Uma diarista, de 44 anos, denunciou ter sido vítima de racismo, nesse domingo (11), após um motorista do aplicativo Uber impedir o embarque dela, em Santos, litoral de São Paulo. Segundo a profissional, o homem saiu bruscamente com o carro após questionar se ela realmente era a passageira.
Me senti culpada por estar de uniforme, [mas] que culpa eu tenho? Sou negra. Tenho certeza absoluta que foi pela minha cor. Ele me olhou e não quis me levar pela minha cor. Me senti muito mal", disse a diarista ao portal G1.
A situação aconteceu após a mulher sair do trabalho. Na ocasião, a chefe dela solicitou a viagem entre o município e a cidade de Praia Grande, onde mora a funcionária. Essa não foi a primeira vez que a empregadora recorria a esse tipo de plataforma para providenciar a condução da trabalhadora. A prática, na realidade, acontece há cerca de quatro anos.
"Todo mundo perguntou se era porque outra pessoa [havia solicitado], mas não, ele sabia. Minha patroa sempre avisa e especifica que é para a funcionária", detalhou à reportagem.
"Fiquei paralisada", diz passageira
Segundo a funcionária, ao sair do prédio ela encontrou um veículo, com as mesmas características indicadas no aplicativo, parado. Então, ela se aproximou e chamou pelo nome do motorista, que abriu o vidro e questionou: "É para você?". Após ela confirmar, ele saiu do local e cancelou a corrida em seguida.
"Fiquei paralisada, pois quando acontece com a gente, a gente fica assim sem reação mesmo. Não tinha motivo."
Depois, a chefe da diarista solicitou outra corrida e enviou mensagens ao novo motorista explicando o que acabara de acontecer. "Já estou avisando por que não quero que ela fique passando constrangimento", escreveu na ocasião.
A profissional não quis registrar um boletim de ocorrência sobre o caso. "Indignada", a patroa compartilhou o relato nas redes sociais. "Como um ser humano pode fazer isso com o outro? Ela [diarista] ficou muito mal. [...] Uma sensação de fracasso, impotência, sabe? De não poder fazer nada. Fiquei em choque porque sou branca. E a gente sempre espera que as pessoas sejam como você [é com as outras]", disse ao G1.
O que diz a Uber sobre o caso
Em nota ao portal, a empresa disse não tolerar nenhuma forma de discriminação e, em casos dessa natureza, encoraja a denúncia tanto através do aplicativo quanto às autoridades competentes. Ela disse se colocar à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei.
Ainda conforme a Uber, a conta do motorista parceiro foi temporariamente desativada, enquanto são realizadas apurações. Além disso, em parceria com o MeToo, a plataforma oferta um canal de suporte psicológico que será disponibilizado à usuária.
Por fim, a empresa ressaltou oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos, além de reafirmar o compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o aplicativo.