Entre os nomes mais importantes da luta marxista na história está o de uma mulher, militante socialista desde os 15 anos de idade e dona de vigorosa força política em um cenário no qual a presença feminina era reduzida a pó.
Não sem motivo, a trajetória incontornável de Rosa Luxemburgo traz à tona a necessidade de olhar os passos dados pela revolucionária, imortalizada devido à bravura que usou por um ideal.
Do calhamaço de registros já escritos sobre a intelectual, aqui e acolá se sobressaem obras cuja potência reside em descortinar aspectos deixados à boca pequena, por quem com ela conviveu e, portanto, com condições para apontar rumos de entendimento de uma personalidade tão única.
Paul Frölich (1884-1953) - jornalista e ativista político que participou, com Luxemburgo, da fundação do Partido Comunista Alemão, em 1919 - certamente está entre as figuras com maior propriedade para rememorar a dimensão dos atos dela.
Sua produção oferece, ao pesquisador mais atento, uma perspectiva aprofundada do que movia a mente de uma figura sufocada exatamente pelo alcance de suas ideias.
O sucesso incontido da biografia de Rosa escrita por ele e publicada originalmente em 1939 é prova disso, o que a tornou rapidamente uma obra de consumo indispensável. No mês do centenário de morte da revolucionária europeia - completos na última terça-feira (15) - a Editora Boitempo publica a versão em português do livro, aqui intitulado "Rosa Luxemburgo: Pensamento e ação", material até então inédito no Brasil.
Traduzido pela dupla Nélio Schneider e Erica Ziegler, o exemplar estará disponível para compra no dia 21 deste mês no País e já adianta momentos intensos de leitura.
Necessidade
Frölich narra passagens da vida de Luxemburgo percorrendo desde a juventude na Polônia e a vida acadêmica em Zurique, até a emigração para a Alemanha e os enlaces afetivos.
Deve ser mais caro à audiência a análise que o biógrafo faz das principais linhas escritas por Rosa. Entre elas, destacam-se "A acumulação do Capital" (1913), sua grande obra de Economia Política.
São registros que demonstram correspondência entre teoria e prática, pensamento e ação (daí o título do livro). Uma obra-convite não apenas pelos atravessamentos que convoca sobre a vida de alguém tão influente, mas por ser inspiração para seguirmos resistindo.