Após 67 anos de circulação, Revista Mad deixa de ser publicada

Criada por Bill Gaines e Harvey Kurtzman, Mad é uma das publicações mais influentes da cultura pop

Segundo informações repassadas pelo site norte-americano Hollywood Reporter, a revista MAD deixará de lançar material inédito. Após 67 anos de circulação, chega ao fim 
uma das mais influentes obras editoriais da cultura popular. Novas publicações devem cumprir apenas obrigações contratuais. Depois da edição de agosto, a 
Mad deixa de ser vendida em bancas de jornal e só estará disponível para assinantes e lojas especializadas em quadrinhos. As próximas revistas trarão material
veiculado em anos anteriores com uma capa nova. 

Conhecida pelas capas ácidas e pelas hilariantes paródias de filmes, programas de TV entre outros produtos do entretenimento, a MAD foi criada em 1952
por William Gaines (1922-92) e Harvey Kurtzman (1924-93). Estreou como história em quadrinhos e três anos depois adotou o formato de revista. Outra 
característica pontual da MAD era o popular mascote Alfred E. Newman, uma criança com os dentes da frente separados que estampava as capas do magazine.

Imortais dos quadrinhos construíram carreiras nas páginas da revista. Al Jaffee, Dave Berg (1920-2002), Don Martin (1931-2000), Sergio Aragonés e Antonio Prohias são alguns dos profissionais envolvidos nessa trajetória. Prohias é o criador da série "Spy vs. Spy", que satiriza a espionagem da Guerra Fria e os filmes e séries do gênero.
As paródias de sucessos do cinema e da TV faziam a alegria dos leitores. As clássicas "dobradinhas da MAD" também eram sucesso entre os fãs. 

Ao longo de quase 70 anos, MAD tem sido altamente influente por sucessivas gerações de comediantes, artistas e escritores. A notícia do fechamento gerou reações nas redes sociais. Uma série de pesos pesados ​​da comédia compartilharam a tristeza. No Brasil, o quadrinista Oto, que trabalhou na versão brasileira de 1974 à 2008 também se posicionou.

No texto intitulado "O Fim de uma Era", o artista resgatou o número de edições vendidas no mercado brasileiro e encerrou o depoimento com até certo otimismo. "Será mesmo o fim? Vamos ver. De repente algum milionário compra a revista e começa tudo de novo", afirmou.

Versão brasileira

Por meio da editora Vecchi, a MAD passou a circular no Brasil no ínicio dos anos 1970. Nomeada de "MAD em Português", atingiu grande popularidade no País ao reunir conteúdo próprio e feito por artistas nacionais. O material era mesclado com traduções e adaptações dos cartuns lançados nos Estados Unidos. 

Na década seguinte foi intitulada de "MAD in Brazil" ao passar para as mãos da editora Record, onde ficou até o ano 2000. Cancelada, voltou poucos meses depois pela Mythos como "Novo MAD". Ficou naquela casa durante seis anos e o último número saiu no final de 2006. A MAD retorna pelas mãos da editora Panini, editada em seus primeiros números pelo Ota  e por Raphael Fernandes. Posteriormente, apenas Raphael assinava o material. O fechamento da circulação acontece em abril de 2017.

Na noite de quarta-feira (3), os cartunistas remanescentes David DeGrand e Evan Dorkin confirmaram e lamentaram o fim da revista.

"Hoje não vai acabar. Adeus, Mad Magazine. Quando jovem, eu era um grande fã dos anos 70, quando adulto redescobri os quadrinhos dos anos 50, como um velho nerd eu de alguma forma me tornei um colaborador (muitas vezes trabalhando com @ colorkitten) na última década +. Receber o e-mail hoje foi esmagador ", escreveu Dorkin no Twitter, confirmando sua própria saída e o e-mail enviado para toda a equipe sobre o fechamento.

O cantor e comediante Weird Al Yankovic afirmou estar profundamente triste em saber que, depois de 67 anos, a Mad Magazine está deixando de ser publicada. "Não consigo descrever o impacto que teve em mim quando criança - é basicamente a razão pela qual eu fiquei estranho. Adeus a uma das maiores instituições americanas de todos os tempos. #ThanksMAD".