Famílias descobrem troca de corpos após erro de funerárias em Pernambuco

Erro foi percebido durante velório de um dos corpos. Após confirmação da situação, o outro corpo já tinha sido enterrado por outra família

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) investiga a troca de dois corpos por funerárias em Recife. Luiz Fernando da Silva Filho foi enterrado pela família como Júlio Firmino André da Silva no Cemitério de Santo Amaro, no Centro. Parentes dos falecidos esperar uma decisão da Justiça para o erro ser consertado. As informações são do portal G1.

As funerárias responsáveis pelos sepultamentos afirmaram que estavam dando apoio para a resolução do problema. O corpo de Júlio Firmino não tinha sido enterrado até esta sexta-feira (23).

Como a troca foi descoberta

A troca de corpos foi descoberta pela família de Luiz Fernando, conhecido como Seu Luizinho. Com 59 anos, o comerciante morava com a esposa e a filha em Peixinhos, Olinda, e morreu na madrugada da segunda-feira (19) por um infarto fulminante, conforme a família.

"Ele morreu dormindo. Chamamos o Samu e, quando eles chegaram, disseram que já tinha morrido. O corpo tinha manchas roxas que indicavam infarto fulminante. Eu o vesti com uma camisa branca e chamei a funerária, junto com minha tia. Não tinha vaga nos cemitérios, por isso, ele foi levado para um laboratório", relatou Lilian Félix da Silva, filha de Seu Luizinho.

A vaga para o sepultamento só foi aberta na quarta-feira (21), no Cemitério de Águas Compridas, em Olinda. Quando o corpo chegou para o velório, por volta das 14h, o erro foi identificado.

"Vimos logo que não era ele. A mulher da funerária disse que ele estava inchado e podia estar diferente. Afastamos as flores e a camisa era listrada, não era a que pusemos nele, e ele tinha um esparadrapo no pescoço, como se fosse uma traqueostomia", afirmou a filha.

O sepultamento de Seu Luizinho estava a cargo da funerária Morada da Luz, localizada em Santo Amaro, no Centro do Recife. A empresa é dona do laboratório de somatoconservação no qual os corpos ficaram. A empresa Walcaldas, que funciona na Zona Oeste da capital pernambucana, foi contratada para enterrar Júlio Firmino.

Até aquele momento, o paradeiro do corpo de Seu Luizinho era desconhecido, assim como quem era o cadáver entregue à filha dele para ser velado.

Confirmação sobre a troca

Mais tarde, à noite, a funerária Morada da Luz informou à administração do Cemitério de Águas Compridas que o corpo de Seu Luizinho tinha sido velado e enterrado no Cemitério de Santo Amaro por outra família, segundo Lilian Félix. A filha soube do ocorrido por meio da administração do Cemitério de Águas Compridas.

"Disseram que a outra família achou estranho, mas que receberam a mesma informação, de que o corpo estava diferente devido aos procedimentos de conservação", destacou.

A família entrou na Justiça pedindo um alvará para exumação do corpo.

Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na Delegacia de Peixinhos, denunciando a troca dos corpos. Foi aberto inquérito para apurar o caso.

"A família foi furtada do direito de velar o corpo de seu ente querido. Nossa pressa, agora, é para conseguir exumar e poder sepultar Seu Luizinho", pontuou a advogada.

A juíza Isabelle Moitinho Pinto, responsável sobre o caso, emitiu, nesta sexta, despacho solicitando documentos para comprovar a necessidade da exumação.

Respostas das funerárias

A funerária Walcaldas afirmou que a troca dos corpos foi informada à família de Júlio Firmino. O cadáver do homem, até o começo da tarde desta sexta, seguia no laboratório esperando autorização para o sepultamento.

O laboratório e as funerárias enviaram, em nota conjunta, que, "não foi feita a checagem de identificação na hora de saída" durante a retirada do corpo de Júlio Firmino André da Silva, ainda na manhã da segunda-feira (19).

Em razão disso, o corpo de Seu Luizinho "foi conduzido ao para velório popular no cemitério de Santo Amaro, sendo velado pela família de Júlio das 8h às 13h20". A troca não foi percebida durante esse tempo.

Já corpo de Seu Luizinho foi levado ao Cemitério de Águas Compridas na quarta-feira (21). "Ao chegar no local, logo os familiares percebem que não era o corpo do seu parente", afirmaram.

O laboratório acrescentou ainda que notificou os responsáveis e tomou providências para identificação do problema, confirmado por meio de imagens de câmeras de segurança — os vídeos comprovaram a troca dos corpos.

"Ratificamos que a empresa realizou todos os protocolos de identificação dos corpos. Lamentamos profundamente o ocorrido, já estamos oferecendo todo suporte para as famílias e dando os encaminhamentos necessários", completaram.

A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou que o sepultamento realizado na última terça-feira (20) aconteceu conforme "todos os procedimentos adequados, em cova rotatória, inclusive com o acompanhamento da família". Conforme a Emlurb, a família, a princípio, "deveria ter reconhecido o corpo na funerária contratada que prestou o serviço".

A autarquia afirmou que a exumação "só poderá ser realizada mediante ordem judicial".