O influenciador digital e youtuber de games Raulino de Oliveira Maciel, conhecido como RaulZito, foi preso por suspeita de estupro de vulnerável, nesta terça-feira (27). Ele é acusado de abuso a crianças em Niterói (RJ) e São Caetano do Sul (SP). As informações são UOL.
As investigações começaram após denúncias das mães de duas vítimas. O mandado de prisão provisória foi expedido no Rio de Janeiro.
O homem mora em São Paulo, mas foi localizado em Florianópolis (SC). Ele será enviado para o Rio de Janeiro, onde os casos são investigados.
Nas redes sociais, o suspeito aparenta ser um personagem infantil, com roupas coloridas, barba e cabelo pintados, além de estar sempre rodeado de crianças. Ele tem mais de 200 mil seguidores no Instagram.
Modus Operandi
Conforme a Polícia, Raulino atraia crianças de 10 a 14 anos por meio das redes sociais. O perfil das vítimas era de atores mirins de teatro, cinema e televisão, com vários trabalhos realizados e em andamento. Ele foi apresentador de um programa de games no SBT, em 2020.
Segundo o UOL, a investigação aponta que, a mãe de uma das vítimas foi à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) "após ouvir relato de seu próprio filho dos abusos que sofrera desde o mês de fevereiro até meados de maio".
"Outra vítima, também menor de 12 anos, confirmou na sede da DCAV que também sofreu abusos e foram tantas às vezes que ambas não sabem ordenar cronologicamente de que maneira ocorreram", mostra o inquérito policial.
Investigação
O titular da DCAV, Adriano França, pediu a prisão temporária de 30 dias e buscas na casa do suspeito.
A Polícia acredita que o número de vítimas é ainda maior, a se confirmar durante o inquérito policial.
A defesa dele não respondeu aos questionamentos. O SBT informou que Raulino não integra mais o quadro da emissora.
O que fazer em casos de violência contra crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que, caso pais ou responsáveis identifiquem um ou mais dos indicadores listados abaixo, antes mesmo de conversar com a criança/adolescente, procurem ajuda de um especialista.
No caso de adolescentes, há muitas características que são semelhantes às da própria fase desenvolvimento. Por isso que é importante ter avaliação de alguém que é especialista nisso - psicólogo, professor ou pediatra, por exemplo.
Ou ainda, muitas vezes por se sentir culpada, envergonhada ou acuada, a criança/adolescente acaba não revelando verbalmente que está ou que viveu uma situação de abuso. Mas há situações também em que ela tenta contar para alguém e acaba não sendo ouvida.
"Por isso, o principal conselho dos especialistas é sempre confiar na palavra dela. É importante que quando a criança/adolescente tentar falar alguma coisa, que ela se sinta ouvida e acolhida. E, nunca questionar aquilo que ela está contando ou tentar responsabilizá-la pelo ocorrido", orienta a SBP.
Veja os sinais, de acordo com a SBP:
Mudança de comportamento
O primeiro sinal a ser observado é uma possível mudança no padrão de comportamento das crianças/adolescentes, que costuma ocorrer de maneira repentina e brusca. Isso também pode se apresentar com relação a uma pessoa específica, o possível abusador, portanto de fácil percepção.
Por exemplo, se a criança /adolescente nunca agiu de determinada forma e, de repente, passa a agir; se começa a apresentar medos que não tinha antes - do escuro, de ficar sozinha ou perto de determinadas pessoas; ou então mudanças extremas no humor: era ‘super extrovertida’ e passa a ser muito introvertida. ‘Era super calma e passa a ser agressiva’.
Como a maioria dos abusos acontece com pessoas da família, às vezes, apresentam rejeição a essa pessoa, fica em pânico quando está perto dela. E a família estranha. São formas que as vítimas encontram para pedir socorro, e a família necessita ficar atenta.
Em outros casos, a rejeição não se dá em relação a uma pessoa específica, mas a uma atividade. A criança/adolescente não quer ir a uma atividade extracurricular, visitar um parente ou vizinho ou mesmo voltar para casa depois da escola ou frequentar as aulas.
Proximidade excessiva
Apesar de, em muitos casos, a vítima demonstrar rejeição em relação ao abusador, é preciso usar o bom senso para identificar quando uma proximidade excessiva também pode ser um sinal.
Exemplo: se, ao chegar à casa de familiares ou conhecidos, a criança/adolescente desaparecer por horas brincando com um primo(a) mais velho(a) /tio(a)/padrinho(a) ou se é alvo de um interesse incomum de membros mais velhos da família em situações em que ficam sozinhos sem supervisão, é preciso estar atento ao que possa estar ocorrendo.
Nessas relações, muitas vezes, o abusador manipula emocionalmente a vítima que nem sequer percebe estar sendo vítima, o que pode levar ao silêncio por sensação de culpa. Essa culpa pode se manifestar em comportamentos graves, como autolesões.
Regressão
Outro indicativo é o de recorrer a comportamentos que a criança/adolescente já abandonara, mas volta a apresentar de repente. Coisas simples, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo. Ou ainda começar a chorar sem motivo aparente. Se isolar com medo, não ficar perto de amigos, não confiar em ninguém, não sorrir ou usar roupas incompatíveis com o clima - como mangas longas - ou fugir de qualquer contato físico.
Segredos
Para manter o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças de violência física e promover chantagens para não expor fotos ou segredos compartilhados pela vítima. É comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício material para construir a relação com a vítima. É preciso explicar para os filhos que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com adultos de confiança, como a mãe ou o pai.
Hábitos
Uma vítima de abuso também apresenta alterações de hábito repentinas. Pode ser desde um mau desempenho escolar, falta de concentração ou uma recusa a participar de atividades, até mudanças na alimentação (anorexia, bulimia) ou distúrbio do sono.
Questões de sexualidade
As vítimas podem reproduzir o comportamento do abusador em outras crianças/adolescentes. Como exemplo, chamar os amiguinhos para brincadeiras que têm algum cunho sexual ou algo do tipo; ou a vítima que nunca falou de sexualidade começa a fazer desenhos em que aparecem genitais. O uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir às partes íntimas também é motivo para se perguntar onde seu(sua) filho(a) aprendeu tal expressão.
Questões físicas
Há também os sinais mais óbvios de violência sexual que deixam marcas físicas que, inclusive, podem ser usadas como provas à Justiça. Existem situações em que a criança/adolescente acaba até mesmo contraindo infecções sexualmente transmissíveis ou engravidando. Deve-se ficar atento a possíveis traumatismos físicos, lesões, roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais ou anal, roupas rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar.
Negligência
Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus-tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Filhos que passam horas sem supervisão ou que não têm o apoio emocional da família, com o diálogo aberto com os pais, podem estar em situação de maior vulnerabilidade.