Após denúncia de promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro, o juízo da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo transformou em réus oito acusados de envolvimento no desaparecimento dos corpos dos meninos Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique. Além disso, decretou a prisão preventiva de sete acusados. As informações são do O Globo.
O trio foi assassinado por traficantes do Morro do Castelar, em 2020, depois de furtar passarinhos, que pertencia a um familiar de um dos bandidos. Os corpos das vítimas nunca foram encontrados.
Entre os suspeitos que se tornaram réus, está o chefe do comércio de drogas no Complexo da Penha, Edgar Alves de Andrade, também conhecido como Doca. Atualmente, está foragido.
Morte de três réus
Apesar da denúncia, três já estariam mortos, executados no Complexo da Penha por ordem da facção, entre agosto e outubro de 2021.
O gerente de drogas do Castelar, Wiler de Castro Silva, o Stala, e a gerente de cargas sintéticas, Ana Paula da Rosa Costa, a tia Paula, teriam sido mortos pelo tribunal do tráfico porque não avisarem para Doca que as vítimas de tortura eram crianças e moradoras da comunidade.
Tia Paula tinha 44 anos e teria sido responsável por chamar homem para transportar os corpos das crianças em um carro e depois jogar em um rio da região.
Além deles, um dos chefes do tráfico do Complexo Castelar, José Carlos dos Prazeres Silva, o Piranha, também foi assassinado.
Entenda o caso
Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11 e Fernando Henrique, de 12, sumiram no último dia 27 de dezembro de 2020, no Castelar, em Belford Roxo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O comércio de drogas da área controlado pelo traficante conhecido como Piranha.
Oito meses após o triplo homicídio, secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, afirmou que o tráfico de drogas do Castelar foi responsável pelo assassinato das vítimas. As mortes teriam sido motivadas por furto de passarinhos pertencentes aos criminosos.
O secretário contou que um traficante pediu autorização para punir os meninos a líderes da facção criminosa, que estavam presos. A punição foi liberada, mas as lideranças não sabiam que os autores do furto dos animais eram crianças.
Em dezembro de 2021, as famílias criticaram a lentidão na resolução do caso e disseram que a polícia demorou a agir. As mães ouviram de agentes que só poderiam registrar o sumiço 24 horas depois, sendo que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê buscas imediatas.
"Eles demoraram e ainda está demorando, porque o caso do Henry [Borel, 4, espancado e morto em março] em menos de um mês teve resultado. Me sinto humilhada porque não tenho dinheiro, meu filho não é branco", afirmou Tatiana Ribeiro, mãe de Fernando, na época.