Devido à emergência da pandemia de Covid-19, profissionais do circo lidam com os duros efeitos da pausa compulsória, ao mesmo tempo que aguardam um retorno das atividades presenciais. Em reportagem do Diário do Nordeste publicada há pouco menos de quatro meses, o presidente da Associação dos Proprietários, Artistas e Escolas de Circo do Ceará (Apaece), Reginaldo Aparecido, dimensionou a amarga situação pela qual atravessa o setor.
Diante do panorama, um projeto fomentado pela própria Associação visa otimizar o quadro por meio de diálogos e formações técnicas. O foco é contemplar diversas melhorias, sobretudo em segmentos como figurino, cenário e iluminação dos equipamentos.
Intitulada “Requalificação de Espaços Cênicos Circenses”, a iniciativa é apoiada pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult-CE), por meio da Lei Aldir Blanc. Até outubro, são propostas várias atividades em torno do assunto, conferindo um maior fôlego à seara.
Reginaldo detalha que a ideia é contemplar 50% dos circos de lona em atividade no Ceará hoje, o que corresponde a um total de 15. Eles estão distribuídos nas 14 macrorregiões cearenses – sendo três de Fortaleza, três da Região Metropolitana e nove do interior. Todos foram escolhidos por uma equipe de curadoria, seguindo critérios elaborados em conformidade com as diretrizes do edital e da proposta.
“O mapeamento dos circos já havia sido feito quando estávamos distribuindo cestas básicas aos profissionais ligados a eles. Então, apenas readequamos o roteiro para que se dividisse por regiões”, explica o gestor.
Segundo ele, o fato de as estruturas estarem há muito tempo paradas interfere diretamente no estado de conservação e performance dos itens já citados, algo que suscitou a realização do projeto. Toda a programação acontece de forma virtual.
Circos mais carentes
Neste mês, o diálogo de abertura com os circos contemplados acontece na quarta-feira (14). A partir daí, haverá conversas com nomes como Marco Bortoleto – coordenador do Circus e professor do Departamento de Educação Física e Humanidades (DEFH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Ângelo Marcio, gestor do Festival Internacional de Circo do Ceará; e Klebson Alberto, cenógrafo e membro do Fórum de Áreas Técnicas.
Além disso, na programação do Ciclo de Formações Técnicas - Princípios Básicos, haverá dias específicos para imergir em detalhes relacionados a Figurino, Cenografia, Iluminação e Sonorização. São oito educadores envolvidos nesse processo de formação e pelo menos de 10 a 5 pessoas ligadas a cada circo.
“Pretendemos chegar nos circos mais carentes, que estão com mais dificuldades no momento, para que tentem melhorar a realização das atividades quando houver o retorno presencial”, destaca Reginaldo Aparecido. “Assim, há maior chance de apresentação de um espetáculo mais bonito, com melhor figurino, para que as pessoas assistam e desejem voltar de novo”.
Ele situa que o maior desafio da empreitada é mesmo o repasse das informações de modo virtual, uma vez que há muitos profissionais residentes em áreas distantes, com pouca ou fraca conexão à internet. “Assim, a gente tem que fazer um jeito de essas aulas chegarem até lá”, diz.
O gestor ainda sublinha que os circos cearenses já estão prontos para serem reabertos, com todos os protocolos assegurados – distanciamento, exigência de uso de máscara e aplicação de álcool em gel.
“Já fizemos ofícios para o Governador e para o Secretário da Cultura, e estamos apenas esperando o aval deles. Portanto, não há uma data concreta para esse retorno, apenas essa expectativa”, conclui.