encontrou Bruce Dickinson (que integrava o Samson) e consolidou-se como um dos maiores gigantes do metal.

Na orla 

Na jornada pós-Maiden, o vocalista criou a banda "Di'Anno" e gravou um disco homônimo em 1984. A atuação como artista solo se revezava com outros projetos como Gogmagog, Battlezone e Killers. Em outubro de 1997, o inglês realizou a primeira passagem por Fortaleza.

A apresentação da turnê "Paul Di’anno and the Battlezone" aconteceu no extinto Oásis e a abertura ficou a cargo dos cearenses da Cerberus. "O ex-vocalista do Iron Maiden botou a galera para balançar a cabeça com uma banda quentíssima. Nota negativa mesmo ficou para radicais que só queriam saber de ouvir as coisas dos tempos do Iron", analisou coluna do Diário do Nordeste em novembro daquele ano. 

2010 marcou outro show do músico. Dessa vez, pelo festival "Ceará In Rock", o britânico subiu ao palco da barraca Garota de Ipanema. Para divulgar o evento, o Diário do Nordeste publicou entrevista do cantor com o baterista Aquiles Priester (Angra), com quem gravou o disco "Nomad" (2000).

Na ocasião, o cantor comemorava os 30 anos de lançamento do debut com a Donzela de Ferro. "Não fico pensando na época que eu estava no Maiden. No entanto, algumas músicas realmente me tocam quando as executo, algumas músicas que eu não cantava há muito, muito tempo, e o maior exemplo que posso citar é a música 'Strange World'" (do primeiro álbum do Iron Maiden), defendeu o artista.