Artistas LGBTQI+ lançam curta-metragem sobre ruptura dos padrões cisgêneros

Obra também aborda questões de gênero, sexualidade, solidão e raça

A construção da própria identidade é um processo que se inicia, muitas vezes, na infância e na adolescência, e que pode perdurar pela vida toda. Quando essa vivência ocorre entre pessoas LGBTQI+, o rompimento de padrões socialmente impostos torna esse caminho mais desafiador. É a partir desta discussão que o Coletivo Ponto lança o curta-metragem “O Vazio, O Vestido, O Veado”, o qual reflete sobre as experiências da descoberta da sexualidade e da ruptura com os padrões cisgêneros. 

A obra é um resgate de narrativas de pessoas LGBTQI+, que transmitem no curta seus sentimentos, angústias, dúvidas e descobertas durante esse processo de autoconhecimento e afirmação, perpassando por questões de gênero, sexualidade, solidão e raça. O trabalho está disponível no YouTube.

"Ele parte das nossas memórias, parte das nossas vivências, das nossas experiências, das nossas relações. A gente vai escrever isso a partir da linguagem da dança, do audiovisual, do teatro, da poesia e da música", explica Juan Monna, integrante do coletivo. Para ele, desenvolver o “O Vazio, O Vestido, O Veado” também foi um processo de cura

Vestir 

As vestimentas são o ponto de partida da obra, de acordo com Mateus Dias, membro do coletivo. Ele afirma que as roupas têm um poder de transmissão, capazes de expressar a construção da identidade de um indivíduo.

"A imagem chega muito antes da nossa fala. Você vê de longe uma pessoa e aí essa imagem é construída por essas vestes. Quando a gente é criança, não temos escolha do que vamos vestir. É o que nos dão e a gente cresce vestindo coisas que muitas vezes não condizem conosco", explica.

Segundo ele, o próprio nome do projeto traduz essa travessia de descoberta do eu. Dias diz que o vazio representa um espaço de criação, enquanto as roupas refletem a identidade gênero. Já "O Veado" é a construção da identidade, quem eles são. 

"A gente se entende como bicha, enquanto veado, enquanto esse corpo que sai do padrão e que está vivo e pulsante. Então a obra fala muito disso, fala desses corpos que se construíram e que se constroem nesse espaço do outro e de si", completa.