A Meta, empresa estadunidense de tecnologia e mídia social responsável pelo Facebook e Instagram, está sendo acusada de prejudicar "a saúde física e mental dos jovens" nos Estados Unidos. Mais de 40 estados americanos entraram com um processo contra o conglomerado e apresentaram um documento perante um tribunal da Califórnia nesta terça-feira (24).
A AFP teve acesso ao documento. "A Meta explorou tecnologias poderosas e sem precedentes para atrair (...) e, em última instância, prender jovens e adolescentes com o objetivo de obter lucros", afirmam os procuradores-gerais dos estados no texto.
Estados governados tanto por democratas quanto por republicanos participam do processo. Eles afirmam que a empresa "ocultou a forma como estas plataformas exploram e manipulam seus consumidores mais vulneráveis" e "negligenciaram os danos consideráveis que essas plataformas causaram à saúde mental e à saúde física dos jovens do nosso país".
A ação é decorrente das investigações iniciadas em 2021 sobre os métodos das duas plataformas, considerados "viciantes" pelas autoridades.
Resposta da Meta
Para a AFP, a Meta declarou estar "decepcionada". A empresa afirma que os procuradores-gerais deveriam "trabalhar produtivamente com as empresas do setor para criar normas claras e adaptadas à idade dos inúmeros aplicativos usados por adolescentes".
"Compartilhamos o compromisso dos procuradores-gerais de proporcionar aos adolescentes experiências online seguras e positivas, e já introduzimos mais de 30 ferramentas para apoiar os adolescentes e suas famílias", destacou um porta-voz do grupo.
Entenda o caso
Ainda neste ano, uma ex-funcionária do Facebook, a engenheira de informática Frances Haugen vazou mais de 20 mil páginas de documentos internos e denunciou para vários países que a rede social colocava seus lucros à frente da segurança dos usuários. O caso impulsou os procuradores-gerais a tomarem medidas contra a Meta, responsável pelo Facebook.
Segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira, as funções do Facebook e Instagram foram desenhadas para "manipular os usuários jovens para que façam um uso compulsivo e prolongado das plataformas".
Os procuradores acusam a Meta de mentir para o público, ao assegurar que seus produtos eram seguros e adequados para adolescentes, e de "publicar propagandas enganosas" a respeito. A empresa também está sendo acusada de violar a Lei de Privacidade Infantil.
Os estados pedem aos tribunais que obriguem a Meta a encerrar suas práticas e exigem o pagamento de multas. "Com a ação legal de hoje, marcamos a linha que não deve ser ultrapassada", disse o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, em um comunicado. "Devemos proteger nossos filhos e não voltaremos atrás nessa luta", sentenciou.