Um dos sonhos de Cid Marconi Gurgel de Souza é que as pessoas façam as coisas com amor. “Se fizer com amor, vai dar certo”. Bandeira e alicerce, o sentimento contorna a história do cearense desde muito cedo. Nasceu com o carinho cultivado pelos pais, Vicente Marconi de Souza Coelho e Sílvia Gurgel de Souza Coelho. Cresceu com as irmãs, primos e amigos. Germinou na família formada por ele. Desaguou na profissão.
Desembargador do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, o distinto fortalezense é alguém devotado à responsabilidade, esperança e vontade de vencer. Os primeiros passos trilhados comprovam isso. Aos 14 anos, já dava aulas de Matemática após ser aprovado na seleção do Colégio Militar e ocupar o cargo de monitor. Na sequência, cursou Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Ceará, graduando-se no ramo. Exemplo.
A formação permitiu-lhe desenvolver uma indústria e atuar propriamente no segmento, aprimorando conhecimentos, alargando a visão de mundo. “Mas teve um certo momento da vida em que vi a necessidade de não só reclamar da política, das coisas que eram feitas. Eu quis entrar nessa área, entender melhor as leis”. Influenciado pelo pai e por uma das irmãs – ambos advogados – Cid ingressou na estrada do Direito. E não parou.
Fez especialização, mestrado e doutorado, todos pela Universidade de Fortaleza. Nesse ínterim, de 1993 a 2000, filiou-se à vida pública como vereador de Fortaleza. Entre os passos e conquistas alavancados a partir daí, tanto como gestor quanto como advogado, sobram projetos e ações. Foi presidente da União dos Vereadores do Ceará (1995 a 1998); sócio-gerente da Cid Marconi Advocacia S/S (2000 a 2015); e diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (2004 a 2012) no Ceará.
Também ocupou o cargo de Conselheiro no Contencioso Administrativo Tributário (2008 a 2012); presidente da Aliança Brasileira de Advocacia Empresarial (2008 a 2014); diretor jurídico do Centro Industrial do Ceará (2008 a 2015); juiz titular na categoria de Advogado do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (2008 a 2015); presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas de Processos Administrativos Tributários (2009 a 2015); e conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (2010 a 2012).
“Quando saí da política, me dediquei à Advocacia e vi a necessidade da solução de lides [termo associado a litígio, conflito de interesses levado a juízo ou à Justiça], e de resolver os problemas ainda na fase administrativa, o que é muito mais fácil, rápido e menos doloroso – tanto para o particular quanto para o Estado”, detalha. “Foram vários movimentos nessa época para tentar colaborar com o desenvolvimento do Ceará”.
Visão e ação
A palavra empatia ganha destaque nesse panorama. Sem deixar de lado a vocação profissional – aliando-a a questões práticas do dia a dia – Cid Marconi foi além. Participou de iniciativas feito SOS Seca, SOS Enchente e tantas outras de envergadura social. Mais: em um momento no qual ainda não existia o Código de Defesa do Consumidor, promoveu mutirões de atendimento nas praças de Fortaleza, do Centro à periferia.
Assim, o que era burocracia e empecilho tornou-se respeito e dignidade para milhares de conterrâneos. Anos mais tarde, ele creditaria aos seis anos de ofício no Tribunal Regional Eleitoral o fato de continuar tendo essa visão aprimorada de melhoria das condições do povo. “Foi uma uma escola muito importante na minha vida porque a justiça eleitoral é muito célere. Ela precisa dar soluções rápidas”, situa.
“Todas essas experiências fizeram com que eu abrisse os olhos para ingressar no Poder Judiciário. Depois de 21 anos como advogado, vi a necessidade de dar uma solução otimizada para os processos. Para os advogados e o Judiciário, cada processo que chegava em mãos era apenas mais um. No caso de cidadãos lidando com os próprios processos, aquilo era o que precisavam para resolver a vida. Compreender e trabalhar em prol disso foi o meu foco”.
Atento ao que também diverte e faz festa no coração, o desembargador ainda foi um dos idealizadores do Fortal, um dos maiores eventos culturais do Ceará. A ideia nasceu após passar alguns carnavais na Bahia e perceber que era possível, sim, realizar uma folia fora de época em Fortaleza capaz de fomentar o turismo, a indústria, o comércio e a cultura. Dito e feito. Hoje, o projeto é conhecido internacionalmente, atraindo nativos e estrangeiros em um movimento crescente de expansão e reconhecimento.
“Eu acho que é um dom. Deus me deu um dom e eu agradeço a Ele por isso. Gosto muito de ajudar as pessoas. Acho que, para a gente fazer isso, para o mundo ser melhor, temos que transmitir conhecimentos e colaborar com os outros”.
A fala inspira a lembrança de que, na época em que mantinha estagiários no escritório de advocacia, viu-os crescer e se tornarem procuradores, juízes, promotores e advogados em todo o Brasil. No ofício de professor também. “Não quero parar nunca; até o meu último suspiro, continuar”.
Valorosos predicados
Descrito por amigos e familiares como incansável incentivador, brilhante visionário e profundamente humano, sensível às necessidades alheias, Cid é esposo da advogada Joyce Lima Marconi Gurgel. O namoro dos dois começou nas dependências da Universidade de Fortaleza. Seis meses após se conhecerem, casaram e tiveram três filhos: Sarah Lima Marconi Gurgel, Cid Marconi Gurgel de Souza Filho e Anike Lima Marconi Gurgel.
Seja ao redor da mesa, seja em instantes de descontração e lazer, em tudo a família celebra o legado do cearense. Ultrapassando os limites do trabalho, ele se dedica à natação, ao hipismo e à convivência tranquila consigo e com os pares. Faz questão, por exemplo, de manter armadores no apartamento, sob a velha tradição de deitar na rede. E, se alguém perguntar se ainda há desejo para concretizar no futuro, o de cursar uma nova faculdade é um deles.
Apesar de morar em Fortaleza, o expediente é exercido no Recife (PE). Vive, assim, na ponte aérea entre as duas cidades, deixando com que ambas cresçam em estima e valor no íntimo. São ingredientes para alimentar a vontade de transformar tudo em algo diferente. “Quero um Brasil melhor na educação, com saúde. Nunca paro de pensar nisso”.
Realização
Ao receber a notícia de que seria agraciado com o Troféu Sereia de Ouro, Cid Marconi se sentiu honrado por compor o seleto time de cearenses reconhecidos com a distinção. “Honrado porque foi um prêmio criado pelo chanceler Edson Queiroz e dona Yolanda Queiroz em 1971, e a família mantém até hoje; e também porque recebi a visita do presidente do Conselho, Doutor Igor Queiroz, me fazendo esse convite. Sinto-me muito realizado”.
Para ele, o troféu incentiva as pessoas a fazer o bem, desenvolvendo positivamente o Ceará e o país. É sinônimo de fôlego. “Agora tenho muito mais responsabilidade e fico bastante agradecido aos que me escolheram para participar da Sereia de Ouro”. Representa mais um passo naquele sonho guardado no peito: permitir que o amor pelo fazer se multiplique.
A comenda
Criado em 1971 pelo chanceler Edson Queiroz e dona Yolanda Queiroz, o Troféu Sereia de Ouro é uma das mais tradicionais comendas do Ceará. Tem como objetivo homenagear personalidades que se destacaram em diferentes setores de atuação, contribuindo para o desenvolvimento do Estado.
É concedido anualmente pelo Sistema Verdes Mares, integrante do Grupo Edson Queiroz, em solenidade realizada no Theatro José de Alencar. A honraria já foi entregue a centenas de nomes, brilhantes em atividades públicas e privadas, e que seguem inspirando gerações.