De videogames a fichas de orelhão, feira gratuita reúne itens raros de colecionadores em Fortaleza

Encontro de Multicolecionismo acontece até este domingo (29) no Hotel Praia Centro; são 50 expositores com objetos que devem promover verdadeira viagem ao túnel do tempo

A moeda mais pesada que circulou na América, com 54 gramas de ouro. Fitas-cassetes de clássicos do cinema. Um telejogo da década de 1970 em pleno funcionamento. Mais de 200 miniaturas de carros. Não precisa sair da cidade para acessar tudo de pertinho. Basta participar do Encontro de Multicolecionismo de Fortaleza.

O evento acontece até este domingo (29), de 8h às 18h, no Hotel Praia Centro, Praia de Iracema. Gratuito, é um tesouro. Mais de 50 expositores inundam mesas com objetos para lá de nostálgicos. Selos, moedas, revistas, CDs, brinquedos, entre outros itens, enchem os olhos de pessoas de todas as idades. Adultos revivendo infâncias. Crianças em novos universos.

Bom mesmo é garimpar cada estande para encontrar as raridades. Na bancada de Hamilton Pontes Benício, por exemplo, é possível visualizar, além de videogames das décadas de 1970, 1980 e 1990, telefones que datam de 1932. Cartuchos antigos, livros sobre jogos e outras peças do mundo retrô abrem alas para a curiosidade e o fascínio.

“São mais de 300 itens e todos estão à venda”, resume o empresário. Os valores variam de R$ 10 a R$ 2 mil. Segundo ele, a coleção iniciou há 30 anos e é beneficiada por amigos que ora doam objetos, ora indicam pessoas que possuem.  “Como sou conhecido no ramo há bastante tempo, eles sempre me procuram”.

O gosto por colecionar nasceu por necessidade, a fim de prover o sustento da família. Com o tempo, virou paixão. Hoje, Hamilton participa de feiras como o Encontro de Multicolecionismo e mantém loja própria na Avenida Bezerra de Menezes, a Hamilton Games. O funcionamento é de segunda a sábado, a partir das 9h.

Perto do estande do empresário – entre CDs com trilhas sonoras de novelas, bonecos gigantes de ícones da cultura pop e caixas com brinquedos, como a boneca da personagem Elvira, A Rainha das Trevas – está a banca de Oscar Ryan Sousa dos Santos. Aos 20 anos, o jovem expõe miniaturas de carros que datam de 1998 a 2024, vindas inclusive dos Estados Unidos.

Ao lado do irmão, Kauan, celebra o amor pelo colecionismo e o fato de tanta gente chegar junto para conferir algo tão importante para ele. Natural da Bahia, desde os 10 anos Ryan constrói o império de mini-automóveis. Fica contente por isso. “Em casa, ainda tenho cerca de 1500 miniaturas. É um pequeno grande museu”.

Diversão, memória e história

Organizador do evento, o jornalista e numismata Flávio Brasil afirma que o Encontro chega à 19ª edição com toda a força que o retrô possui na esfera contemporânea. “Foi algo que começou em 2003 e, desde a data, não parou mais. Iniciamos com moedas, cédulas e cartões telefônicos; hoje, temos diversos outros itens em exposição”, conta.

Eles estão espalhados por três salões com propostas temáticas. Um é dedicado a brinquedos, figurinhas e itens da cultura pop; outro, remete sobretudo a Antiguidades. O terceiro, por fim, é voltado para moedas e cédulas. Os expositores são tanto do Ceará quanto de outros Estados brasileiros, e expressam o amor pelo colecionismo em cada peça e diálogo.

Para Flávio, o fato de o público encontrar moedas dos períodos colonial e imperial, cédulas já fora de circulação, brinquedos emblemáticos, além de equipamentos eletrônicos – a exemplo de celulares do início dos anos 2000 – remete ao combo diversão, memória e História. Não à toa, a crença de que cada visitante sairá com uma carga ainda maior de conhecimento.

O colecionismo no Brasil vem crescendo. Esse tipo de evento já acontece em outras capitais e no interior, e Fortaleza precisa ter um movimento maior. Por entender que a cidade tem capacidade pra isso, resolvi que, neste ano, a feira aconteceria em três salões, primando pela diversidade de público e de expositores”.

A boa notícia é que, para quem quiser furar a bolha e não apenas visualizar as peças, é possível adquiri-las. Durante os três dias, haverá bazar com troca e venda de moedas, selos, cédulas, cartões telefônicos, brinquedos, HQs e outros artigos colecionáveis. “Tudo isso fala sobre a sociedade, períodos, riquezas e guarda muita informação cultural”.

Referências na área

Muito desse saber compartilhado acontece devido às importantes presenças na feira. Detentor da maior coleção brasileira de cédulas, moedas e medalhas, com 20 mil objetos, o mineiro Irley Soares das Neves alimenta o próprio acervo há 45 anos. Tinha 17 anos quando guardou dois mil réis e não parou mais.

“Tenho medalhas modernas – Direitos Humanos, Olimpíadas – e também mais antigas – Dobrões, Dobras, de 1600, 1700, tem de tudo. Para conseguir esses itens, é preciso rodar as feiras no Brasil e no mundo. Já fui para Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, México, Argentina, entre outros países, em busca de novos objetos”.

Mailson Brasileiro, por sua vez, se especializou em peças do mundo geek, sobretudo videogames dos anos 1980 e 1990. No Encontro de Multicolecionismo, ele exibe todos em pleno funcionamento, prontinhos para o público interagir. Há um telejogo, um Master System, um Mega Drive e um Super Nintendo. Os fãs fazem festa.

“Já levei para o Sana e para outros eventos do tipo”, pontua o colecionador, cujo apreço pelo universo do pop, além de nítido, é contagiante. “Não tenho nem como contabilizar os itens. É fascinante”.

 

Serviço
Encontro de Multicolecionismo de Fortaleza
Desta sexta-feira (27) até domingo (29), de 8h às 18h, no Hotel Praia Centro (Av. Monsenhor Tabosa, 740 - Praia de Iracema). Entrada gratuita