A técnica de enfermagem que escondeu o corpo do advogado e jornalista Celso Adão Portella na geladeira de seu apartamento, por pelo menos sete anos, em Aracaju, foi indiciada pela Polícia Civil de Sergipe nesta terça-feira (3) por ocultação de cadáver do homem e maus-tratos contra a própria filha.
O delegado Tarcísio Tenório, que comandou as investigações, disse que enviou o relatório do inquérito ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. No documento, ele afirmou que, diante de tudo que foi apurado, "já havia nos autos fartos indícios a justificar o indiciamento".
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Tenório comentou que, antes de concluir o relatório, a mulher foi novamente ouvida pela Polícia e optou por manter a versão apresentada no início das investigações, de negar a autoria do homicídio de Celso, mas de admitir a ocultação de cadáver por medo de ser responsabilizada pela morte dele.
As circunstâncias da morte do jornalista ainda não foram descobertas pelos policiais. Exames complementares ainda devem ser anexados ao inquérito. "Há alguns exames periciais realizados pelo IML [Instituto Médico-Legal] e pelo Instituto de Análises e Pesquisas Forenses, e também há pendências de alguns laudos, como o laudo de local de morte pelo Instituto de Criminalística", citou o delegado.
Quando os documentos estiverem prontos, serão encaminhados à Justiça, para que o Ministério Público forme opinião sobre o que aconteceu.
No momento, a mulher está no Hospital de Custódia, em tratamento psiquiátrico, cumprindo medida cautelar provisória, em substituição á prisão preventiva. "Ela negou ter praticado qualquer ato criminoso no sentido de tirar a vida do companheiro. No entanto, continuou admitindo que apenas ocultou o cadáver com receio de ser responsabilizada. Aguardaremos a conclusão dos trabalhos periciais, mas o inquérito já foi remetido", concluiu Tenório.
Criança está sob os cuidados da família
A filha da indiciada, de apenas sete anos de idade, está sob os cuidados da família. "O Conselho Tutelar vem acompanhando a situação e todas as providências estão sendo tomadas para salvaguardar essa criança. Continuamos à disposição da Justiça e do Ministério Público", garantiu o delegado.
Quem é a vítima?
Celso Adão Portella, que hoje teria 80 anos de idade, nasceu em Ijuí, no Rio Grande do Sul, mas cresceu em Porto Alegre. Ele deixou o estado em 2001, quando foi para o Espírito Santo, e, depois, os irmãos perderam o contato com ele.
Em Sergipe, ele trabalhou de 2005 a 2008 como professor e coordenador do curso de direito do campus de Propriá da Universidade Tiradentes. Recebeu aposentadoria da instituição em 2019, pelo INSS.
O que alega a indiciada?
A mulher alega que o homem, que era seu companheiro, foi encontrado morto por ela em 2016, após retornar do trabalho. Com medo de ser acusada de autoria do crime, ela colocou o corpo em posição fetal dentro de uma mala e o escondeu na geladeira do apartamento onde os dois moravam.