A identidade de Clarinha, paciente do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória (ES), virou objeto de nova linha de investigação. A mulher, sem registro oficial, está internada na unidade desde junho de 2000, após sofrer um atropelamento. As informações são do portal G1.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) investiga se a identidade está ligada a um sequestro de uma criança mineira, Cecília São José de Faria. O sumiço ocorreu em Guarapari (ES), em 1976, enquanto a família da garota passeava. A menina desapareceu e nunca mais foi encontrada.
A família mineira aguarda, desde abril, o resultado de um exame genético para saber se Clarinha é, na verdade, Cecília.
Suspeita e exames
Conforme o MPES, uma equipe de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública que atuava em solo capixaba em 2020 soube do caso e pediu autorização para colaborar com as apurações.
Os profissionais usaram processo de comparação facial, além de buscas em bancos de dados de pessoas desaparecidas com atributos físicos semelhantes aos da mulher. A partir das buscas, a equipe chegou ao caso do desaparecimento de Cecília, que tinha um ano e nove meses quando sumiu.
"Para a confirmação das semelhanças físicas entre a menina desaparecida e Clarinha, foi solicitada a realização de exame de reconhecimento facial por uma empresa especializada neste trabalho localizada no Paraná", afirmou o MP em nota.
Ainda segundo o MP, o exame feito pela empresa concluiu existir "compatibilidade" entre as imagens de Clarinha e a da menina sumida em 1976. Em razão disso, o Ministério Público requisitou o perfil genético de Clarinha a um laboratório.
"Após essa coleta mais recente, iniciada com o processo de comparação facial, o MPES enviou o material genético para a Polícia Civil de Minas Gerais, que mantém arquivado o perfil genético dos pais da criança desaparecida em Guarapari", disse o MP, acrescentando que foi solicitada a comparação entre os perfis genéticos e aguarda o resultado dos procedimentos adotados.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que o perfil genético da paciente está em comparação com o Banco Nacional de Perfis Genéticos. "Assim que o procedimento for concluído, os familiares e a imprensa serão comunicados", informou a Corporação.
Acidente de Clarinha
Clarinha foi atropelada em junho de 2000, no Centro de Vitória. Segundo a Polícia, o local e o veículo envolvido no acidente não são exatos. A mulher foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já inconsciente e sem documentos.
Após ser socorrida, a vítima foi levada para o Hospital São Lucas, na capital capixaba, sendo transferida um ano depois para o HPM, onde permanece até hoje na enfermaria.
A paciente recebe, diariamente, a visita de médicos e enfermeiros, procedimento habitual com pessoas nessas condições. O médico tenente-coronel Jorge Potratz, responsável pela paciente, foi quem escolheu o nome pelo qual ela é atualmente conhecida.
“A gente tinha que chamar ela de algum nome. O nome 'não identificada' é muito complicado para se falar. Como ela é branquinha, a gente a apelidou de Clarinha”, comentou ele em entrevista à TV Gazeta, em 2016.
O profissional considera o coma da paciente de grau elevado. “A gente classifica o coma em uma escala de três a 15 pontos. Quinze é o paciente acordado e lúcido, e três é o coma mais profundo", explica, pontuando que Clarinha tem coma considerando "de sete para oito".
"Meu sentimento é de apego. Como se fosse quase uma filha, porque não tem ninguém por ela", relatou Potratz.